O caminho nem sempre foi fácil para Demi Lovato, que repetidamente se viu em momentos de dificuldades e dúvidas ao longo de sua trajetória. Agora, com seu mais novo álbum “HOLY FVCK”, Demi parece estar finalmente caminhando para o lugar em que sempre quis chegar, trazendo referências nostálgicas e sonoridades familiares que não demoram a agradar os fãs e público geral.
Lançado nesta sexta-feira (19), seu oitavo álbum de estúdio chega pouco mais de um ano após o disco “Dancing With The Devil… The Art of Starting Over”, lançamento de retorno após sua saída da reabilitação devido a uma overdose, em 2018. Neste trabalho, Lovato se aprofunda nos desafios de sua saúde mental e adicção, enquanto constrói a narrativa para alcançar um lugar onde se sinta feliz e realizada.
“HOLY FVCK” soa logo em seu primeiro contato com o público como um grito que estava entalado na garganta de Demi por algum tempo. “Demi deixa a reabilitação de novo / Quando essa merda vai acabar?”, canta no primeiro verso do carro chefe da era, o single “SKIN OF MY TEETH”, lançado em junho, já adiantando o que o novo trabalho prometia: um grito de alívio e a mensagem de alguém que tem muito para falar.
Em entrevista à Vogue, Demi deixou claro que a ideia de retornar as suas raízes veio da necessidade de resgatar sua própria verdade em uma busca constante por sua autentcidade. “É para isso que quero voltar. Parecia certo para mim porque eu estava sem fazer isso há algum tempo. Eu queria retornar para as minhas raízes”, pontuou.
Um desabafo coeso
“FREAK”, parceria com Yungblud, abre o disco já pontuando ali o objetivo do eu-lírico: “Pegue seus ingressos para o show de horrores, amor / Se aproxime para ver a aberração enlouquecer”. A participação do cantor britânico adiciona na medida certa e impacta para o refrão cativante que facilmente entra na mente de quem escuta.
Não coincidentemente, o título do álbum e todas as suas 16 faixas são escritos em caixa alta, demonstrando já visualmente a força que as músicas carregam, representando desabafos de Demi que despertam no ouvinte a vontade de gritar cada palavra das canções.
Em “EAT ME”, Demi continua mostrando que acertou em cheio nas escolhas de colaborações do álbum. Mais uma vez, Lovato mostra que a narrativa criada desde a primeira faixa se desenrola com a ajuda de uma sonoridade rock forte e uma coesão certeira para quem segue a ordem das faixas do começo ao fim.
Este é um disco pessoal, que mostra suas facetas, batalhas, quedas, descobertas e superação. Ao mesmo tempo em que dá uma nova interpretação ao amor em faixas como “4 EVER 4 ME”, mostrando sua recém-desenvolvida maturidade para relações românticas, Demi também fala sobre amizades, religião, raiva identidade de gênero e tantas outras temáticas que representam fielmente a artista que cresceu aos olhos do público.
Apesar das fortes batidas, guitarras, sintetizadores e a já conhecida extensão vocal potente de Demi, o disco também tem seus momentos de calmaria com melodias desaceleradas, como é o caso de “HAPPY ENDING”, que gera um equilíbrio importante para o fluxo das faixas.
A nostalgia e evolução em “HOLY FVCK”
Não é difícil de notar algumas auto referências a medida que as faixas se revelam. “CITY OF ANGLES” já se mostra familiar logo em seus primeiros acordes, revelando uma artista que cresceu de álbuns como “Don’t Forget” (2008) e “Here We Go Again” (2009) para um rock muito mais estruturado e atualizado no novo trabalho.
Avril Lavigne, Blink-182, Paramore e Evanescence são algumas das referências que se ressaltam no decorrer do álbum. Estas também são responsáveis pela nostalgia cuasada logo cedo no disco, nos transportanto para o início dos anos 2000 quando o emo vivia seu auge. As faixas “DEAD FRIENDS” e “HEAVEN” são ótimas escolhas para captar o aspecto nostálgico do trabalho.
Esses elementos se estendem ainda ao visual adotado por Lovato para a nova era, apostando em roupas de couro, cores escuras, maquiagens pesadas e caracterizações que remetem ao gótico e punk rock. A escolha mostra que a jovem escolheu o momento certo do revival do emo para explorar esses aspectos.
Demi também volta no passado ao relembrar algumas situações antigas de sua vida. “29”, muito esperada pelos fãs desde que foi anunciada, mostra mais uma vez a disposição de Demi em abrir seu coração para contar sua história de forma vulnerável e aberta. A faixa aborda o relacionamento de Lovato com o ator Wilmer Valderrama, que na época tinha 29 anos, enquanto a artista tinha apenas 17. A faixa se encerra com um momento apenas de voz e violão em que é possível notar o sofrimento na voz da artista ao reviver o assunto.
O início do recomeço de Demi Lovato
“HOLY FVCK” não se limita a um único tema, mostrando que Demi tem uma extensa história para contar, e seus muitos anos no show bussiness entre quedas e voltas por cima a auxiliaram para amadurecer não só suas ideias, mas também suas referências e objetivos para o futuro de sua sonoridade.
Neste trabalho, a artista abusa das guitarras, toques de screamo e produção certeira para passar uma mensagem. A voz de “Cool For The Summer” não somente revisita o passado com doses de ironia, raiva, sofrimento e amor, mas também abre as portas para a chegada de uma nova Demi Lovato, mais autêntica e segura do que quer para si.
Nota: 8.5/10
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