Há menos de uma semana de sua estreia no Lollapalooza, Carol Biazin dá continuidade ao seu mais recente trabalho, “REVERSA”, álbum visual que vem sendo trabalhado desde 2022. Agora, ela continua contando a história com o novo clipe de “BACARDI”, lançado nesta terça-feira (21) como parte do ATO I do álbum, contado em três partes e, como o nome sugere, de trás pra frente.
Desde o início de sua carreira, Carol se destaca por suas composições. Ela assina grandes sucessos de artistas como Luísa Sonza, Vitão e Rouge, mostrando ser um dos nomes mais promissores no pop brasileiro atual. “REVERSA” é o segundo disco da carreira da cantora, sucedendo “Beijo de Judas”, álbum de estreia lançado em 2020.
Nesse trabalho, Carol escolheu uma linha narrativa diferente para contar uma história de amor: de trás para frente. Dividido em três ATOS, o álbum passa por diferentes emoções da artista, que conta as diferentes fases de um relacionamento amoroso de forma não convencional.
“Eu me identifico muito como uma artista que gosta de nadar contra a maré, e muito dessas faixas estarem de trás pra frente é por conta disso. Conforme eu fui criando as histórias, eu fui visualizando muito a atmosfera de cada canção. Eu senti que cada momento do álbum tinha sua parte especial”, contou a cantora em conversa com o Tracklist.
O visual de “REVERSA”
Atrelado a história contada por meio das letras e melodias, a parte visual de “REVERSA” vem como um complemento da narrativa, e explora diversos elementos e referências. Promovendo um universo particular do disco, o trabalho possui até mesmo a própria paleta de cores, pensada a partir da atmosfera transmitida por cada faixa. “Através dela, transmitimos o que a gente realmente queria. Então, a coerência dela na narrativa dentro das redes foi minuciosa também”, explica Gabriela Griffolin, diretora criativa do projeto.
Gabriela pontua ainda que o projeto começa da mente da Carol, e os detalhes se desenvolveram ao longo do processo. “Primeiro precisei entender o que estava acontecendo com ela internamente, que já era bem coerente, pra depois costurar visualmente essa história”, explica Gabi. “O cuidado principal foi prestar atenção no início e no final de cada visual pra entender se existia ou se era possível essa continuação”, conclui.
Com o objetivo de não deixar nenhuma ponta solta dentro da história, é possível encontrar easter eggs conectando um clipe ao outro, como é o caso de “EX NÃO AMA” e “GAROTA INFERNAL”. “Fomos fazendo essas brincadeiras. No final de Ex Não Ama, por exemplo, o abajur fica verde, remetendo à Garota Infernal. É ela meio que se despedindo e entrando em uma nova fase. Então tem toda essa brincadeira que a gente teve que tomar muito cuidado junto com todas as cabeças do projeto”, explica Carol.
Em entrevista ao Tracklsit, a cantora contou mais detalhes de produção do álbum visual e compartilhou a empolgação para a sua estreia no Lollapalooza.
Leia a entrevista com Carol Biazin na íntegra
TRACKLIST: Desde o início da sua carreira, a composição é um ponto muito forte do seu trabalho, e em “REVERSA” isso fica muito claro na forma que a narrativa é construída. Em qual momento da produção do álbum você decidiu que essa história precisava do lado visual para se completar?
