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Crítica: “Barbie” é inteligente ao refletir os desafios de ser humano

Dirigido por Greta Gerwig, o aguardado filme chegou aos cinemas nesta quinta-feira (20)

barbie teaser
Foto: Divulgação

Bastam poucos minutos dentro da sala de cinema para se dar conta de que “Barbie” é mesmo tudo aquilo que falaram – e nas últimas semanas, não se fala em outra coisa. Greta Gerwig tinha em suas mãos a responsabilidade de, pela primeira vez, representar a boneca mais famosa do mundo em live action, e o fez com maestria.

Apoiada em um roteiro inteligente de sua própria autoria em parceria com Noah Baumbach, a diretora conseguiu tirar o melhor dos protagonistas Margot Robbie e Ryan Gosling, que esbanjam uma química digna de Barbie e Ken. O extenso elenco de coadjuvantes também não fica para trás. 

Com nomes como Simu Liu, Kate McKinnon e America Ferrera, somos apresentados à Barbieland, um mundo ideal onde tudo é perfeito e todos os dias são os mais felizes das vidas das Barbies e Kens que ali vivem. Nesse sentido, o filme não economiza nas referências das mais diversas versões da boneca, dando espaço até mesmo a versões descontinuadas pela Mattel. 

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Na terra da Barbie, as mulheres dominam todas as áreas e ocupam todos os espaços de poder. É nesse mundo de imaginação que o longa estabelece a oposição ao machismo e sexismo do mundo real. 

Quando a Barbie Estereotipada, interpretada por Margot, começa a experimentar pensamentos intrusivos sobre morte, mau hálito e pés achatados, ela precisa ir ao mundo real para entender que, diferente do que ela acreditava, as Barbies não criaram um mundo ideal onde as mulheres podem ser o que quiserem. A atriz traz um tom de doçura e espontaneidade para a personagem, tornando fácil a realidade de enxergá-la como humana. 

A oposição entre Barbieland e o Mundo Real

Tomado por um tom debochado, metalinguagem e auto referências, o humor se faz justamente na maneira como as problemáticas óbvias do patriarcado são explicitadas de forma orgânica e divertida na narrativa. É difícil não se enxergar em algumas das cenas – e é aqui que mora a sensibilidade da história. O roteiro não decepciona em seus picos de emoção e, pouco depois dos olhos se encherem de lágrimas, é possível ouvir a sala de cinema cair na risada. 

No mundo real, enquanto Barbie encara o fato de que suas concepções sobre a perfeição estavam erradas, Ken entende que é possível existir uma dinâmica diferenciada onde ele pode ser muito mais do que apenas um profissional da praia que precisa da validação de Barbie para existir. A crise existencial da boneca é sustentada por um timing cômico certeiro, com participações pontuais da narradora Hellen Mirren que fogem de fórmulas batidas do cinema e se conectam diretamente com os espectadores. 

“Barbie” é uma produção licenciada pela própria Mattel, empresa responsável pela boneca, mas isso não impediu Greta de criticar o corporativismo e o consumismo que envolvem o sucesso mundial e atemporal da boneca. Em momentos, é possível ecoar na mente do público a dúvida sobre como foi possível o longa ser aprovado pela empresa – mas parece que a propaganda funciona e que, por vezes, rir de si mesmo é o melhor remédio. 

Barbiecore em todas as formas

Além de passar a mensagem por meio dos detalhes visuais pensados minuciosamente, o filme também se destaca nos momentos musicais. Ryan Gosling então mostra que soube entender o seu papel perfeitamente e, inevitavelmente, roubou a cena repetidas vezes. Seu monólogo musical é um dos pontos altos de “Barbie”, mostrando que a escolha do elenco não poderia ter sido mais assertiva. 

A trilha sonora também foi muito aguardada e não poderia ter funcionado melhor. Logo nos momentos iniciais do filme podemos ouvir Lizzo com “Pink”, música que se encaixa perfeitamente com a apresentação da personagem principal. “Dance The Night” não demora a embalar a festa de uma noite das garotas na Dreamhouse, e complementa a tímida participação de Dua Lipa. Charli XCX também garante a diversão em uma cena tensa ao som de “Speed Drive”.

Talvez seja a ousadia de Greta Gerwig em encontrar esperteza no óbvio, talvez seja o apelo nostálgico, a estética atraente ou uma mistura de todos. Mas Barbie não é somente tudo aquilo que promete, como é também um abraço as meninas e mulheres em todos os seus momentos, qualidades, defeitos e desafios – o que torna o filme uma experiência que vale a pena ser vivida dentro ou fora da sala de cinema. 

Nota: 10/10


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