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Review: Jão encerra narrativa elementar em “SUPER”

O cantor e compositor paulista lançou seu quarto álbum de estúdio nesta segunda-feira (14)

Foto: Divulgação

Nesta segunda-feira (14), Jão apresentou ao mundo o projeto “SUPER”. E, assim como o nome sugere, o quarto álbum de estúdio do artista paulista chega de forma superlativa – tanto em suas produções quanto no momento em que a carreira do cantor e compositor se encontra.

Isso porque o lançamento do trabalho chega alguns meses antes da estreia da próxima turnê do cantor. O primeiro show da agenda está marcado para janeiro de 2024, e acontecerá no Allianz Parque, em São Paulo. Antes disso, porém, ele fará um grande show no festival The Town, que acontece em setembro de 2023.

O novo disco completa uma narrativa elementar criada por Jão ao longo dos últimos cinco anos. Em “LOBOS”, ele abordou a ideia da terra. Já em “ANTI-HERÓI”, o artista adotou de vez a melancolia e a sensação de estar em queda livre, abraçado pelo amor. “PIRATA”, antecessor de seu mais novo trabalho, mostra uma jornada pelas águas; e, agora, o cantor é tomado pelo fogo.

O elemento aparece no álbum de forma simbólica e variada. Mas é possível ver essa figura especialmente quando o intérprete expressa a determinação em seguir seus sonhos, a sensualidade – temáticas muito presentes ao longo das 14 faixas que compõem o álbum.

Outra característica notável é a divisão da tracklist em duas partes, que foram delimitadas como “Lado A” e “Lado B”. Na primeira parte do álbum, o público pode acompanhar o artista tomado por ambições e anseios, o que representa o início de sua carreira na cidade onde nasceu, Américo Brasiliense. Já na segunda parte, é possível ouvir e sentir a concretização de seus objetivos e os altos e baixos que ele experimentou a partir de sua mudança para a grande metrópole de São Paulo.

jão super
Foto: Divulgação

Faixa a faixa: em “SUPER”, Jão traça um mapa de suas experiências e jornada na música

O disco é aberto com “Escorpião”, que faz referência ao seu signo do zodíaco. Na entrada do projeto, Jão assume uma personalidade abertamente vingativa e intensa; e entrega uma sonoridade de pop rock muito marcada pela presença da guitarra e dos sintetizadores.

“Me Lambe” mostra uma continuidade no instrumental. No entanto, a melodia vibrante se sobrepõe a uma vulnerabilidade apresentada nos versos da faixa, que também desencadeia em “Gameboy”, música que se destaca por sua atmosfera nostálgica, trazendo um synth pop fortalecido por vocais adornados com auto-tune.

Com “Alinhamento Milenar”, o artista manifesta uma visão muito mais otimista do amor. “E de todos os meninos e meninas que eu já amei, eu escolhi você”, canta ele, em um tom sonhador. Na sequência, vem “Lábia”, uma canção que mistura uma vibe de pop oitentista a alguns elementos do country. Aqui, Jão entrega um dos momentos mais sensuais de todo o trabalho.

Depois, o projeto exibe uma reviravolta. Após faixas enérgicas, românticas e utópicas, o cantor e compositor vai para o total oposto com “Maria”, onde o eu lírico lê a carta de um amor perdido. A narrativa melancólica continua em “Julho”, que já promete se tornar uma das favoritas dos fãs. “E a cada canto que eu vou, eles me perguntem se / Eu já sei o que o amor vira quando chega o fim”, diz ele, em referência à canção “Acontece”, do álbum “PIRATA”.

“Eu Posso Ser Como Você” possui uma sonoridade um pouco mais voltada para o pop punk. Assim como na abertura do disco, o artista assume um ar vingativo e rebelde, assumindo um momento de infidelidade em uma relação. O título faz uma contraposição com a soturna “Eu Quero Ser Como Você”, presente em seu álbum de estreia.

De forma coesa, o projeto vai transitando entre elementos de diversos gêneros musicais e retomando algumas características presentes em outras faixas. “Sinais”, por exemplo, retoma o synth pop; e a sequência, “Se O Problema Era Você, Por Que Doeu Em Mim?”, leva a sonoridade para o pop rock. Aqui, Jão dá uma amostra de seu talento em apresentar um contraste entre melodias mais animadas e letras que demonstram angústias e mágoas.

jão super
Foto: Divulgação

“Locadora” e “Rádio” são adjacentes, conectadas por meio de sua temática e pela vibe saudosa. Românticas, as canções proporcionam verdadeiras viagens no tempo.

A penúltima faixa do trabalho, “São Paulo, 2015”, é outro destaque na tracklist. Neste momento, Jão transporta o público para uma mente turbulenta de um protagonista que está experimentando, pela primeira vez, as maravilhas e horrores de uma grande metrópole – neste caso, a cidade de São Paulo. O instrumental eletrônico e intenso vai de encontro direto a uma interpretação vocal dinâmica.

Por fim, a narrativa é encerrada com a música que carrega o mesmo título do projeto, “Super”. Em resposta ao Tracklist, Jão comentou que a canção sumariza toda a jornada apresentada não apenas no mais recente álbum, mas ao longo de toda a sua trajetória musical. “Ela encerra de uma maneira que passa pelos quatro elementos, e passa pelos quatro momentos”, disse.

Conclusão

“SUPER” é um álbum de contrastes. No decorrer das 14 faixas, o cantor e compositor passeia por diversas emoções e facetas ao lado do ouvinte. O álbum circula em volta de temas como o amor – em diversos ângulos e aspectos –, melancolia, sensualidade, mudanças e a busca pelos sonhos.

Apesar de explorar novas sonoridades, o trabalho pode soar familiar a alguns outros momentos de Jão. No entanto, o atual disco inclui produções e melodias mais polidas; agora preparadas para serem apresentadas para multidões – tudo sem perder o ar íntimo, algo já característico do paulista.

“SUPER” é um álbum emotivo, aconchegante e, muitas vezes, grandioso. A força do projeto está em momentos distintos como “Escorpião”, “Julho”, “Eu Posso Ser Como Você” e “São Paulo, 2015”; que mostram a versatilidade e imponência de um artista que já solidificou sua presença na música pop brasileira.

Nota: 9/10

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