Carol Biazin: Cara, então, eu nem lembro exatamente qual foi o momento exato que eu decidi fazer essa doideira. Eu lembro que eu não queria fazer um álbum, eu tava meio que tentando fugir disso porque eu sabia que demandava muito e eu ainda não tinha nenhum conceito amarrado. Eu estava escrevendo canções e eu entendi que elas contavam uma história de amor, que tinha um início, meio e fim. E pensei ‘Cara, isso ia ficar lindo dentro de um álbum’. Ao mesmo tempo, fala muito sobre mim e eu queria trazer esse conceito de ser do contra, e tudo isso acaba falando mais sobre mim do que a história estando de trás pra frente na real. Eu me identifico muito como uma artista que gosta de nadar contra a maré, e muito dessas faixas estarem de trás pra frente é por conta disso. Conforme eu fui criando as histórias, eu fui visualizando muito a atmosfera de cada canção. Eu senti que cada momento do álbum tinha sua parte especial, e aí que veio a ideia de dividir em atos, porque eu entendia que existiam diferente nuances e momentos dentro do álbum e que pedia um pouco disso, dessa divisão, até pra ficar mais mastigado para as pessoas essas fases do relacionamento. E a partir desse conceito que eu fui criando por trás das letras da música, de conectar uma na outra e fazer referências pras próprias músicas dentro do álbum, o visual foi vindo muito casado com tudo isso conforme eu fui escrevendo. Então foi algo muito natural de se criar e pensar. Eu comecei muito brisando em cores e moods, do que aquelas músicas passavam, se eu tava feliz, pra qual mood do meu dia eu queria aquela música. Isso tudo foi influenciando no visual e foi andando meio que casadinho. Eu não lembro qual foi a música que eu olhei e pensei ‘Esse álbum vai ser visual!’. Faz mais de um ano que comecei a criar isso tudo e eu lembro que os pensamentos foram vindo e fomos executando, colocando e tirando do papel. Talvez foi bem ali no início, com “MALA MEMO”, eu já tava querendo fazer um visualzão e contar essa história, pensar em como eu ia estar nesses clipes, criar personagens e tal. Mas não lembro o momento exato, sou ruim de cabeça (risos).
TRACK: É legal você falar que as coisas foram acontecendo, porque eu estava me perguntando quando surgiu a ideia de separar em atos. Então foi algo do processo mesmo, né?
Exatamente, foi muito do processo! Eu queria ter um álbum dinâmico, isso era algo que eu já tinha em mente, queria que tivesse várias nuances. Mas eu também não queria que fosse algo jogado, saca? Parecendo que tentei de tudo no álbum. Eu queria que tivesse uma amarração dessa história e foi exatamente o que esses atos acabaram proporcionando. Eu consegui colocar interludes que ligam os atos entre si, e por aí foi.
TRACK: E deu muito certo, né? Dá pra perceber que você colocou muita vulnerabilidade nesse trabalho. Em “início do fim”, por exemplo, dá pra sentir o sofrimento assistindo ao visualizer. Como foi se apresentar de forma tão honesta para o público?
Foi algo que eu meio que me prometi quando eu decidi fazer um segundo álbum. O meu primeiro álbum, “Beijo de Judas”, ele fala um pouco sobre mim, mas eu acho que fala de um lugar meio superficial em alguns momentos, eu não me permiti me abrir tanto. Eu queria que esse álbum fosse muito real e que as pessoas conseguissem realmente sentir tudo aquilo. Porque no final das contas, por mais que seja muito pessoal, é também uma história muito vivida, sabe? Todo mundo passa por isso. Então eu pensei que se eu conseguisse tirar e colocar nas letras o meu sentimento de uma forma muito sincera, vai ser perfeito. E foi uma tática muito boa para mim no meu pessoal, porque eu tenho muita dificuldade de me abrir pras pessoas. Essa coisa de usar a música para falar sobre tudo acabou sendo meio terapêutico para mim também, foi uma sessão de análise que eu fiz durante um ano inteiro (risos). Então eu amadureci muito com as histórias e com a forma como eu realmente me via em certas situações, então acabou que foi muito bom. Óbvio que eu tinha um certo medo de colocar no mundo e as pessoas não gostarem, porque sou eu 100%. Então dá um medinho, mas eu estava tentando manter muita confiança em relação ao álbum, porque eu acho que quando se faz com tanta sinceridade assim, acaba que bate legal com as pessoas, principalmente com quem te acompanha há algum tempo já.
TRACK: Cada ato foi pensado em um universo particular, definido até por uma paleta de cores. Mas, mesmo com suas particularidades, esses atos estão todos ligados entre si. Quais foram os cuidados tomados para não deixar nenhuma ponta solta nesses visuais?
