Na última Quarta-Feira de Cinzas, 22 de fevereiro, MC Tha lançou seu mais novo single, “Coisas Bonitas”, em parceria com MahalPita. Enquanto a produção musical relembra a lambada, ritmo paraense que marcou o Brasil nos anos 1980, a letra da canção carrega as sensações de um início de romance.
O lançamento vem pouco depois do lançamento do EP “Meu Santo É Forte” (2022), no qual o casal já havia trabalhado junto, imprimindo a afrobrasilidade que se conecta com a força da natureza. Agora, MC Tha segue com a turnê do trabalho em 2023 e, em entrevista ao Tracklist, detalha mais sobre “Coisas Bonitas” e esse novo momento, assim como próximo álbum.
Entrevista MC Tha
Sobre “Coisas Bonitas”, poderia contar um pouco mais sobre a inspiração por trás da produção do single?
A música surgiu com o Mahal, porque ele produziu o instrumental para um projeto próprio. Mas quando ele me mostrou eu achei a minha cara, me senti muito ligada com a canção e logo me senti inspirada para compor. Fiquei ali na espreita esperando um consentimento.
Decidimos fazer a música juntos e, quando voltávamos das férias do fim de ano, a letra e melodia vieram à tona na minha cabeça. Desde o início, a canção tem como pesquisa principal, feita pelo MahalPita, a lambada. Então, eu colaborei com letra e melodia e, modéstia à parte, o resultado ficou incrível.
De onde veio a ideia da temática de karaokê do lyric video? Como essa nostalgia é vista nos seus trabalhos?
Sempre tive uma dinâmica de trabalho em que levo estéticas nostálgicas para o meu processo, absorvendo ideias simples e criativas que estão o mais próximo possível da MC Tha.
Na canção “Coração Vagabundo”, por exemplo, quis imprimir a estética de filmes antigos brasileiros. Já em “Clima Quente Show”, o programa fictício que criei no ano passado, foi usada a dos programas de auditório. Agora, em “Coisas Bonitas”, o formato karaokê para o lyric video foi algo pensado por mim, pelo Mahal e pelo responsável pela captação audiovisual Igor Souto.
Além disso, sou apaixonada por karaokê, sempre quis realizar algo com essa estética e já me diverti muito nos botecos da Cidade Tiradentes [bairro da Zona Leste, onde MC Tha nasceu] cantando neles.
Tudo isso me interessa bastante, esse “Brasil Popular” que todo mundo reconhece e se identifica tem tudo a ver com meu trabalho. Talvez esse seja o grande trunfo da MC Tha, ser mais que pop, ser popular, conseguir conversar além da música.
Como está sendo voltar em turnê após o lançamento de “Meu Santo É Forte”?
Está sendo maravilhoso, meu público cresceu muito, tem gente indo ao meu show pela primeira vez, pois me conheceu durante a pandemia. Percebo tanto pessoas mais novas quanto mais maduras indo às apresentações, e isso é muito legal, conseguir conversar com pessoas de várias idades. É um show bonito, potente e divertido, de afirmação. Quem me acompanha entende a energia do show e se envolve profundamente.
Sobre seu segundo álbum, como estão indo as gravações? Algo que possa adiantar?
Neste mês estou voltando de Salvador para São Paulo com MahalPita e já vamos começar a tirar os rascunhos do papel. Meu processo criativo é construir primeiro internamente, na minha cabeça, para depois conseguir compartilhar com os produtores do disco, que vão tornar o sonho real. Agora, posso adiantar que estou nesse processo, me sentindo segura com minhas ideias e com as músicas que já tenho.
Vai ser um álbum firme, mais maduro talvez, de fortalecimento, com certeza. Quero muito ver o resultado do trabalho de MahalPita com o produtor Pedrowl que foi quem produziu meu primeiro álbum. Acho que vai ser um caldo gostoso.