Em 2019, fui pego de surpresa quando escutei uma música que era a cara do verão brasileiro: pop, tropical e divertida. “Ombrinho” fez o grupo mineiro Rosa Neon entrar na rota de vários festivais e estourar na internet. Algo que sempre me deixava encantado com as músicas da banda era uma voz potente, com um timbre único, de Marina Sena.
Dois anos mais tarde, o conjunto encerrou as atividades e Marina potencializou todo o seu talento e se dedicou em composições encantadoras, íntimas e divertidas nos primeiros passos da sua carreira solo. Uma coisa eu garanto: ela é o momento e você precisa ficar de olho porque essa menina vai ser muito grande ainda. Vem comigo entender um pouco mais!
Após o início da carreira solo com “Me Toca”, que para mim é mais um dos hits do verão de 2021, Marina Sena lançou o seu novo single, na última quinta-feira (11), “Voltei Pra Mim”. O novo repertório prepara terreno para o primeiro álbum da cantora e compositora mineira, que deve sair ainda nesse ano.
Por que você precisa ouvir Marina Sena?
Não vou mentir: escutar uma música que mistura R&B com MPB, de forma tão inteligente e refinada, me deixou empolgado como já não me sentia há tempos. Nesse novo repertório, Marina entrega vocais, estética, videoclipes e o mais importante: uma narrativa muito fácil de enxergar no lugar, melodias deliciosas e refrões que ficam em looping na cabeça. Então, se você fosse me perguntar: “Quem é a próxima grande aposta do pop brasileiro?”, sem dúvida eu apostaria todas as minhas fichas em Marina Sena.
Sabe aquele papo que rola de madrugada quando você se reúne com os amigos, em uma mesa de bar (hoje por vídeo-chamada), e desabafa sobre relacionamentos e questionamentos sem respostas sobre a vida? Só que daí o álcool torna tudo mais descontraído e até poético? (talvez eu tenha sido muito específico) Pois é, essa é mais ou menos a sensação que sinto ao escutar as músicas de Marina.
Em cada canto de suas rimas e versos, a efusão, sensualidade e profundidade da artista ficam evidentes. O sentimentalismo que transborda os versos, e os refrões que te fazem cantarolar mesmo depois que a música já tenha terminado, destacam a genialidade de uma boa composição e potência de ser abraçado.
Essa capacidade de aproximar o público me fez sentir como se eu estivesse ouvindo aquele tipo de áudio da sua melhor amiga desabafando sobre a vida, sabe? E isso me fez questionar: como assim essas músicas ainda não tocam incansavelmente nas rádios desse país?
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O novo repertório de Marina Sena
Em “Voltei Pra Mim”, a abertura já chama atenção de cara. O grave que dá o tom para o resto da canção se intercala com batidas de dance hall e nuances que lembram o funk brasileiro. Todos esses elementos juntos criam uma atmosfera sexy, provocativa e autoconfiante, reforçando ainda mais a composição.
A atmosfera da canção deixa espaço para todos esses elementos transitarem e se interligarem muito bem juntos, dando um tom muito introspectivo e até chique, ao mesmo tempo. (Confesso que é muito boa para ouvir no banho lembrando daquela pessoa que te deixou e mentalizar como você tá bem melhor agora…)
Já em “Me Toca”, que é acompanhado de um simples mas belíssimo clipe, a produção tem uma melodia quase falada e debochada. A produção tem uma base de samba, que é camuflada por uma roupagem mais moderna de r&b. Ah, e já digo de antemão que é impossível escutar e não ficar cantarolando em looping: “Me toca, me toca pra ver se toca, me toca não me provoca, se joga que eu ‘tô na sua…”.
Ambas produzidas por Iuri Rio Branco mostram o acerto em cheio dessa parceria, que trazem todo esse lado mais clássico da MPB com uma roupagem moderna, pop e ao mesmo tempo chique. Se tem uma coisa que Marina Sena demonstra já de cara é a personalidade, o talento como compositora e a diversão que sempre se fez presente na sua carreira. Não sei para vocês, mas isso já é o pacote completo, não é?
Ainda sim, escutando esse seu pequeno repertório até o momento, tracei três artistas que consigo enxergar um pouco das suas inspirações em seus trabalhos: as composições e estéticas que lembram DUDA BEAT, o feeling dos momentos mais românticos de Gal Costa, a sonoridade latina e moderna de Kali Uchis e a extensão vocal e melódica do r&b de Ari Lennox. Combinação perfeita, né?
Se no Rosa Neon a cantora experimentou seu lado mais MPB e pop, já em A Outra Banda da Lua, projeto paralelo, a cantora brincou mais com o rock, pop psicodélico e samba. Antes dos seus singles solos, Marina também fez participação na música “Tema”, da dupla Hot e Oreia, e em “+1 Minuto” e “Sem Coração” no álbum de estreia do Jean Tassy, intitulado “Amanhã”.
Em conclusão: sim, no momento só escuto “Me Toca” e “Voltei pra Mim” (por favor, lança logo esse álbum!). Marina Sena é o pacote completo nesse novo pop nacional e é só uma questão de tempo até as músicas tropicais, sexy, introspectivas e viciantes invadirem as rádios do Brasil inteiro. Nesse curto período ela já se mostrou uma excelente compositora e com grandes planos para sua carreira solo. Mas por enquanto, o que resta é tacar stream nas plataformas, esperar o primeiro álbum ser lançado, e assim como eu, espalhar a palavra de Marina Sena!
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Tracklist