Zac Farro é o clássico exemplo de “garoto prodígio”. Aos 14, o menino de New Jersey – mas criado no Tennessee – já havia sido o protagonista da bateria do álbum All We Know Is Falling, disco percussor da sua primeira banda – e que foi um dos fundadores – Paramore.
É impossível desassociar a carreira musical de Zac a de seu irmão (o guitarrista/vocalista Josh Farro). Depois de um período turbulento ambos após 6 anos, deixaram a banda.
Aproximadamente 4 anos após a “tempestade”, Zac finalmente mostra ao mundo que é alguém mais do que “o cara atrás da bateria”. Logo após sua saída do Paramore, Farro iniciou um projeto solo, que num primeiro momento contava com a ajuda de seu amigo de longa data Jason Clark. Alguns rumores de que o projeto se chamaria “Tunnel” existiram, porém o nome HalfNoise foi adotado pelo duo. Músicas como “Erase Me” e “Don’t Lie To Me” foram o projeto piloto desse novo passo que Zac havia dado na música.
O grande diferencial dessa nova fase, era que Zac mais do que nunca se firmara na música querendo explorar o que tinha de melhor a oferecer. Dessa vez, a frente dos vocais e mostrando sua face como o próprio compositor de suas canções.
Para os fãs de Zac, tal atitude foi um passo de fato muito ousado, mas que teve uma excelente repercussão pela grande maioria deles. No ano seguinte (2012) e já sem Jason como parte integrante do trabalho, foi iniciada a produção do primeiro EP do projeto que contou com 5 músicas. Em seguida, o HalfNoise começou uma divulgação pacata de suas músicas abrindo shows da banda ( que também é de Nashville) Paper Route. HalfNoise, diferentemente do Paramore nunca soou como um rock genuíno. O novo trabalho do baterista – e agora mais do que nunca, também, vocalista- permeia as nuances do indie alternativo mostrando um lado mais intimista e profundo da visão de Zac sobre seus sentimentos.
Com o passar do tempo, Farro se firmou com mais intensidade a frente de sua música, porém algo faltava: o primeiro disco. Tendo em vista tudo o que aconteceu e que estava acontecendo, Zac mudou-se “de mala e cuia” para a Nova Zelândia e se instalou por 7 meses na casa de um amigo para a produção do seu primeiro disco “Volcano Crowe”. O próprio músico afirmou que tal mudança foi fator fundamental para a inspiração que ele necessitava para construção do novo álbum.
O trabalho é produzido por Daniel James e conta com a participação fundamental – do também amigo – Rowan Crowe. Crowe além de ter gravado múltiplos instrumentos do disco, foi o responsável por abrir as portas de sua casa para Zac e Daniel, que se transformara em um literal home studio.
Mês após mês o álbum criou forma e foi finalizado. Em Maio desse ano, foi lançado o primeiro vídeo clipe do novo disco. A música escolhida foi “Mountain” que conta com um contexto lírico peculiar que é transladado pelo cenário do vídeo. Diferentemente do EP, essa nova fase de Zac está mais consolidada, e é visível apenas por uma breve apreciada ao vídeo, o grande progresso musical que sua carreira adquiriu como artista solo.
Duas semanas antes do lançamento oficial do álbum (30 de Setembro), um segundo clipe foi lançado. Dessa vez “Hurricane Love” foi a faixa escolhida. Com influências evidentes de bandas como Radiohead e Coldplay, essa canção traduz literalmente a intensidade dos sentimentos expressos por Farro. O vídeo de Aaron Joseph, mostra em sua composição cenas de um show ao vivo da banda na Nova Zelândia.
Oficialmente lançado há um mês, Volcano Crowe conta com 12 músicas que traduzem um sentimento tão genuíno que é o típico álbum pra chamar de “SEU”. O prelúdio do disco, é firmado por uma faixa instrumental que é logo seguida por “Coast”, canção que tem um arranjo de piano e cordas bem engajados.
O desenvolver do disco se dá por “Mountain” e “Hurricane Love”, faixas citadas anteriormente e que são marcas desse novo processo. “1×1” por sua vez, é de longe uma das fortes candidatas a “queridinha” do disco. Baseada em uma letra simplista, porém muito realista a música é levada por uma melodia muito confortável e acolhedora. “Fire You Set” é uma das novidades melódicas do disco com seu arranjo de harpa, e trilha por um momento de tensão que o cd expressa. “Your Ghost” é o tipo de som que ultrapassa as leis da metafísica e denota uma total leveza em cada nota entoada por Zac, pacífica, serena.
Antecedendo “Helicopter” um interlúdio comprime o disco, como se iniciasse um novo capítulo na própria história. “Helicopter” é conduzida por uma sequência originária e marcante do que Zac tem como baterista, porém num contexto mais contemporâneo e dinâmico.
As três últimas do álbum “Swim/Bird”, “All Sides” e “Tapes” (nessa ordem) finalizam o enredo dessa grande obra que o Volcano Crowe é. Zac Farro provou ao mundo, mesmo que indireta e involuntariamente o músico completo que é, e que para ele um cenário musical limitado não existe. Com grandes evoluções líricas e vocais, Farro dia após dia mostra que nunca “brincou de fazer música”. É impossível escutar esse disco sem se emocionar e sem ter a plena certeza de que Zac tem muito mais a oferecer sendo um artista versátil. “VC” certamente é o primeiro degrau de uma carreira sólida.