Enquanto o eu-lírico de “Mina Sereia”, novo single de Rod Melim, canta sobre saudade de um amor perdido, o cantor fluminense mostra que esse pesar não precisa estar presente nos corações dos fãs que o acompanham desde à época da banda Melim, formada com seus irmãos.
No dia 29 de outubro, data em que também comemorou 32 anos, Rod deu o pontapé inicial em sua carreira solo com essa faixa, abrindo espaço para novas descobertas e uma musicalidade renovada — sem abandonar sua essência. Em recente entrevista ao Tracklist, ele falou sobre o processo de criação da faixa e antecipou o que os fãs podem esperar de sua nova fase como solista. Confira!
Rod Melim fala sobre ‘Mina Sereia’, lançamento de álbum solo e mais
No nosso quadro ‘Tracklist feat’ você contou que’Mina Sereia’ surgiu de um convite da Universal Music para uma música para uma artista pop que tem a vibe solar… Você pode nos contar quem seria a representação da ‘Minha Sereia’ pra você?
A Mina Sereia, eu não tenho uma pessoa específica que é a representação da música, mas talvez uma imagem de uma de uma mulher que tem bastante força, bastante certeza de si e que busca cada vez mais amores que sejam recíprocos, pessoas que estejam ali inteiramente, sabe? Porque hoje em dia existe ainda muitos relacionamentos que são tóxicos e fazem muito mal, então, muitas pessoas, homens, mulheres, enfim, as vezes ficam no relacionamento muito tempo até conseguir perceber que não tá legal; então é sobre a virada de chave que em algum momento a pessoa, em alguns casos, consegue perceber e consegue falar: ‘isso não é pra mim’. E aí, a partir do momento que você fica só, em um término de relacionamento, você fica com bastante tempo e estava acostumado com aquela rotina, você começa a se descobrir e começa a se curtir também, começa a perceber que a felicidade depende só de você mesmo. Então, todas essas pessoas que estão nesse momento de autodescoberta e de perceber que dá pra ser feliz, se satisfazendo com as próprias vontades e buscando amizades, relacionamentos e pessoas que cheguem pra somar acima de tudo. E também, de alguma forma, pessoas que têm uma conexão com a natureza, porque é uma coisa que também deixa bem claro na música, essa conexão com a natureza, o mar, o sol. Acho que é essa a imagem que eu tenho da representação da ‘Mina Sereia’.
Ainda ao Tracklist feat você revelou que está dando o melhor de si e, inclusive, se auto desafiando para o lançamento do seu disco solo. Pode nos contar algum spoiler sobre esse projeto? Tem alguma previsão de quando sai?
Acho que faz parte um pouco da minha personalidade de ser prático com as coisas. Eu geralmente consigo decidir muito rápido o que eu gosto pra mim, o que me faz bem, o que eu quero, por onde eu quero seguir. Isso é uma coisa que eu acho positiva. Por outro lado, às vezes, essa praticidade tira um pouco o tempo de você amadurecer algumas coisas, melhorar algumas coisas. Então, principalmente na parte criativa do álbum, que tem a ver com clipe, com imagem, com teaser, com conceito, toda essa parte, o meu desafio é justamente para eu ficar mais tempo buscando dar o melhor sem, assim, não passar rápido demais, dar um ok ou definir algo rápido demais a ponto de não entregar o melhor. Então assim, nesse primeiro clipe, uma coisa que eu posso adiantar assim, é que esse surrealismo de a gente tentar fazer com que realmente a série existisse tem a ver com o nome do álbum e o nome do álbum ele é o título de uma das canções.
