Após ter início com diversas performances eletrizantes em seu primeiro dia (confira o nosso resumo das principais atrações da primeira metade do festival por aqui), a edição brasileira do Lollapalooza desse ano se encerrou neste domingo (26) com mais apresentações grandiosas.
The Strokes e The Weeknd, tal como já era apontado, foram as principais atrações do dia, encerrando as atividades nos dois maiores palcos do evento. Contudo, shows de nomes como Two Door Cinema Club, Duran Duran e Catfish And The Bottlemen também se destacaram fora do horário nobre.
Confira nosso resumo sobre o segundo dia do Lollapalooza Brasil 2017:
PALCO SKOL:
THE STROKES
O The Strokes fez um show um pouco fora do clima de festival. Hits como “Reptilia” e “Last Nite” levantaram o Palco Skol, mas também acalmaram os ânimos quando tocaram canções mais novas, como “Drag Queen” e “80’s Comedown Machine”. Quem foi, sentiu falta dos sucessos “You Only Live Once” e “Under Cover Of Darkness”, mas os fãs da “velha guarda” gostaram de “Trying Your Luck” e “Electricityscape” em seus lugares.
Grande parte do repertório do grupo, aliás, foi voltado para o seu trabalho de estreia, “Is This It”. Ao todo, nove canções do setlist foram extraídas do simbólico disco de 2001, considerado “o álbum que salvou o rock”, e provocaram saudades entre o público da geração passada.
De resto? O simpático e carismático Julian Casablancas falou bastante, tanto sobre mulheres brasileiras quanto sobre as raízes dos membros da banda com o nosso país; o baterista brasileiro Fabrizio Moretti aproveitou o momento para mandar um “e aí galera”. Foi um bom show para quem esperava (re)ver os Strokes por aqui, mas eles bem que podiam voltar logo para mostrar mais.
Os sucessos dos discos antigos como “What You Know”, “Cigarettes In The Theatre”, “Next Year” e “Sleep Alone” foram acompanhados por palmas da animada plateia, que pulou em todos os momentos – até nas mais novas do disco “Gameshow”, como as já abraçadas “Are You Ready? (Wreck)” e “Lavender”.
A banda norte-irlandesa ainda atraiu um fã inusitado: o ex-jogador e futebol Ronaldo Nazário de Lima apareceu de surpresa no telão, o que fez o público levantar um grande coro. Mais uma prova do quão inusitado e surpreendente um festival tão variado como o Lollapalooza pode ser.
Não havia um público muito grande quando o Jimmy Eat World começou a tocar no palco Skol. Pela primeira vez em solo brasileiro, a expectativa era de que a banda tivesse boa interação com a plateia para arrebanhar novos fãs. Porém, não foi isso o que aconteceu: Jim Adkins trocou poucas palavras e mostrou um baixo alcance vocal. Os poucos fãs entre a legião de curiosos cantaram juntos “Work”, “Hear you me”, “Pain” e “The Middle”. Canções do disco novo, “Integrity Blues”, também fizeram parte do repertório.
Apesar de não contar com um público tão grande, Céu derramou sua energia positiva pelos presentes no show que deu início à programação de domingo no Palco Skol. Possivelmente no melhor momento de sua carreira, a cantora, a única brasileira no festival, deu destaque às faixas do duplamente indicado ao Grammy Latino “Tropix”, que deram um novo tom à apresentação e fascinou a quem ouviu.
PALCO ONIX:
THE WEEKND
O Palco Onix do Lollapalooza ficou pequeno para o The Weeknd. O astro arrastou uma multidão que parecia não ter fim para acompanhar um show excepcional em que ele mostrou todo o seu talento vocal, a grande simpatia e uma enorme qualidade ao vivo nos sucessos apresentados, como as mais recentes “Starboy” e “Six Feet Under” e as absolutas “Can’t Feel My Face” e ‘The Hills”. Digno de uma estrela do hip hop mainstream.
Assim como já era esperado, o repertório estava bastante dividido entre o trabalho mais recente do cantor, “Starboy”, e o seu antecessor, “Beauty Behind The Madness”, além de duas faixas resgatadas de sua aclamada trilogia de mixtapes “Trilogy”. Revisitando boa parte de sua discografia, The Weeknd mostrou sua versatilidade ao transitar de sua atual sonoridade sintética ao R&B que caracterizou o início de sua carreira.
Impressionado com o público brasileiro, Abel Tesfaye não só agitou e colocou todo mundo para pular como também fez o mesmo de canto a canto do palco. A estrutura também impressionou, contando com telões que mesclavam a filmagem do canadense e imagens com cores fortes que deram ainda mais vida à apresentação.
DURAN DURAN
Diante de diferentes gerações de espectadores, o Duran Duran realizou uma das melhores e mais simbólicas performances deste domingo. Liderados pelos vocais inspirados de Simon Le Bon, a banda estasiou o público e mostrou a mesma boa forma de suas outras quatro vezes no Brasil.
O grupo britânico – que, devido à magnitude da apresentação, merecia um melhor espaço dentro do horário nobre – passeou por toda a sua discografia em pouco mais de uma hora no palco e enfileirou vários de seus grandes hits dos anos 80 em seu setlist, como “The Wild Boys”, “Hungry Like The Wolf”, “A View To A Kill”, “Notorious” e “Ordinary World”, que foi reforçada pela participação surpresa da cantora brasileira Céu. Vale lembrar também de “Rio”, que encerrou o concerto com uma grandiosa explosão de confete.
