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Kehlani busca otimismo e cura em novo álbum, “blue water road”

O álbum foi lançado nesta sexta-feira (29) e tem participações de Justin Bieber, Jessie Reyez e mais

Após a sua irradiante passagem pelo Brasil no último mês, Kehlani lançou nesta sexta-feira (29) o seu mais novo álbum de estúdio, “blue water road”. Com 13 faixas, o projeto é cercado de cura, otimismo e leveza, além de contar com participações de Justin Bieber, Jessie Reyez, Thundercat, Ambré Syd e Blxst.

Imagem: Divulgação/@brialysse

A busca da paz em “blue water road”

Não é segredo a ninguém que 2020 foi um ano difícil para todos. Além do isolamento e perdas, Kehlani na época passava por uma sequencia de turbulências em sua vida, várias perdas de amigos e a incerteza e solidão de lançar um disco novo em meio a esse caos. “It Was Good Untill It Wasn’t”, ainda que tenham alguns momentos mais sexys e descontraídos, majoritariamente traz o reflexo e um recorte de todo esse momento sombrio de angústia e luto.

Imagem: divulgação/@brialysse

Dois anos se passaram, as possibilidades se abriram, a vida andou e os shows voltaram. E é nesse ponto que Kehlani resolve abraçar e começar o “blue water road”.

Despretensioso, ensolarado e leve são algumas das características fáceis de descrever o novo disco da cantora. No decorrer das 13 faixas, é possível sentir e ouvir uma Kehlani mais madura, romântica e no caminho de uma cura para tudo o que passou até agora.

As irradiações dessa alegria contagiam todo o projeto, que segue de uma forma tão fluída e natural, que todas as faixas cumprem o seu papel dentro daquela sequência, criando uma unidade acolhedora ao ouvinte. Porém, tudo isso sem perder a ótica artística de Kehlani: o sarcasmo, a diversão, o amor e a sagacidade de suas composições e entrega vocal.

Em uma perspectiva sonora, o disco é tão bem articulado pela artista que mesmo com esse senso de unidade, em momento algum a monotonia atinge o trabalho. Ainda que a base seja o r&b mais tradicional e mid-tempo, a roupagem das canções amplificam as suas nuances quando passam pelo pop e indie, tornando um disco facilmente mais comercial do que o seu anterior, por exemplo – algo que até remete a um dos seus melhores álbuns até hoje, o SweetSexySevage, que se joga bastante no pop sem perder a sua raíz do r&b.

Os destaques de “blue water road”

“altar”

A musica e o videoclipe são uma ótima tradução da mensagem do disco: o caminho da cura após tantas turbulências. Não à toa foi escolhido como lead single do projeto. Os acordes de guitarra mais distorcidos, com um toque de orquestra (dois elementos bem presente no decorrer do disco) elevam a composição que fala sobre perder alguém e como homenagear e manter viva a memória daquela pessoa entre nós.

Deixando bem explicito que de fato Kehlani está em um novo momento e fase desse luto, o que representa muito bem a vibe do disco como um todo. Até se pegarmos a música do álbum anterior, “Grieving”, com James Blake, é possível ver a diferença atmosférica mais pesada e sombria que estava passando para o momento atual mais otimista.

“more than i should”

Uma das mais divertidas, o encontro de Kehlani com Jessie Reyez é um grande acerto do disco – e uma das mais sexys também. A produção se destaca pelo baixo, com aquele groove bem funk, junto com as modernas batidas de r&b e trap, acompanhando a sagacidade da composição que no final das contas é sobre traição. A música provocativa fala sobre um relacionamento que está tão ruim que achar outro alguém nem parece uma traição. O jeito divertido e debochado que as duas cantoras se encontram faz com que a música seja impossível de tirar do repeat!

“melt”

Escancarando o seu lado romântico, Kehlani utiliza do seu momento mais poético dentro do álbum para falar de amor e entrega, assim como sobre finalmente achar alguém que transmita segurança, do amor incondicional e de uma forte relação intrínseca. Toda essa inebriante história de amor se torna ainda mais grandiosa com o toque orquestral que a música vai ganhando aos poucos, além das harmonias cristalinas que a cantora faz ao decorrer da faixa. De longe uma das faixas mais bonitas do álbum!

“wish i never”

Com a produção mais “torta” e intensa, “wish i never” podia facilmente ter sido uma produção do Pharrell Williams. Porém, Pop Wansel e Rogét Chahayed fizeram um excelente trabalho, especialmente com a base e bateria, que reverberam mais a intensidade e atitude que a faixa exige.

A nostalgia da música vem do sample de um clássico do hip-hop dos anos 80, “Children’s Story”, de Slick Rick. Os detalhes do teclado e synth, que estão mais escondidos, dão um toque refinado para a faixa, que acompanham esse flow magnético de Kehlani e mostra aquela atitude que tanto gostamos da cantora, remetendo principalmente aos seus trabalhos mais antigos.

Considerações finais

O álbum poderia facilmente cair em um utopia de felicidade e positividade tóxica, mas que Kehlani ao longo das faixas deixa bem explicito que não é o caso.

Ao longo desse conjunto de canções, a cantora mostra um caminho bem humano da cura, sabendo dos seus limites e inseguranças. Porém, Kehlani também aborda como seguir em frente e evoluir a partir da perda e da dor ao longo de toda essa estrada da vida.

No fim, “blue water road” é um disco que soa como o trabalho mais natural e maduro que Kehlani já fez até aqui. O semblante ensolarado em cada parte desse disco não esconde a sua vulnerabilidade mas também não a define. Mostra a cantora em dos seus melhores momentos da vida, despindo-se de qualquer expectava ou pressão que possam ter criado em cima de sua imagem e carreira. No fim, é um álbum livre, irradiante de emoções e realisticamente otimista.

NOTA: 9/10

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