Primeiro foi realmente pensar no álbum de forma cronológica, porque quando a gente olhava de cabeça pra baixo, ficava confuso. Então a gente passou a ver a partir de “FICA PRO CAFÉ”, que acaba sendo a última faixa. A gente já tinha o álbum todo completo, a história completa e começamos a seguir. Conforme eu ia escrevendo as músicas que eu sentia que faltava no álbum para complementar alguma coisa, eu sempre pensava muito na que vinha antes e a que vinha depois, pra entender o desenvolvimento dessa história, como se eu estivesse escrevendo um roteirinho mesmo. Então os visuais também partiram muito dessa ideia. Se a gente pega os visuais, principalmente do ATO II, são visuais que os finais e inícios se conectam. Tivemos esse cuidado para que na hora que lançar tudo e a pessoa ver completo, ela vai ter essa história fazendo muito sentido na cabeça dela. Mas a gente teve que mergulhar muito nesse universo, porque além de ter que consertar as coisas, era algo feito de trás para frente, então a gente acabava se perdendo na história (risos). A gente ficava ‘Mas pera aí! Agora é o que? Glitter ou Garota Infernal? Ah tá! Lembrei!’. Por isso que temos até um PDF do álbum que apresentamos várias vezes pra nós mesmos. Lá tem todas as cores do álbum, então a gente sabia que no visual do ATO I não podia usar a cor vermelha de jeito nenhum porque isso era do ATO III. Fomos fazendo essas brincadeiras. No final de “EX NÃO AMA”, por exemplo, o abajur fica verde, remetendo à Garota Infernal, é ela meio que se despedindo e entrando em uma nova fase. Então tem toda essa brincadeira que a gente teve que tomar muito cuidado e junto com todas as cabeças. A Gabi Grafolin é a diretora criativa do projeto e ela sempre tomava muito cuidado para que não tivesse nenhuma ponta solta e ela foi a grande responsável por isso ter dado certo, porque eu ficava louca e pensando ‘O que a gente tá fazendo agora?’ (risos). Eu me perdia, mas foi até por isso que escolhemos fazer o visual, para que as pessoas entendessem muito bem essa história.
TRACK: Cara, eu imagino, porque assistindo e reparando nos detalhes eu me perguntava como vocês fizeram isso tudo sem se perder.
Exato! E era algo que a gente não gravava em ordem cronológica, mas em ordem de prioridade. Então tipo, a gente tava gravando “INÍCIO DO FIM” e depois “EX NÃO AMA” e não necessariamente essa foi a ordem que fomos lançando. Então foi um bug na cabeça que deixava todo mundo louco, mas deu certo!
TRACK: A arte da capa também é muito detalhista e agrega muito no aspecto visual. De que forma ela se conecta com os atos?
Essa capa foi uma brisa muito doida, ela teve várias versões e mil e uma possibilidades do que ela poderia ser. Eu lembro que fiz uma reunião com as meninas responsáveis pela capa e elas vieram com várias ideias visuais, mais estéticas do que do conceito em si. Eu já tinha dito para elas que queria muito que a gente representasse os três momentos, então eu me via muito em três fases dentro do álbum, três pessoas. E a partir daí a gente começou a pensar o que esteticamente ia ficar bonito, até pra não ficar uma bagunça cheia de informação. Aí elas me trouxeram uma imagem de uma menina com uma bolha na cabeça e eu pensei que pra mim essa bolha era muito significativa, porque eu me sinto muito assim nesse mundo, criando esse álbum e passando por esse processo, e acho que essa bolha tem que estar na cabeça da Carol principal que é a grande criadora disso tudo, que foi a pessoa que idealizou e viveu tudo isso. E dentro dessa bolha acho que seria legal colocar uma Carol flutuando, porque acho que ela representa muito essa coisa da paixão e da saudade, essa parada que você não consegue pensar em outras coisas, seu pé não tá no chão, você não consegue se aterrar muito. Eu quis trazer essa leveza pra essa Carol que representa muito o ATO I. E do outro lado eu tenho a Garota Infernal, que representa o ATO III, que ela está com os pés no meu ombro e ela tá tentando empurrar esse vidro. A ideia dessa mão no vidro é ela querendo quebrar e sair dali, sabe? Então tem muito uma referência de GLITTER, que é uma faixa de duelo entre a Garota Infernal e a Carol, é meio que uma sensação de falta de controle, a Carol perde um pouco o controle pra Garota Infernal, o que para mim é meio aterrorizante, porque eu sou muito pé no chão, focada e trouxe todos esses universos. A criadora desse mood e as duas personas desse universo, que são as mais fortes. A do ATO I, que é a garota apaixonada, que sai um pouco do real; e a Garota Infernal, que também é extremamente lúdica, mas ela chega até a ser demais.
