O que dizer do Mestre? Realmente, estamos lidando com uma música que tem em parte a essência do mestre da música pop. Morto em 2012, Michael Jackson deixou para trás um legado de músicas perfeitas que embalaram gerações, além de uma reputação cheia de polêmicas e gafes. Então, a pergunta prevalece: o que dizer do Mestre?
Temo em dizer que esta análise não terá foco no artista em si, mesmo que fale do clipe. A partir do anúncio de um álbum póstumo com músicas de Michael, ficou evidente a tensão dos fãs. Aqueles que conheciam o cantor sabem de seu perfeccionismo em tudo que faz. Recentemente, enquanto conversava com um de seus admiradores, este me disse que estava triste com este lançamento e esta exploração desnecessária da imagem do cara.
Não podemos negar que é admirável: mesmo depois de morto, ainda se faz dinheiro com o sucesso do Mestre, mas é exatamente esta frase que demonstra a fragilidade deste sucesso e destes lançamentos póstumos. A partir do momento que uma gravadora lança sucessos inéditos, é inegável que isto irá modificar a música para que encaixe em seu padrão. Modificações feita no áudio original da canção talvez não fossem aprovadas pelo seu criador e esta contradição deslegitima a então dita música original.
Existe outro ponto a ser comentado antes que inicie a análise do clipe: temos que pensar que existe um motivo para que a música não tenha sido lançada antes. Como um bom perfeccionista, provavelmente Michael não lançou a músicas contidas no XSCAPE porque, de alguma forma, a faixa não ficou de acordo com o esperado.
Tendo dito isso, começo a ver o clipe de “Love Never Felt So Good“. Dizer que este é um clipe de Michael acaba sendo errôneo. Convenhamos que a produção é divertida e para um bom admirador de Jackson, pode ser até comovente. Porém é, basicamente, um compilado de algumas partes dos melhores vídeos gravados por ele, que foram brilhantemente colocados juntos, de forma que um leigo que não conheça outros clipes de Michael pode até se confundir e pensar nesta como uma produção única e original.
Um ponto negativo do clipe se torna a apresentação de novos dançarinos no meio; não digo que não eram bons dançarinos, mas a ideia da introdução destas figuras em comparação com o mestre não foi feliz e quebrou um pouco a vibe que era boa.
Mais uma vez, não acredito que este clipe teria sido do agrado de Jackson. Ele ficou famoso por lançar a ideia de clipes que contam histórias e Thriler se tornou ícone de produção visual. Os clipe dirigidos e escritos por Michael seguem uma estética bem peculiar e própria que não condiz com a bagunça de cores e definições que ficou o vídeo de “Love Never Felt So Good”.
Nada contra Michael, mas acredito que esta ideia de álbum póstumo já ultrapassa os limites do que se faz para ganhar dinheiro e se torna falta de respeito a memória daquele que foi inegavelmente o mestre.