Por Tarcisio Boquady– Após uma era de grande sucesso de público e crítica que se iniciou em 2019, o álbum “AmarElo”, de Emicida, que fez história no rap nacional, ganhou uma turnê de despedida: “AmarElo – A Gira Final”, uma parceria da Laboratório Fantasma com a Live Nation Brasil. O Tracklist foi conferir o show que aconteceu no último dia 12 de abril na Arena BRB Mané Garrincha, em Brasília.
Justamente pelas opiniões que vem movimentando ao longo desses cinco anos de trajetória, o espetáculo “AmarElo” foi comparado a cultos religiosos por proporcionar uma experiência transcendente que valoriza ancestralidades e promove união e sincretismo religioso, com referências que vão desde o candomblé a pastores evangélicos, que participam do álbum. A iluminação amarelada e etérea somada à cenografia composta por projeções de vitrais que remetem a templos e igrejas corroboram para essa atmosfera ecumênica a que o show se propõe.
O nome “Gira Final” vem sacramentar o que foi esse grande fenômeno do rap nacional que atravessou a pandemia, virou documentário na Netflix e teve mais de 120 apresentações em nove países. Gira é o nome dado aos rituais coletivos de religiões de matrizes africanas nos quais são praticados cantos, danças e rezas que estabelecem um momento de conexão com as entidades espirituais.
Emicida traz “AmarElo – A Gira Final” em Brasília; show é marcado por união entre artista e público
Em Brasília, o show contou com quase três horas de duração, demonstrando que além de realizar a grande despedida de “AmarElo”, o artista precisava revisitar outros sucessos pedidos pelo público.
Uma grande celebração à carreira de Emicida foi realizada no espetáculo, que contou com 26 músicas no setlist, incluindo todas as 11 faixas do álbum “AmarElo”. Na apresentação, também entraram músicas do EP “Emicida”, lançado em 2022, e o single mais recente, “Acabou, mas tem…”, lançado no final de fevereiro.
A adesão ao samba e à MPB na sonoridade rap do artista, com letras que falam de amor, amizade, empoderamento e ancestralidade, criam um clima de leveza e paz. Vestido de branco, o artista toca flauta transversal nas músicas “A Ordem Natural das Coisas”, “Quem Tem Um Amigo (Tem Tudo)” e “São Pixinguinha”.
Um grande destaque do show foi a execução de “Principia”. A faixa, que abre o álbum, foi uma escolha perfeita para encerrar o show antes do encore – o ponto alto foi a emoção do público ao entoar o verso “Tudo que nós têm é nós” repetidas vezes, marcando o senso de união, pertencimento e coletividade que a história do álbum carrega.
No público, estavam presentes a Ministra da Cultura, Margareth Menezes, e o deputado distrital Max Maciel, que aproveitou o evento para entregar uma menção honrosa ao artista pelos serviços prestados para o hip hop e a juventude negra.
A “Gira Final” ainda passará pelas cidades de Recife (26/04), Salvador (11/05), Rio de Janeiro (18/05), São Paulo (25/05), Florianópolis (21/06), Manaus (28/06) e Belém (30/06).
