Nesta quarta-feira, faz exatamente uma semana desde que o BTS fez seu debut nas passarelas pela Louis Vuitton, exibindo a nova coleção da marca. Os sete integrantes são embaixadores da grife desde janeiro e, em plena temporada de alta costura, ultrapassaram mais uma fronteira em sua jornada artística – um novo posicionamento e mais um holofote.
A Coreia do Sul, berço da alta performance e tecnologia, agora entra no grupo de capitais da moda ao redor do mundo, junto com Milão, Paris, Nova York e Londres. Assim como Amsterdã, na Holanda, a capital coreana, Seul, vem atraindo os olhares dos estilistas mais renomados e está na corrida pelo seu lugar na indústria. E, nesse quesito, BTS é uma excelente forma de “dar a largada”.
Leia também: Quer playlists de verão? Barack Obama e BTS compartilham as deles!
BTS x Louis Vuitton: o “renascimento” da moda para uma nova geração
BTS faz sua estreia na moda em um momento muito particular. Com o mundo ainda vivendo em pandemia e inconstância, os desfiles seguem restritos para poucos convidados e em centenas de protocolos de segurança.
A inovação, no entanto, vem com a exibição pela internet – e é nesse ponto que o grupo musical marca presença de forma muito potente. É onde a maior parte do seu público está, batendo recordes em streams e visualizações. Em contrapartida, é onde as grifes ainda estão tentando acertar o tom na comunicação. Com isso em mente, fica mais fácil compreender a escolha criativa como uma estratégia de marketing (o que não é de todo mal).
É importante frisar o que é o BTS nesse cenário. Um grupo de sete rapazes na faixa de seus vinte e poucos anos, millennials, mas que estão em contato, principalmente, com a geração Z. A comunicação é feita mesmo quando o idioma é completamente diferente e único, com uma discografia despreocupada com a universalização (o uso da língua inglesa é meramente facultativo, com parcerias aqui e ali). Desde campanhas publicitárias para a Samsung até compromissos humanitários com a Unicef, eles são os rostos mais conhecidos do momento e fazem muito barulho. E, mesmo com todas as barreiras culturais, o grupo é um fenômeno global.
O grupo é muito marcado por ser mais descolado, totalmente informal, e seguir tendências de streetwear – totalmente o oposto da alta-costura. E o interessante foi perceber que, no desfile, essa essência não se esvaiu. A coleção é um spin-off do apresentado em janeiro, com 7 novos trajes que fogem da neutralidade da estação e surgem em peças divertidas, coloridas, inspiradas em viagens e paisagens urbanas. Segundo o designer Virgil Abloh, que está à frente da grife, “o BTS incorpora essa vibe completamente. Eles adicionaram o seu próprio toque à coleção, se apropriando dela e elevando a novas alturas”.
De fato, as vozes de “Butter” se comunicam onde as grifes não chegam – nos ‘trending topics’ no Twitter, no “explorar” do Instagram, nas correntes do TikTok. E, levando em consideração que a Louis Vuitton existe como marca de luxo há décadas, evidentemente surge a necessidade de trazer esses novos consumidores para perto, ampliando o espectro e adaptando às novas tendências.
O que muda nessa nova estratégia de comunicação não é o produto, mas, sim, a forma de colocá-lo à mostra. Além de trazer um dos maiores países asiáticos para a elite fashion (algo inimaginável, uma conquista desta década), é a chance que as grifes têm para mostrar que estão comprometidas com a diversidade, com o reconhecimento de novas culturas, e também dando lugar à estilos que contrapõem os padrões estéticos – demandas urgentes para essa nova geração.
Por outro lado, é válida a reflexão de que isso impõe um novo patamar de reconhecimento para outros grupos semelhantes, oriundos do mesmo país. O k-pop ganha um novo degrau na busca pelo sucesso, inversamente proporcional ao que se sabia até então. Os idols, que antes eram tão conhecidos por serem vizinhos de porta dos fãs, vistos em lugares comuns, agora são superestrelas, “ocidentalizando” a fama – se tornam mais inacessíveis, com altíssimo valor de mercado, figuras irrealistas em palcos e passarelas.