Cris Falcão é uma grande referência no setor musical brasileiro e latino. Com mais de 18 anos de experiência, ela foi nomeada, recentemente, Diretora Geral da América Latina (Managing Director LATAM) na Ingrooves Brasil – empresa de distribuição e serviço de marketing musical.
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Cris é economista formada pela Universidade Mackenzie e possui MBA em marketing pela ESPM. Iniciou sua carreira no ramo da música em 2004, quando recebeu o convite para se tornar CEO da editora musical Fermata do Brasil.
A partir daí, deu outros passos em sua já consolidada carreira. Em 2018, fundou a editora e selo musical Cada Instante. No ano seguinte, assumiu um posto na Ingrooves Brasil – onde conseguiu resultados independentes e cresceu ainda mais.
Recentemente, Cris Falcão cedeu uma entrevista ao Tracklist para falar sobre sua trajetória; a indústria musical brasileira e mais. Confira abaixo!
Entrevista com Cris Falcão
Cris, você já possui mais de 18 anos de experiência no mercado musical. Poderia falar um pouco sobre sua trajetória até chegar ao cargo de Diretora Geral da América Latina na Ingrooves?
“Minha história no mercado começou de uma forma bem interessante, sem saber nada sobre o setor, apenas ser apaixonada por música e ter um background de finanças e gestão. Recebi um convite para trabalhar numa editora musical e lá fiquei por 15 anos, vivenciando toda a transformação do mercado físico para o digital. O mundo editorial me ensinou muito e sempre fui muito curiosa em todos os processos que envolvem a cadeia musical, lia contratos, estudava processos e assim fui adquirindo bagagem para montar meu próprio selo e editora independente”.
“Depois de dois anos à frente desse projeto, recebi o convite da Ingrooves para atuar com distribuição digital no mercado independente, que iniciou as operações dois meses antes da pandemia. Saímos de um cliente para mais de 90 em dois anos, e aí veio o convite para assumir a América Latina”.
Como uma mulher latina, na sua opinião, qual é a importância de ocupar um cargo de tamanha influência? E quais são os maiores desafios que você encontra na indústria?
“Acredito que abrir espaços para novas gerações num mercado predominantemente masculino. A presença da mulher ainda é tímida em cargos executivos, ainda espero ver muito mais mulheres a frente dos negócios. Vim de mercados diferentes, enfrentei dificuldades e desafiadoras situações ao longo da minha carreira; acho que o desafio é provar que não cheguei aqui por ser mulher, para cumprir uma “quota de gênero”, e sim por muito estudo, dedicação e trabalho”.
O Brasil é um dos maiores mercados musicais do mundo, e continua experimentando um crescimento em relação à distribuição de música. No entanto, podemos observar uma queda em rankings como o da IFPI – no qual o Brasil ficou de fora do Top 10 nas últimas atualizações. Quais seriam as principais razões dessa queda de posição?
“São vários os fatores, mas destaco a desvalorização da moeda, a monetização do mercado e o enfraquecimento do setor ao vivo, no qual somos uma referência em arrecadação. Mas temos muitas oportunidades, a indústria brasileira vem evoluindo ano a ano, temos muita chance de subir”.
Na sua opinião, quais seriam os pontos fortes (ou principais diferenças) do mercado brasileiro em relação a outras indústrias emergentes, como Coreia do Sul e Holanda?
“Nossa cultura é muito rica, nossa sonoridade é única. Com ajustes econômicos, sociais e investimento na cultura, é questão de tempo para atingirmos outro patamar”.
Apesar dos pontos citados, é possível afirmar que o Brasil e a América Latina, no geral, alcançaram resultados positivos na indústria musical. O que – ou quem – pode ter contribuído para isso?
“O aumento em número de assinaturas, receita de publicidade (ad-supported) capitanearam o processo. O Brasil teve um crescimento de 32% e a América Latina de 31,2% mesmo com todos os impactos da pandemia”.
O que você projeta para o mercado brasileiro em 2023?
“Além de crescimento, cada vez mais intersecção de gêneros musicais e colaborações internacionais que vão ajudar a exportar mais nossa cultura. Estou otimista”.
E, para finalizar, o que você gostaria de alcançar nessa nova fase da sua carreira?
“Pessoalmente e profissionalmente me sinto realizada. Gostaria de um mercado cada vez mais igualitário, uma remuneração mais justa aos titulares de direito e mais acesso ao conhecimento, porque educação é a base de tudo”.
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