É incrível o poder que a internet tem hoje de fazer pequenas coisas se tornarem grandes, e grandes coisas se tornarem insuportáveis. Isso é um problema? Sim, e também não. Vou dizer o porquê.
Nesta manhã de segunda a internet ficou eufórica com o texto do Gregório Duvivier publicado na Folha de São Paulo para sua ex Clarice Falcão. O texto nada mais é que uma descrição rápida sobre o relacionamento que eles tiveram; e também uma publicidade – nada subtendida – de um novo filme que os dois estrelam juntos. Você pode ler esse texto aqui.
Obviamente que o texto já foi problematizado porque a internet não perdoa e tem mania de cagar regra até pras histórias de amor. E nesse caso, em específico, a problematização começou desde que o namoro dos dois foi exposto em canções de Clarice. Tendo isso como base, as pessoas já acham que são donas da verdade e que histórias de amor podem ser de domínio público: o que não é verdade.
Clarice sempre disse em vários lugares que o término dos dois foi amigável. Clarice já compôs um disco inteiro sobre Gregório. Clarice já falou muito de Gregório. Foram muitos anos de relacionamento. E apesar das especulações de traição por parte dele que – novamente – a internet tomou como engajamento social; Clarice sempre disse que ama Gregório, que respeita Gregório e que é amiga de Gregório.
Então, por que Gregório não pode dizer o mesmo de Clarice em uma coluna de jornal? Por que Gregório, mesmo que tenha usado a publicidade como caminho, não pode dizer que ama Clarice, que sente falta de Clarice, e que, Clarice sempre será o amor da vida dele?
Vocês já pararam pra pensar que talvez Clarice tenha consciência do que se trata o texto de Gregório? Eu já. E cheguei à conclusão que ela talvez tenha sorrido, porque não importa o que tenha acontecido na história dos dois, a gente nunca vai saber. A gente especula, investiga, questiona. Mas do coração, só eles mesmo é quem sabem.
O mundo é tão complicado. Existem tantas questões para serem discutidas. O racismo, homofobia, gordofobia, transfobia, feminismo, feminicídio, machismo… Por quê mesmo que a gente problematiza algo que deveria ser a salvação de um mundo falido? Se for pra problematizar tanto textos sobre amores que evoluíram ou se findaram, exterminem os livros de poesia. Os contos. As novelas. Filmes e músicas também.
Gregório ama Clarice. Clarice ama Gregório. E por mais que a internet tente jogar lixo em cima do que é bonito, o amor dos dois continua ali, intacto. Por mais amigável que seja. O amor verdadeiro não acaba, apenas evoluí.
Vira um poema bonito. Uma música bonita. Uma coluna de jornal. Um tweet. Uma carta. A gente eterniza um amor que acabou com as palavras mesmo. Se não fosse pra ser assim, não teria graça.
Não precisamos falar de Gregório e Clarice. Não precisamos problematizar isso. Não precisamos dizer que Clarice ofereceria um Banho de Piscina à Gregório – Clarice acabou de lançar seu novo álbum de estúdio intitulado ”Problema Meu” e nega qualquer indireta ao ex -. Não precisamos pedir que eles voltem. Precisamos mesmo é nos dar conta, que talvez, expor o amor é bonito. E que não precisamos ter vergonha disso.
”Nada é mais universal que o amor, mesmo que por algum momento a gente pense que é um sentimento falido, escasso e frágil, ninguém pode com o poder do amor. É avassalador, é um tiro no peito, é a força suprema. Até o mais bruto dos seres sucumbe aos assuntos do coração.” – Hariana Meinke
Texto: Lorrany Farias