in ,

Entrevista: Cage The Elephant relembra desafios em novo disco, “Neon Pill”

Disco é o sexto de estúdio da banda e já está disponível em todas as plataformas digitais

Foto: Neil Krug

O Cage The Elephant lançou neste mês de maio o “Neon Pill”, seu 6º álbum de estúdio. O trabalho mostra o sexteto — formado pelos irmãos Matthew Shultz (vocais) e Brad Shultz (guitarra), Daniel Tichenor (baixo), Jared Champion (bateria), Nick Bockrath (guitarra solo) e Matthan Minster (guitarra, teclados, vocais de apoio) — explorando novos territórios musicais, enquanto mantém sua criatividade intransigente, além das performances catárticas e selvagens.

Durante o processo de produção do disco, o vocalista, Matt Shultz, passou dois meses hospitalizado por conta de uma crise de saúde mental. Em uma postagem já apagada do seu Instagram, o músico comentou à época que “é um milagre estar aqui hoje”. “Nos últimos três anos, eu estava, sem saber, lutando para superar uma crise total de saúde mental. Em pouco tempo, entrei em psicose devido a uma resposta iatrogênica a um medicamento que me foi prescrito” (via Rolling Stone Brasil). Ao Tracklist, o vocalista do Cage The Elephant relembra em entrevista esse desafio superado, compara com o início da banda com o álbum homônimo de 2008, relembra da sua passagem pelo Brasil e mais.

Entrevista: Matt Shultz, do Cage The Elephant, relembra desafios em novo disco, “Neon Pill”

Tracklist: Olá, como vai? É um prazer conhecê-lo!
Matt Shultz: Estou bem, e você?

Estou bem também, obrigada! Então, nós gostaríamos de saber mais sobre o novo álbum, “Neon Pill”. Eu li que o disco é o mais único da banda até então. Como foi esse processo de criatividade e produção?
É, foi muito diferente. Trabalhamos nele por cerca de cinco anos, e nunca havíamos gastado tanto tempo antes na produção de um álbum até fazermos esse. Boa parte dele foi escrito enquanto eu pessoalmente estava passando por uma crise médica, e depois que obtive a ajuda necessária para voltar ao álbum e reinterpretá-lo por mim mesmo, foi diferente de qualquer outro processo que já havíamos feito antes.

O que esse álbum representa na fase atual do Cage The Elephant?
Eu sinto que esse álbum é, para nós, uma inauguração de uma nova era onde estamos relaxando e sendo nós mesmos. Acho que estamos muito confortáveis em estar na nossa própria pele, e isso nos trouxe uma nova paixão, uma nova chama para querer continuar a fazer isso e continuar a estimular a nossa imaginação para encontrarmos coisas que a gente ama e que são emocionantes. Estamos há 18 anos nisso. É incrível.

Legal, é um álbum muito bom, eu gostei bastante!
Obrigado!

Queria saber também, como esse trabalho se diferencia do primeiro disco da banda, o homônimo de 2008?
Ah, tanta coisa. Há muita coisa que foi vivida entre esses dois álbuns. Quando a gente estava fazendo o nosso primeiro álbum – quer dizer, de certa forma, ainda há paralelos -, mas ainda nos sentimos muito animados e abençoados em fazer o que estávamos fazendo. Porém, eu acredito que quando estávamos escrevendo o nosso primeiro disco, a gente não sabia quanta influência tínhamos em nossos próprios álbuns e, agora, obviamente, nós crescemos na nossa própria voz, e acho que, definitivamente, encontramos uma identidade e também a coragem para continuar a mudar isso e tentar coisas novas.

Você diria que esse é um dos maiores aprendizados da banda por agora?
São muitas coisas. Enquanto estávamos fazendo o “Neon Pill”, eu fiquei hospitalizado por dois meses e tive que reavaliar minha vida inteira, pela gratidão por ser capaz de fazer o que fazemos hoje. Além disso, acho que, apenas vivenciando tanta coisa, experimentando coisas e chegando a um lugar em que não parece que estamos tentando ser outra pessoa além de nós mesmos, e vivendo nessa autenticidade, é provavelmente a nossa maior lição, com certeza.

Isso é ótimo. Você tem alguma faixa favorita do novo álbum?
Sim. “Rainbow” é provavelmente a minha favorita e foi uma das músicas do álbum que [isso] aconteceu instantaneamente. Isso não acontece, pelo menos comigo. Não acontece com muita frequência, mas pareceu quando escrevi “Cigarette Daydreams”, o mesmo tipo de sentimento que aconteceu imediatamente e pareceu natural. É provável que seja a minha favorita. E também “Float Into The Sky”, que é uma faixa de destaque para mim, “Silent Picture”, “Ball and Chain”…

Com a música “Neon Pill”, que dá nome ao disco, vocês alcançaram novamente o topo das paradas alternativas da Billboard. Como a banda recebeu essa notícia?
É incrível. Falando sobre o que comentamos antes, nós estamos fazendo isso há 18 anos, e ter a oportunidade de ter tantos Top 1 – e saber como é difícil conquistar isso – é quase como se fosse beisebol. Você ouve falar sobre grandes jogadores, que fizeram vários home runs, mas que rebateram tantas vezes quanto (ou até mais) do que conquistaram de fato um home run. Para nós, quando você sabe o quão difícil é chegar ao primeiro lugar, você aprecia isso muito mais. E também estou impressionado por fazermos isso há 18 anos e ainda vivenciarmos momentos como esse.

Que legal. E vocês vão entrar em turnê logo, certo? O que os fãs podem esperar das próximas apresentações e se podemos esperar um retorno do Cage The Elephant ao Brasil?
100%! Nós estamos trabalhando para encontrar as oportunidades certas. A gente ama o Brasil, tivemos alguns dos nossos melhores shows por aí e a plateia foi incrível. Digo, além de incrível. Literalmente, um dos melhores públicos no mundo. E o que o público pode esperar é que vamos continuar a nos esforçar para a gente se conectar com a música, da mesma maneira que sempre fizemos no passado. Acho que se mantivermos as coisas animadas para a gente, é isso, fica animado para a plateia também. Estamos definitivamente em êxtase por ainda estarmos fazendo isso, então mal podemos esperar para voltar e tocar.

Demais, estamos ansiosos para ver a banda de volta em um show aqui no Brasil!
Obrigado!

Você tem alguma memória favorita da última vez que estiveram por aqui?
Ah, sim! O Lollapalooza Brasil. Tenho certeza que foi o maior público para o qual já tocamos. E antes de subir ao palco, eu estava pensando comigo mesmo: “Será que alguém vai aparecer?”, porque a gente já tinha visto algumas outras bandas e suas plateias foram incríveis. Há alguma parte de você que se preocupa às vezes, tipo: “Ah, será que vai ter alguém para ver a gente aqui?”. Aí entramos no palco e foi o público mais barulhento que a gente já ouviu. As pessoas realmente estavam ali pela música, super animados. Eu vou carregar essa memória comigo para o resto da minha vida, com toda a certeza.

Que maravilha. Eu estava em um dos Lollapaloozas por aqui, vendo o show de vocês, é demais!
Incrível! Muito legal.

Acredito que seja isso. Muito obrigada pelo seu tempo em falar conosco!
Sim, obrigado!


O Cage The Elephant se apresentou em três edições diferentes do Lollapalooza Brasil – em 2012, 2015 e 2017 -, fato relembrado por Shultz na entrevista ao Tracklist. Já a nova turnê da banda para o disco terá início no mês de junho deste ano, no festival Bonnaroo 2024, nos Estados Unidos.