Toda vez que a gente vai fazer um álbum, tanto na época da banda e agora na minha carreira solo a gente sempre tenta buscar algo que seja criativo e também que seja abrangente porque esse nome carrega também a turnê e também toda a estética do álbum; e essa estética tem que ser uma coisa no mínimo diferente, ousada ou marcante pelo menos para que as pessoas se interessem e a gente conseguiu achar um nome que eu, particularmente, adorei e trouxe uma criatividade incrível para o trabalho. Não tem exatamente a ver com a ‘Mina Sereia’, é mais abrangente que a ‘Mina Sereia’ mas a ‘Mina Sereia’ está incluída nesse título, né? E aí esse título a gente vai revelar mais próximo do lançamento do álbum que, se tudo der certo, a gente lança em janeiro.
“Mina Sereia” traz um toque leve e envolvente. Essa sonoridade deve ser uma constante nos próximos lançamentos?
Então, o disco não é uma soma de singles. Se eu fosse pensar num disco em que eu fosse lançar uma faixa a cada vez, talvez as faixas ficassem mais parecidas até, porque quando a gente pensa numa faixa pra ser faixa de trabalho de rádio, acaba que tem que ser mais abrangente, tem que ter uma frequência que bata bem com as rádios e tal, e às vezes impede a gente de ter uma variedade de sons, né? Como no disco a gente pensa em trabalhar duas músicas, mais ou menos, por metade, né? Agora eu vou lançar a primeira metade, em janeiro, se tudo der certo, com sete faixas e depois a outra metade. As outras faixas do álbum tem outros estilos. Então tem música voz e violão, romântico. Tem um pop leve, romântico. Tem um pop mais puxado pro rock, tem uma coisa mais pop indie assim, enfim, tem algumas outras variedades que eu acho importante para o meu tipo de som, tem reggae também, tem uma faixa mais próxima do reggae, eu acho que isso soma porque tem muitos artistas no Brasil que eu tenho interesse, e públicos também, que eu tenho interesse de fazer parte, de fazer feat, enfim, festivais e tudo mais, e aproveitei todos os segmentos que eu me identifico, coisas também que a gente já fazia na época da banda, que eu acho que alguém gostaria de me ver fazendo, e compus o disco pensando nessa abrangência
Em 2023 você e seus irmãos anunciaram que seguiriam caminhos diferentes. O que você mais valoriza na trajetória com a Melim, e como essas experiências te preparam para uma carreira solo?
Eu tenho uma gratidão imensa por toda a nossa carreira, toda a nossa história. Eu sou muito orgulhoso de tudo que a gente construiu, porque dentro do trabalho que a gente fez, muita coisa que a gente lutou bastante foi para a longevidade das músicas. É muito diferente quando você pensa em uma coisa a curto prazo, que você quer, de repente, fazer um barulho a curto prazo, ou quando você pensa em uma carreira a longevidade. Você trabalha muito mais, o cuidado de cada coisa é muito mais pensado. E a gente também teve a liberdade de fazer um som que a gente gosta de cantar, de ouvir, e por acaso, deu muito certo. Acho que a gente estava num momento bom, a gente estava preparado musicalmente para que as músicas chegassem, porque a gente já tinha composto para muitos artistas do Brasil, segmentos diferentes, grandes, e quando a gente foi compor o nosso disco, a gente pegou essa experiência, principalmente de composição, que é uma coisa que eu acho que é a alma de todos os projetos musicais, e aplicou dentro do nosso segmento. A gente pegou referências internacionais, referências nacionais de reggae, de MPB, de pop e fez um liquidificador e juntou a nossa experiência da composição e lançou. E deu muito certo. Era até improvável que desse tão certo, pelo tipo de som da época, pela quantidade de artistas que eram poucos, poucos artistas tão bem, tão mainstream com aquele tipo de som.
E aí depois do sucesso, obviamente, vem muitas coisas boas, além da parte financeira, a parte da imagem também, da fama e tudo mais, que às vezes é a busca da maioria dos artistas, mas o contato com outros artistas incríveis, feats com artistas que a gente ama demais, como, Ivete, Sandy, Nando Reis, Djavan, Lulu Santos, Alok, enfim; e coisas que a gente viveu, indicações a Grammys Latinos, shows fora do país, festivais, quase que todos os maiores festivais do Brasil. Então, assim, a gente realmente viveu uma carreira de sucesso e de sonho, assim, pra mim, musicalmente, não tem nada que eu gostaria talvez de alcançar que eu já não tenha me realizado na Melim.
