No último mês, a cantora e compositora Pris apresentou seu álbum de estreia, “Multidimensional”! Com oito faixas, que misturam inglês e português, o projeto é fruto de um período de aprofundamento das produções e construção de maturidade da artista.
Produzidas por Guto Guerra, as canções cantadas pela paulistana carregam influências de artistas como Tom Misch, Mac Miller, Masego, FKJ, Billie Eilish, Halsey e Anderson .Paak. O resultado é um trabalho que mescla MPB e jazz ao hip hop e lo-fi.
Em entrevista recente ao Tracklist, Pris comentou sobre a produção do álbum “Multidimensional”, além de compartilhar seus planos para o próximo ano, entre outros assuntos. Confira abaixo!
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Entrevista: Pris fala sobre o álbum “Multidimensional” e mais
Você lançou, recentemente, o seu primeiro álbum autoral, intitulado “Multidimensional”. Como você avalia o atual momento da sua carreira?
“Me sinto muito realizada com o lançamento do álbum e com o contexto geral da minha carreira nesse momento. Agora, chegando ao final do ano, eu fiz um inventário de tudo o que me propus a realizar em 2024 e foi muito bom ver que tudo o que eu havia definido, de fato aconteceu, de forma até melhor do que eu esperava. Esse álbum começou a ser concebido no início de 2023, então foi uma longa jornada, mas posso dizer que eu aproveitei cada minuto dela. Me senti muito presente em todas as etapas, desde a concepção do álbum até o lançamento, e eu acho que é isso que torna o momento tão especial”.
“Não foi algo que eu defini como objetivo e só me senti satisfeita ao realizar; foi algo pelo qual eu me apaixonei pelo processo e por isso vivi o sentimento de realização durante todo ele. Acho que foi justamente isso que fez o sentimento perdurar – o fato de eu não ter condicionado a minha felicidade apenas ao resultado final. Espero que isso seja o início de um padrão na forma de me relacionar com a minha carreira”.
E como você chegou ao conceito do álbum? Quais foram os pensamentos por trás dessa construção?
“Se eu tivesse que construir uma linha do tempo de como cheguei nesse conceito, eu diria que tudo começou em 2017, quando eu tive uma intolerância alimentar bem forte para a qual não encontrei solução através dos métodos chamados convencionais. De forma resumida, fui apresentada à BEM School e ao tratamento do B.E.M. – que é uma técnica revolucionária de Medicina Bioenergética que trata o corpo a nível mental, emocional e físico – com a qual eu me curei completamente em pouco tempo. Durante esse processo aprendi que, se eu entendesse um pouco melhor sobre o funcionamento do meu corpo e como gerenciar meu estado emocional, minha vida e saúde poderiam melhorar. E aí eu me apaixonei pelos estudos de desenvolvimento humano, autoconhecimento e evolução da consciência, que andam lado a lado com essa gestão mental e emocional”.
“Virei uma estudante ávida e até profissional dessa técnica, e ao longo desses anos de estudo eu me deparei com o ensinamento de que somos seres que transcendem as dimensões do espaço e do tempo pelo simples fato de possuirmos uma consciência que nos permite ter perspectiva de nós mesmos; diferentemente dos outros seres vivos, que não agem por escolha, mas por instinto. Nós somos capazes, se exercermos o nosso livre arbítrio, de atribuirmos a percepção e o significado que quisermos aos acontecimentos de nossas vidas. Podemos enxergar algo apenas como um problema, por exemplo, ou podemos nos propor a buscar outros ângulos, para que aquilo se torne muito mais: um aprendizado, uma oportunidade de crescimento ou de mudança de rota, um convite para evoluirmos como pessoa… Cada novo ângulo que conseguirmos enxergar de uma mesma situação é como se fosse uma nova dimensão que temos acesso. Nas minhas músicas eu trago muito dessa visão sobre a vida, e por isso o nome ‘Multidimensional'”.
O disco carrega muitas referências de artistas e diversos gêneros. Mas qual você diria que é o seu principal ídolo na música – sua principal inspiração?
