Quem nunca passou pela frustração de colocar o pé na rua e perceber que esqueceu os fones de ouvido em casa? Hoje, os dispositivos móveis nos possibilitam carregar a nossa playlist para todos os lugares que passamos.
A música nos coloca em um estado paralelo de consciência. Isso é um fato e ninguém pode negar. Quando nos entregamos para a nossa canção favorita somos capazes de criar uma atmosfera que se desloca da realidade e nos coloca em vídeo clipe. Uma expressão americana define esse sentimento como uma “soundtracked life” (tradução livre: uma vida com trilha sonora). Outro fato curioso para aqueles que amam a música, é que assim como ela cria realidades paralelas e muda nosso humor, elas também adquirem memórias. Muitas vezes ouvimos uma canção para lembrar de uma pessoa, ou de uma viagem, até mesmo de uma estação do ano.
A música constrói o caráter de muitos jovens. Os Beatles, Rolling Stones e The Who foram aclamados por plateias juvenis. A música pode criar um espaço de concentração para os atletas antes dos jogos ou lutadores antes de suas lutas. No beisebol, a maioria dos jogadores tem um “walk-up song” antes de irem rebater.
Jogos de estratégia, lógica e paciência também têm seus adeptos. Os fones de ouvido são parte da indumentária dos melhores jogadores de poker – muitos deles, inclusive, possuem playlists que compartilharam com o público. André Akkari, por exemplo, jogador de poker profissional, procura em sua playlist o espaço perfeito para se concentrar totalmente na mesa.
Afinal, escutar música ajuda o desempenho mental e físico?
Estudos revelam que escutar música pode provocar mudanças neurais e fisiológicas no cérebro humano. O habito de escutar canções é aliado em uma série de atividades, seja para estimular concentração, atividade física, meditação, memória e até como auxiliar em tratamentos, caso da Musicoterapia. Pouco se sabe diante da infinita capacidade do cérebro humano. Estudiosos e cientistas têm reunido forças para analisar os efeitos benéficos da música para as pessoas e o meio que estas habitam.
A música ocidental é baseada no “acidente” matemático, ou seja, a escala maior não é perfeita. Ela tem sustenidos e bemóis. Alguns desses “acidentes” matemáticos foram condenados por muitos anos por algumas religiões. No canto gregoriano, por exemplo, o intervalo entre notas chamado de “quinta diminuta” era proibido por ter o poder de trazer energias negativas devido ao seu som dissonante. Já a música ocidental não tem esses “erros” matemáticos e sua escala maior é perfeita e totalmente consonante, trazendo enorme conforto para os ouvidos. Tendo como base essas duas informações podemos pensar que a música ocidental se baseia na criação de problemas matemáticos (dissonâncias) e sua resoluções (consonâncias). Sim, música é matemática e muito cálculo.
Presente em todas as culturas, nossos ancestrais utilizavam melodias para a busca de curas ou alívios de diversas doenças, sendo elas físicas, mentais ou ainda para fenômenos sobrenaturais.
Seja a função escolhida, para estudar, para se exercitar ou acalmar a alma, o importante é estar sempre com sua playlist no volume máximo e fazer com que a música seja um elemento importante para a construção das nossas relações diárias.