A coisa que eu vejo mais especial de estar numa carreira solo, e para mim foi a minha maior busca, é de uma independência na hora de você do trabalho dos dia a dia de você ter realmente o seu poder de escolha. Porque, apesar de, musicalmente, a gente sempre ter uma unanimidade nos bastidores das decisões, tem um debate muito grande, como qualquer banda. E isso, às vezes, não é tão legal de se viver. Então, a gente preferiu… Como somos três cantores, três autores que se envolvem em tudo, a gente tem esse potencial de realmente fazer três carreiras, depois que a gente alcançou um primeiro degrau, uma coisa que a gente buscou, a gente viu que dali só fazia sentido para a gente alcançar mais a nossa felicidade dessa forma, independente.
Mas eu sou muito grato, muito grato mesmo pela Melim. Pretendo levar meu trabalho como uma continuidade da banda, então assim nos meus shows vão ter os maiores sucessos, com certeza. Algumas músicas que eu me identifico às vezes que nem se tornaram sucesso mas que eu sei que fazem parte e o propósito da Melim, de levar amor, de levar felicidade, de levar uma música abrangente que não tenha tipo de nenhum tipo de apelação, enfim esse propósito também continua.
Durante a banda, vocês colaboraram com grandes nomes da música, como Djavan, Lulu Santos, Nando Reis, entre outros. Há alguma outra colaboração com artistas nacionais ou internacionais está a caminho no seu álbum solo?
Com certeza! Tem muita gente ainda que eu que eu quero fazer e muito possivelmente nessa segunda metade do álbum eu convide pessoas pra participar. Já estou escrevendo músicas, pensando nessas parcerias, que ainda são ideias, não tem nada concreto, mas muito possivelmente vão ter já nessa segunda metade do primeiro álbum. E ao longo da carreira, com certeza, milhares também.
Se pudesse descrever seu álbum solo em uma frase ou sentimento, qual seria?
Para mim, pessoalmente, a palavra que vem é realização. Porque eu pude estar imerso 100% dentro de todas as áreas. Enfim, além de compositor e de intérprete do álbum, eu também pude produzir esse álbum em parceria com o Castilhol, que é um cara que já fizemos essa parceria antes, no último DVD da Melim, produzimos juntos. Ele sempre arranjou também a maioria dos nossos álbuns; e é muito bom, é realmente uma realização muito grande você poder decidir as coisas, enfim, você curtir cada etapa do processo. Tudo fica moldado mais com a sua personalidade, né? Eu tô curtindo essa coisa da, como falam, solitude.
Por fim, para os fãs que o acompanham há anos, o que você acha que mais surpreenderá nessa nova fase?
Eu acho que o que vai mais surpreender é essa parte visual, que, como eu falei, pela minha praticidade, eu não… Como pode-se dizer? Eu não praticava tanto essa coisa da parte visual, eu sempre foquei muito no musical. E agora eu sou meio que obrigado a me desafiar nessa parte visual. Então, assim, a gente tá conseguindo realizar coisas incríveis. E que, até pra mim, foi uma surpresa. Quando a gente vai vendo o resultado das coisas, que tão ficando prontas, eu falo, nossa, isso aí tá muito bom e de um jeito que até na banda, assim, a gente nunca viu isso aí que a gente tá fazendo aqui, nas coisas que a gente vinha fazendo. É diferente, sabe? Então eu acho que, como eu fui sempre focado muito na música, os fãs talvez esperassem que eu continuasse focado muito mais na música do que na estética visual. E acho que vai ser surpresa essa parte, essa entrega.
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