O francês Yoann Lemoine tem um currículo de dar inveja. O produtor, diretor, músico e designer, mais conhecido pelo pseudônimo Woodkid, é renomado por dirigir videoclipes como “Born To Die”, de Lana Del Rey, “Sign Of The Times”, de Harry Styles, e “Teenage Dream”, de Katy Perry.
Mas além de produzir trabalhos incríveis para artistas de extrema importância no cenário atual, Lemoine também tem o seu próprio projeto musical. Em 2013, ele lançou o álbum “The Golden Age”, que conta com músicas como “Run Boy Run”, cujo vídeo, dirigido por ele próprio, foi indicado para o Grammy Awards de 2013.
Sete anos depois, é hora de escrever mais um capítulo na sua renomada trajetória no mundo da música. Em 2020, Lemoine (ou Woodkid) vai lançar o seu segundo álbum – não se sabe quando, para que seus fãs “sejam surpreendidos”, segundo o próprio em entrevista para o Tracklist. Mas o músico garante: será um álbum cheio de emoções e mais maduro.
Pelo menos, podemos ter uma prévia de sua nova fase com o lançamento do vídeo de seu novo single, “Goliath”. Filmado antes da pandemia do novo coronavírus, o clipe é uma verdadeira produção cinematográfica. A canção faz parte de um trabalho que, segundo Lemoine, “quer alimentar a música com muita esperança”, ainda mais em um momento delicado para a humanidade.
Em um bate-papo otimista, mas bastante íntimo, também conversamos sobre as diferenças entre o seu novo trabalho e o antigo, como é possível ser criativo diante de uma pandemia e quais são os seus planos após a volta da normalidade.
Entrevista com Woodkid
Tracklist: Você pode nos contar um pouco sobre o seu novo vídeo “Goliath”? É um vídeo muito poderoso. O que ele realmente significa?
Eu acho que está aberto para interpretação. Eu comecei essa música querendo falar sobre a pequenez dos humanos de frente com o que é enorme, colossal. Talvez “Goliath” é sobre se questionar, talvez sobre os desafios do meio ambiente, ou talvez sobre a ascensão da extrema direita ao redor do mundo o então apenas falhando nos relacionamentos… Sinceramente eu não acho que tenha uma resposta e eu quero que as pessoas façam dessa música e desse álbum, algo deles. Tudo o que eu sei é que esse mundo que estou tentando criar ao redor da minha música é um mundo onde o dominado, o pequeno, o frágil pode vencer a fera, pode derrotar o Golias.
Você acha que nós podemos relacionar isso com a época em que estamos vivendo?
Eu definitivamente penso que nesse álbum eu me alinhei mais com o mundo ao meu redor. Talvez esse álbum é menos uma fantasia e mais um comentário. Apesar dessa textura distópica, estou tentando construir um trabalho onde eu também quero alimentar a música com muita esperança. Eu penso que a escolha do nome “Goliath” para aquele single que realmente mostra esse desejo.
Esse foi seu primeiro lançamento depois de anos. Qual é a diferença entre “Goliath” e as canções passadas?
Penso que é muito mais complexo na produção. É provavelmente o uso da orquestra que é um pouco mais indecente, um tanto quanto ambíguo. Eu lembro quando comecei a trabalhar nessa música mencionei que queria que todo som fosse corroído por ácido, alterado, desconstruído. Acredito que a ideia de contraste, silêncio e dinamismo são mais presentes na minha sonoridade atual.
O que nós podemos esperar do seu novo álbum?
Eu não quero falar muito sobre ele, porque quero que meus fãs sejam surpreendidos, mas acredito que é um trabalho muito denso e cheio de emoções. Muito intimista e ao mesmo tempo bastante honesto. De certa forma o que quero dizer parece mais real. É mais sensual e provavelmente mais maduro.
Como você está lidando com o isolamento? Você acredita que é possível pensar sobre criatividade agora?
Na verdade, eu estou bem. Sou sortudo e privilegiado porque eu tenho todas as coisas que preciso para viver minha quarentena se nenhuma dor. Apenas os meus pensamentos que são um pouco confusos às vezes, porque me sinto muito preocupado com o mundo e as pessoas que não tem essa chance. Eu acredito que estou tentando me manter bem ocupado. Na realidade tenho muito trabalho com a promoção desse projeto e eu acho que a criatividade nunca deveria parar e muito menos em tempos como esses, onde artistas deveriam ser veículos de entretenimento mas também de reação política.
Após esse momento difícil, você pode nos contar quais são seus planos?
Estou sonhando em estar em turnê novamente e no palco, na frente dos meus fãs dando para eles a melhor experiência possível. Espero que depois disso tudo nós vamos valorizar esses momentos ainda mais, talvez colocando nossos celulares nos nossos bolsos durante shows, durante jantares com amigos e talvez trabalhar um pouco na rematerialização das coisas e das emoções.