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Modelo de streaming atual “coloca a música em risco a longo prazo”; entenda por quê!

A transição da era dos discos físicos para a era do streaming trouxe mais facilidade aos artistas para divulgarem sua música, e ao público para consumi-la. Entretanto, nem sempre são só vantagens.

A indústria da música cresce cada dia mais com os investimentos aplicados em grandes gravadoras. Porém, nesse contexto, intérpretes, compositores e artistas independentes acabam sendo prejudicados dentro das plataformas de streaming.

O relatório da pesquisa Economics Of Music Streaming, realizado pelo comitê de seleção do Departamento de Digital, Cultura e Mídia (DCMS), do Reino Unido, vem examinando o modelo de negócios realizados na música desde o ano passado.

A pesquisa procura analisar se o modelo atual é justo ou não para compositores e intérpretes. Os dados divulgados esse mês pelo comitê mostram que esse sistema pode apresentar algumas ameaças ao futuro da música.

streaming música
Foto: Reprodução

Mas por que o streaming atual coloca o futuro da música em risco?

Isso acontece basicamente por favorecer as grandes empresas como gravadoras e as próprias plataformas de streaming. Isso acaba deixando em segundo plano o lucro dos próprios artistas responsáveis pela composição, produção e interpretação das músicas.

Os levantamentos da pesquisa mostraram que £ 1 bilhão foi a receita gerada a partir de um fluxo de 114 bilhões de streams em 2020 no Reino Unido. Entretanto, os artistas tem direito a somente 13% da receita gerada por suas músicas. Sem dinheiro suficiente, não há como investir em futuros trabalhos, colocando essa arte em risco.

“Os problemas que examinamos refletem de forma profunda e fundamental alguns problemas de estrutura da indústria da música gravada.”, explicou Julian Knight, presidente do Comitê DCMS. “Temos preocupações reais sobre a forma que o mercado está operando, com plataformas como o YouTube capazes de ganhar uma vantagem injusta sobre competidores, enquanto o setor independente da música luta para combater a dominância das grandes gravadoras.”, completou.

Alguns grandes nomes como Paul McCartney, Chris Martin, Kate Bush, Damon Albarn, Noel Gallagher e Wolf Alice assinaram uma carta aberta ao primeiro-ministro Boris Johnson, pedindo ajuda para reformar a economia de streaming. Eles afirmaram também que muitos colegas preferem não falar sobre o assunto para não perder o apoio das gravadoras e serviços de streaming.

Foto: Reprodução

O que pode ser feito para melhorar a situação?

O relatório aponta que a indústria precisaria passar por uma completa restruturação para suprir o “retorno lamentável” recebido pelos músicos. Por isso, o apoio do governo é fundamental no processo de valorização do trabalho dos artistas.

Algumas das medidas de solução sugeridas pelo relatório são:

  • O governo deve legislar para que os artistas tenham direito a uma remuneração equitativa a receita gerada pelo fluxo de streams;
  • Deve também encaminhar o caso para as Autoridades de Concorrência e Mercado para realizar um estudo de mercado profundo e completo sobre o impacto econômico do domínio dos grandes grupos da indústria;
  • O governo deve introduzir obrigações robustas e legalmente aplicáveis para normalizar acordos de licenciamento para serviços de hospedagem de conteúdo, a fim de lidar com as distorções de mercado e a ‘lacuna de valor’ no streaming de música.

“Isso não é sobre dar mais dinheiro para músicos ricos. Essa mitologia deveria estar morta há muito tempo. Trata-se de preservar um tesouro nacional para o futuro: nosso extraordinário e diverso talento musical britânico.”, pontuou Tom Gray, criador da #BrokenRecord e integrante da banda Gomez. A campanha foi criada para buscar esses direitos para músicos e compositores.


Uma pesquisa realizada em 2020 pela YouGov, em nome da campanha BrokenRecord, mostrou que 77% dos fãs de música entrevistados acreditam que os artistas merecem receber mais pelos trabalhos nos streamings. Qual sua opinião sobre o assunto? Compartilha com a gente no Twitter!

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