Por Gabriel Haguiô e Luciana Lino – Embora o rock esteja em baixa no mercado musical, podemos dizer que o tempo passou muito bem para algumas bandas – e o The Smashing Pumpkins é um dos melhores exemplos. Em atividade desde os anos 80, os norte-americanos se mantiveram influentes com o passar das gerações e se tornaram uma verdadeira força do rock alternativo.
O público presente no último domingo (3) no Espaço Unimed, em São Paulo, está de prova: acompanhado de uma multidão de fãs, o show do Smashing Pumpkins em São Paulo reuniu os principais sucessos de seu repertório em uma noite enérgica e marcada por nostalgia e celebração.
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Vitalidade marca show de The Smashing Pumpkins em São Paulo
Esse foi o primeiro retorno da banda ao país em nove anos – em 2015, eles integraram o line-up do Lollapalooza Brasil no mesmo dia que Pharrell Williams. A apresentação em São Paulo foi precedida por um animado show em Brasília na última sexta (1º) e que deu um gostinho aos fãs paulistas do que estava por vir. Ambos os shows, oriundos da turnê “The World Is A Vampire“, foram organizados pela Balaclava Records.
Após a abertura do Terno Rei e com 10 minutos de atraso, a banda foi recebida sob fortes aplausos. O repertório em relação ao show anterior não teve tantas novidades – assim como na Capital Federal, eles abriram a noite com “The Everlasting Gaze”, do álbum “Machina/The Machines of God” (2000), seguido de “Doomsday Clock”, do disco “Zeitgeist” (2007).
Após os primeiros acordes de “Today”, canção de 1993 e uma das mais emblemáticas do grupo, os fãs estavam entregues: a música foi recebida com coros altíssimos da plateia, o que deixou clara a força atemporal da banda e sua proximidade com o público.
Today
— Bruna – Tarot 💜 (@sereiadosertao) November 4, 2024
Smashing Pumpkins – São Paulo – Espaço Unimed 03/11/2024
Nota: Neste momento e em poucos outros, tinha pessoas fazendo vídeos curtos, como eu. Mas num geral, pude ver que a maioria estava mais curtindo muito o show. Teve uns momentos que olhei e eram raros celulares 🙌❤️ pic.twitter.com/UK4r09fOuJ
Ao longo dos anos, o Smashing Pumpkins se acostumou em encantar multidões – e nessa tarefa, o vocalista Billy Corgan possui maestria. Apesar de poucas trocas durante a apresentação do Smashing Pumpkins em São Paulo, o frontman demonstrou simpatia em suas breves interações e não economizou na potência entregue durante a performance. Ao fim de “Tonight, Tonight”, do emblemático “Mellon Collie and the Infinite Sadness” (1995), o cantor aproveitou os coros para brincar com o calor da audiência, puxando palmas e gritos para a banda em um dos momentos mais emblemáticos da noite.
O carisma da banda não está só em Billy. O guitarrista James Iha foi responsável não só por solos bem definidos, mas também por seu bom humor demonstrado em diferentes momentos, tal quando Corgan contou ao público que James assistiu à corrida da Fórmula 1 em São Paulo e rendeu algumas piadas sobre o nome do piloto vencedor, Max Verstappen. Ao apresentar os demais integrantes, o guitarrista também divertiu os fãs com simpatia e ânimo – sem contar ao final da apresentação em que assumiu os vocais principais durante a apresentação do cover de “Ziggy Stardust”, de David Bowie.
É muito interessante, inclusive, acompanhar como os músicos da banda se complementam sobre o palco. Era impossível deixar de notar a química entre James e a nova guitarrista, Kiki Wong, que davam ainda mais energia às canções com seus riffs distorcidos e estridentes. O baterista Jimmy Chamberlin também merece destaque, com direito a um solo de bateria ao longo da apresentação.
Uma das principais características do repertório ao vivo do Smashing Pumpkins é a sua facilidade em alternar entre a catarse e o intimismo. Em um dos trechos mais bonitos do show, Billy Corgan apresentou dois covers sozinho sobre o palco: “Landslide”, do Fleetwood Mac, e “Shine On, Harvest Moon”, de Ruth Etting. Em seguida, os riffs do clássico “Bullet With Butterfly Wings” (1995) ecoaram pelo Espaço Unimed, tornando a sintonia entre banda e audiência ainda mais evidente.
Entre os momentos mais marcantes da noite, a apresentação de sucessos como “1979” e “Zero”, ambos do “Mellon Collie and the Infinite Sadness”, levou o público ao êxtase, energia que foi amplamente retribuída pela banda. Não à toa, Billy Corgan compartilhou em suas redes sociais que o show em São Paulo foi um dos melhores da história do Smashing Pumpkins. Certamente, quem estava no Espaço Unimed concorda com a afirmação.