“Eu cresci tendo Rolling Stones como minha banda preferida e, por motivos afetivos, acho que sempre terão esse peso. Porém, com o tempo, fui me aproximando de outros estilos musicais que não o rock clássico que cresci ouvindo, e fui encontrando outros tipos de referências de composição que iam mais pro lado do hip hop, do jazz e da bossa nova. Sempre tenho dificuldade de chegar em apenas um nome na hora de falar sobre inspirações musicais, porque eu adoro misturar estilos e cada estilo é representado por diferentes artistas importantes. Mas posso dizer que o Mac Miller – que era um gênio, na minha opinião – foi um dos principais nomes a me inspirar na transição de sonoridade que optei por fazer nesse álbum”.
Antes de se dedicar profissionalmente à música, você teve algumas experiências no mundo corporativo. O que te fez “desistir” da sua antiga profissão e se jogar de vez na arte?
“Eu sempre fui apaixonada por música, e desde os 15 anos queria ser cantora. Mas, antes, eu não me permitia encarar isso como uma profissão, por todo o estigma que existe em cima dessa carreira. Mas a vozinha que me dizia pra ir atrás do meu sonho nunca tinha realmente me abandonado, eu só tinha ficado muito boa em ignorá-la. Me formei em administração de empresas (o que eu não me arrependo, porque me trouxe conhecimentos válidos pra vida toda), e até gostei do meu primeiro emprego trabalhando com investimentos no mercado financeiro; apesar de, no fundo, sentir que aquilo não era para mim. Mas foi o segundo emprego que eu tive na área de finanças empresariais que realmente me catapultou de vez para fora do mundo corporativo”.
“Eu trabalhei por um ano e meio me sentindo completamente infeliz com o que eu fazia, me questionando diariamente sobre o rumo que minha vida estava tomando. Minha saúde piorou, meu relacionamento comigo mesma também e, no meio daquela infelicidade toda, a voz que eu tinha ficado boa em ignorar começou a falar mais alto. Nesse meio tempo, como um sinal do universo, eu conheci o meu produtor, Guto Guerra, e decidi que ia produzir com ele as músicas que eu havia escrito nos últimos anos, mesmo que só para ter a experiência uma vez na vida. Pedi demissão do meu trabalho, porque já não aguentava mais; mas ainda tinha a ideia de voltar a procurar emprego depois de gravar o meu primeiro EP. Mas no momento que pisei no estúdio pela primeira vez, soube que seria impossível voltar atrás e viver do mesmo jeito de antes”.
“Make Us Proud” foi escolhida como faixa-foco do álbum. O que você diria que faz a música se destacar no projeto?
“Eu diria que ‘Make Us Proud’ é uma boa síntese do álbum, tanto pela mensagem da letra como por sua sonoridade. Ela traz uma introdução que remete a uma bossa nova, mas de repente quebra num mix de hip hop com jazz, e eu acho que esse contraste complementar – paradoxal, eu sei – é um bom retrato do que ‘Multidimensional’ traz em suas 8 faixas”.
“A letra, para mim, se destaca porque traz uma reflexão que eu gosto de pensar, que é daquelas que todos nós temos ou poderíamos ter ao nos olharmos no espelho: ‘E aí, você sente orgulho do que vê ao encarar o seu reflexo? Ou pelo menos sente que é hora de fazer por merecer esse orgulho?’. Ela é um convite para que possamos dar o nosso melhor perante a ninguém mais, ninguém menos do que nós mesmos. E esse convite é feito em tom de deboche, porque qual é a melhor forma de quebrar o nosso ego e fazê-lo funcionar ao nosso favor do que tirando uma com a cara dele com leveza e humor? Brigar com a mente é uma equação sem solução”.
Após o lançamento do álbum, o que podemos esperar para o ano que vem?
“Depois do show de lançamento do álbum, eu só conseguia pensar no quanto eu amo fazer show e o quão feliz eu fiquei de fazer as músicas novas ao vivo pela primeira vez. Então esperem muitos shows, porque quero fazer esse álbum rodar por aí, dentro e fora do Brasil! Esperem música nova, porque eu sinto que encontrei estilos que me motivam a escrever e compor mais – e, pra ser sincera não consigo ficar muito tempo longe do estúdio. Esperem parcerias com outros artistas; e, por fim, mas não menos importante, esperem por uma evolução na minha entrega e maturidade como artista. Essa é uma promessa minha para o meu reflexo no espelho, porque eu espero aprender muito com os erros e acertos de 2024 pra construir um 2025 mais consciente e – se possível – ainda melhor”.
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