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Opinião: Olimpíadas 2020 são marcadas pela equidade de gênero

Rebeca Andrade. Foto: Reprodução/Instagram/@rebecarandrade

Pela primeira vez na história, os amantes das Olimpíadas se depararam com forte presença da equidade de gênero. Neste ano, os Jogos se dividiram quase que de maneira igualitária entre homens e mulheres. De todos os atletas envolvidos no evento, 49% são do sexo feminino. Mas nem sempre foi assim.

A primeira participação feminina na história dos Jogos foi em 1900, onde apenas 22 mulheres, que representavam pouco mais de 2% do total dos participantes, puderam competir. Era a segunda olimpíada da era moderna e essas 22 pioneiras se dividiram em apenas três modalidades. Porém, para as atletas brasileiras, essa espera foi mais longa ainda.

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Apenas na nona edição dos jogos, no ano de 1920, na Antuérpia, a lendária nadadora brasileira Maria Lenk fez sua estreia nos jogos e se tornou a primeira mulher brasileira a participar de uma Olimpíada. Entretanto, com todo esse atraso no desenvolvimento do esporte feminino no país, a primeira medalha conquistada por uma mulher só veio em Atlanta, 1996.

Maria Lenk, pioneira na disputa das mulheres nos Jogos Olímpicos.
Maria Lenk. Foto: Hall of Fame da Natação Brasileira

Representatividade é marco da equidade de gênero nas Olimpíadas

O esporte, quando praticado por mulheres, sempre teve o seu desenvolvimento preterido para que o desenvolvimento do mesmo esporte praticado por homens fosse a prioridade. Pudemos observar essa questão em várias modalidades presentes nos Jogos Olímpicos.

O esporte queridinho do Brasil, o futebol, é um exemplo disso. Enquanto ainda caminhamos para a melhoria da estrutura e de tudo que envolve o futebol praticado por mulheres, os homens estão bem à frente – podemos dizer que pelo menos uns 40 anos de desenvolvimento a mais.

Isso fez com que mais de uma geração de mulheres que poderiam se tornar grandes jogadoras não tivessem, além de estrutura, alguém para se espelhar. Felizmente, hoje muitas mulheres podem dizer que se espelham em Martas, Formigas e tantas outras.

Marta, a Rainha do futebol, disputou os Jogos Olímpicos pela última vez
Foto: Reprodução/Instagram (@martasilva10)

E é por isso que a maior participação feminina da história dos Jogos Olímpicos é importante. Uma geração de meninas será inspirada e poderá de alguma forma se enxergar nessas atletas.

Sucesso de brasileiras

Além de uma maior presença feminina nos Jogos como um todo, essa é a delegação brasileira com o maior número de mulheres também. E podemos ver o reflexo disso nas medalhas conquistadas pelo Brasil.

Das quatro medalhas de ouro conquistadas até aqui, três foram por mulheres: na ginástica, com Rebeca Andrade; na vela, com Martine Grael e Kahena Kunze; e na maratona aquática, com Ana Marcela Cunha. E no que diz respeito ao número geral, temos também, até o fechamento deste texto, as medalhas de Rayssa Leal (prata) no skate; mais uma de Rebeca Andrade (prata) na ginástica; de Mayra Aguiar (bronze) no judô; e da dupla Luisa Stefani e Laura Pigossi (bronze) no tênis.

Essas meninas fizeram história, cada um no seu esporte. Mas também ajudaram a inspirar uma geração de meninas que sentem que, como elas, também é possível fazer parte do esporte, e de qualquer esporte.

A expectativa do COI (Comitê Olímpico Internacional) é que, em Paris 2024, a participação entre homens e mulheres seja 50/50. Para quem começou com anos de desvantagem, é um passo importante para que cada vez mais mulheres ocupem um espaço que há muito lhe foi negado, mas que é seu por direito.

Rebeca Andrade. Foto: Reprodução/Instagram/@rebecarandrade

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