Nostálgico e muito bem conduzido, o espetáculo do Duran Duran conseguiu prender à todas as idades que acompanhavam energeticamente a antológica apresentação e representou bem o clima de diversidade do Lollapalooza com uma plateia aglomerada entre várias décadas.
CATFISH AND THE BOTTLEMEN
Que guitarra! Que voz! Que som! Ficamos atônitos com o barulho de Catfish And The Bottlemen, uma banda relativamente nova do cenário do indie rock que conquistou o público com a ótima presença de palco do vocalista Van McCann, que pulava, batia o cabelo e arrasava na guitarra.
Mesmo com uma carreira curta, os galeses, tidos como uma das salvações do rock britânico nesta década, contaram com uma plateia fiel e fervorosa de fãs no primeiro show internacional do Palco Onix neste domingo, que também foi um dos mais extrovertidos do dia.
Misturando canções de seu álbum de estreia com as de seu último trabalho, “The Ride”, o grupo exibiu bastante personalidade e foi acompanhado de perto pelo público que se alargava pelo autódromo, com destaque para faixas como “7” e “Cocoon”.
PALCO AXE:
FLUME
Flume teve a árdua tarefa de performar no mesmo horário que The Strokes e Martin Garrix, nomes que formaram multidões nos palcos Skol e Perry’s, respectivamente. Entretanto, o produtor australiano conseguiu atrair um bom aglomerado de fãs e curiosos e certamente muito agradou à sua plateia.
Com arranjos eletrônicos um tanto quanto exóticos em relação ao EDM que domina o atual cenário musical mainstream, Flume transformou o Palco Axe em uma grande pista de dança e envolveu bem todos os presentes, desde a sua pequena, porém fiel base de fãs até os espectadores mais curiosos à procura de novas descobertas.
MELANIE MARTINEZ
O show de Melanie Martinez começou a arrasar já na montagem do palco. Diferente de muitos artistas, a cantora trouxe um cenário com armário, urso, blocos de montar e até mesmo um berço!
“Cry Baby”, faixa-título de seu álbum de estreia e de sua mais recente turnê, foi a primeira a ecoar pelo palco Axe, já deixando os fãs de todas as idades ali presentes cantando com todo o ar de seus pulmões.
A performance passou por músicas como “Dollhouse”, “Alphabet Boy” e “Soap”, surpreendendo com a falta de seu último single, “Pacify Her”, no setlist. O ponto alto do show foi o final de “Tag, You’re It” e “Milk and Cookies”, onde rolou uma encenação que lembrava a do videoclipe da canção, com direito a briga com o lobo mal e tudo!
MØ
Com um pouco de atraso, MØ entrou no Palco Axe no fim da tarde deste domingo com sua banda e entregou uma apresentação altamente enérgica e vibrante.
A cantora trouxe “Don’t Wanna Dance” como primeira música, uma grande contradição já que os fãs se amontoavam enquanto dançavam e tentavam conquistar um lugar mais próximo ao palco. A dinamarquesa estava muito animada e quando não estava agradecendo o público, estava se jogando nas pessoas amontoadas na grade.
“Kamikaze” e “Final Song” foram as mais cantadas pelo público, que apesar de não conhecer todas as músicas, não ficou parado em nenhum momento. Pra encerrar, “Lean On” foi cantada aos berros por todos, inclusive MØ, com suas voz e energia invejáveis.
SILVERSUN PICKUPS
O Silversun Pickups fez seu primeiro show no Brasil, e não fez feio. A banda, não muito conhecida por aqui, chamou atenção dos brasileiros pela simpatia – especialmente a do vocalista Brian Aubert e a da baixista Nikki Monnager, além da forte presença do baterista Chris Guanlao. O frontman arriscou o português e elogiou o público, que, recíproco, bateu palmas para acompanhar a apresentação. Um ponto interessante: a voz de Aubert é bem parecida com a sua apresentada em estúdio, o que, com certeza, lhe são mais pontos a favor.
VANCE JOY
Vance Joy subiu ao Palco Axe no início da tarde servindo como alternativa ao show do Catfish And The Bottlemen, e acabou por encantar aos presentes com seu talentoso folk rock e seu inapagável carisma. Acompanhado de um público surpreendentemente grande, o australiano segurou a plateia com um repertório inteiramente baseado em seu disco de estreia, “Dream Your Life Away”, do qual retirou músicas como “Mess Is Mine”, “Georgia” e o seu maior hit, “Riptide”.
Além dos três palcos principais do Lollapalooza, no Palco Perry’s também não faltaram destaques. Em maior parte formada por grandes nomes da música eletrônica, a programação do palco foi encerrada com um set de Martin Garrix, principal representante do EDM neerlandês na indústria fonográfica e um dos mais populares DJs do mundo que carrega sucessos como “In The Name Of Love” e “Scared To Be Lonely”, parcerias com Bebe Rexha e Dua Lipa, respectivamente.
Ao longo do dia, artistas como NERVO e Oliver Heldens dividiram a estrutura do Perry’s junto à nomes como GRiZ e Borgore e os brasileiros Chemical Surf, Illusionize e Gabriel Boni.
O segundo e último dia da edição brasileira do Lollapalooza atraiu cerca de 90 mil pessoas ao Autódromo de Interlagos, quebrando o recorde de público da história do evento e fechando com chave de ouro um festival mais um ano marcado por grandiosas apresentações dos mais diferentes gêneros para os mais diferentes públicos.