Após cinco anos afastada dos palcos, a cantora Carolina Frozza voltou com tudo para o cenário musical. Ela lançou, nesta sexta (19), o single “Amor Imperfeito”, que também conta com um clipe, com direção de Leonardo Liberti.
Carolina, que está grávida de seu terceiro filho, conversou com o Tracklist sobre a volta aos palcos, a conciliação entre carreira e maternidade, e sobre diferentes estilos musicais que rodeiam seu trabalho, como o romântico e a eletrônica. Leia!
Você está para lançar o single “Amor Imperfeito”. Qual a mensagem que a música transmite?
A música transmite o poder da mulher, o encontro ou o reencontro dela com seu amor próprio. Eu fiz algumas pesquisas nas minhas redes sociais, nas quais perguntei para os seguidores o que eles consideravam ser umamor imperfeito, e muita gente me respondeu algo como “ele é quando a gente termina’, “quando há briga no relacionamento”, e eu fiquei meio pensativa e falei para entrarmos mais a fundo no tema.
Eu imagino que, se eu como ser humano não sou perfeita, quem vai dizer que meu sentimento é? Ou como vou querer cobrar de alguém um amor perfeito, sendo que por que a gente tem essa ideia? É um paradoxo, tudo tem que ser perfeito pra ser bom. Quem disse que o imperfeito não pode ser bom também? Eu acredito que a gente tem que pensar um pouco mais em como deixar as coisas fluirem, em ser mais natural, pra gente começar a vivenciar coisas mais verdadeiras, e essa música fala sobre isso.
Você pode nos contar também sobre o processo criativo do videoclipe de “Amor Imperfeito”?
O processo foi bem engraçado – mais do que engraçado, foi interessante, pois perguntei para umas 15 pessoas mais chegadas a mim o que elas sentiram quando escutaram a música. E muita gente disse “sinto que tem um trem aí, parece que no começo tem uma maria fumaça”, e o pessoal me deixou com essa pulga atrás da orelha. Fiquei pensando em como bolaria algo com o trem. E chegamos num consenso, junto com o produtor e com meu esposo – que me ajudou bastante a criar essa história – e a gente decidiu utilizar essa vida real no clipe; o cotidiano, o que fazemos todos os dias e que não é retratado nessa atmosfera, como o momento de introspecção dentro de um vagão, lendo um livro, escutando música ou dormindo.
Quis motrar nesse vídeo esse processo da vida cotidiana, do real, sem querer mostrar carro chique, roupa de marca ou dente de ouro (risos), coisas que vejo em varios clipes e acho tão surreal. Quem vive assim? Eu não! Então quis mostrar o que eu vivo para ser o mais verdadeiro possivel.
Embora seu foco seja a MPB e as músicas românticas, você também coleciona trabalhos na música eletrônica. Como foi transitar em diferentes estilos musicais? Você viu muita diferença?
Não vi diferença. Música pra mim é música. Eu simplesmente ponho meu sentimento no que estou cantando, no que estou fazendo, e isso pra mim não muda. Claro que, quando se canta o que gosta, sai mais fluido. Eu adoro música eletronica, escuto tudo o que for eletrônico, conheço muitos DJs e já fiz parcerias com vários produtores musiciais, a maioria internacionais. Inclusive, tenho uma música na edição de 20 anos do Buddha Bar, um CD com nome grande na Europa. Fiquei muito feliz com essa edição – inclusive, a produção é do Bob Sinclair, fiquei felicíssima. Mas a música eletrônica me dá aquele beat, me motiva, faz eu pensar pra frente, acho que essa é a grande fusão. A transição entre ela e minha música é que as minhas músicas eletrônicas têm um ritmo mais acelerado, mas continuo falando de amor. Todas as minhas canções são românticas, em todos os gêneros.
Recentemente, você fez seu primeiro show após a pausa na carreira (no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, no dia dos namorados). Após cinco anos afastada dos palcos, qual foi a sensação de voltar? Voce sentiu alguma dúvida em relação a isso durante o hiato?
Não. Durante o hiato, a única duvida que eu sentia é se estava sendo uma boa mãe. A minha pergunta que permanecia calada era quando eu voltaria a subir no palco novamente, quando voltaria a sentir aquele frio na barriga de artista. Mas tudo isso voltou à tona quando eu fiz uma coisa tão simples, mas que mudou tudo de um dia pro outro: escolher. Eu escolhi voltar pro palco mesmo grávida, e isso teve uma mudança transformadora, pois me fez ter mais foco, me fez encarar as coisas com muito mais força e sabedoria. Hoje, eu vejo essa volta como uma volta mesmo, não como um recomeço, pois eu nunca deixei de ser eu, nunca deixei de ser a artista.
Você está grávida de sua terceira filha. Parabéns! Como está sendo equilibrar essas duas fases importantes da sua vida? Tenho certeza de que muitas mulheres que desejam ser mães adorariam saber para se inspirarem em você.
Se alguém se inspirar em mim, vou ficar muito contente, mas quem sou eu? Só posso falar da minha experiência. Minha experiência é que depois de ter dois filhos e ficar de molho – porque eu escolhi ficar de molho pra vivenciar a maternidade e todo esse universo -, de uma hora pra outra eu falei “ok, estou bem, meus filhos estão grandes, então vamos gravar um disco aqui e voltar à tona”. Quando eu terminei de gravar o disco, descobri que estava grávida pela terceira vez! Nada é por acaso, eu fui abençoada mais uma vez, fiquei com muito medo no começo, não foi esperado, mas enfim…
A vida faz a gente entender que as vezes nós temos tantos planos, mas nosso destino nos faz entrar em encruzilhadas pra ver se sabemos sair delas e saber voltar para seu caminho. Acho que eu soube voltar pra esse caminho e cá estou, linda, forte, confiante, iluminada com essa terceira gravidez e pela escolha que fiz: de seguir em frente mesmo com o desafio de ser mãe pela terceira vez, com quase 40 anos. Isso me motivou muito.
Se alguém se identifica com isso e tem alguma dúvida sobre a maternidade e o trabalho, posso dizer que nós somos muito mais fortes do que nós temos de entendimento. Nós, mulheres, conseguimos coisas inacreditáveis quando a gente se propõe a fazer isso. É muito amor próprio, coragem e força.
Você é uma pessoa muito antenada nas redes sociais, com seu Instagram sempre atualizado. De que forma você busca interagir com os fãs por lá? Você acha que mudou algo na forma de fazer música com a explosão das redes?
Com certeza. Se formos comparar 50 anos atrás e hoje, o mercado musical é muito diferente. Espero que continue se atualizando cada vez mais, pois precisamos de coisas novas na vida para sair da zona de conforto. Hoje não é mais assim. É muito mais facil de se divulgar e de promover sua mensagem, mas em contrapartida é muito concorrido porque todo mundo tem um celular, todo mundo tem um video, todo mundo tem uma música – com apoio, patrocionio ou não. Como eu sou independente, tudo sai da minha produção, da minha criatividade e do meu bolso. Hoje a gente tem que saber se adaptar. Querendo ou não, com a idade que você tenha, se você não se adapta ao progresso, ele nao vai se adaptar ao seu pensamento antigo. Temos que correr na frente.
O que você vislumbra após o lançamento de “Amor Imperfeito”? Quais são os seus planos?
Os planos…? Estou pensando em comida já (risos). Os planos são lançar, acredito eu, mais dois singles esse ano, que falam sobre amor próprio e força feminina de forma elegante e poética, que gere consciência para as pessoas.