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TRACK: Algo que também me chamou atenção: todas as faixas são escritas em caixa alta. Isso foi algo pensado também para casar com a estética do disco?
Na real começou como um princípio de estética sim, tanto que GAROTA INFERNAL, quando eu lancei, ela ainda estava com uma escrita normal, e quando atualizamos ela no perfil, todo mundo começou a notar, tipo ‘Nossa, ela atualizou e tá toda em caixa alta agora’. Os fãs começaram a perceber essa movimentação e eu sempre quis deixar tudo grande porque eu acho que além de deixar esteticamente bonito, traz um Q de atenção para cada faixa. Quando você escuta separadamente ou quando vai escrever o título dela em algum lugar, você já olha diretamente para ela. Não é só um “Caos Perfeito” é o “CAOS PERFEITO”.
TRACK: É uma coisa meio que ‘Tô gritando! É isso aqui’!
Sim! É isso mesmo! Tô gritando pra vocês me ouvirem, é meio nessa pegada de querer ser escutada.
TRACK: Dá pra notar referências sonoras variadas ao ouvir o disco. Você mostra muito das suas influências, mas “REVERSA” não tem nenhum feat. Como isso se relaciona com a vulnerabilidade do trabalho?
Eu queria muito levar ao pé da letra essa parada de ser do contra, sabe? É muito comum isso de colocar feats dentro de álbum e é uma coisa que acaba agregando muito. Eu fiz muito isso em “Beijo de Judas”, foi um álbum de estreia que para mim foi muito bom, porque vários artistas chegaram. Luísa, Glória, Vitão, Dilsinho. Eu juntei várias pessoas. E para esse álbum eu achei que era hora de contar essa história sozinha, até por ele ser tão pessoal. Mas nada impede de feats acontecerem esse ano, não é uma regra pra mim, tem muitas pessoas que eu quero colaborar ainda. Mas esse álbum por ser essa história tão profunda do meu âmago, eu queria contar ela sozinha. É meio que por esse caminho.
TRACK: O Lolla é no final do mês e eu imagino o quanto você está ansiosa! “REVERSA” é muito sobre o aspecto visual empregado ali. Como a gente pode esperar ver isso representado no palco?
Ansiosa nível master! O festival vai ser todo voltado pro visual. Muito por ser um festival e a gente não conseguir levar tantos cenários. Então é muito mais sobre os visuais que a gente tem e coisas que vamos produzir para o show. É um show com uma banda maior também e a ideia é fazer essa banda fazer parte desse teatro, como eu chamo. Então esse também vai ser um show dividido em ATOS, as pessoas vão sentir todos os momentos a virada de chave de cada momento. Tá tudo fluindo muito bem, eu tô muito feliz com o projeto e acho que vai ser uma grande estreia pra mim, acho que a galera vai curtir muito. Quem não me conhece vai conhecer o álbum, então também é um show pra eu me apresentar pra muita gente, então estamos tomando esse cuidado também, com a forma de apresentar esse show. Sabemos que vão ser muitas pessoas novas pra gente, então é um momento de furar a bolha e é a primeira vez tocando o álbum, então é muita novidade ao mesmo tempo. O visual com certeza vai estar presente nos looks, na nossa luz, telão e em tudo.
TRACK: Quais das faixas você está mais ansiosa para cantar ao vivo?
Com certeza GLITTER! Muito porque eu acho que ela é uma vibe de show demais, e eu produzi essas músicas no estúdio, então eu já sei mais ou menos como elas vão soar com bateria, guitarra e tudo que vai ter. Então pra mim até arrepia quando eu escuto ela, e acho que vai ser uma música da galera pular pra caralho. INÍCIO DO FIM é uma faixa que eu gosto muito também e eu já canto ela nos shows, mas eu imagino cantar isso pra aquele tanto de gente, só eu e o piano, então pra mim vai ser um momento.
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