Com influências diretas do blues e soul, a cantora Sonja se prepara para lançar o seu mais novo álbum autoral, “Rainha de Copas”. A artista destaca a intensidade pessoal que esse álbum carrega, e afirma que o disco tem um lugar em sua vida como uma espécie de cura, para cicatrizar tudo aquilo que já viveu em relações abusivas. Em entrevista ao Tracklist, Sonja fala mais sobre o trabalho, que chega às plataformas digitais no dia 25 de agosto.
Entrevista: Sonja
Tracklist: Como estão as expectativas para o lançamento do seu novo álbum, “Rainha de Copas”?
Sonja: Como foi um álbum muito intenso, feito com muito suor e amor, e levou três anos (desde a ideia até a finalização) para ficar pronto, as expectativas são as melhores possíveis, embora eu tente não criá-las, né? É sempre melhor. Mas, queremos mesmo é que tudo flua bem e que esse álbum cumpra sua função, que é chegar às pessoas, abraçá-las.
Como você definiria as principais diferenças entre esse trabalho e seu primeiro disco autoral?
Esse álbum vem mais maduro, não só porque o primeiro foi feito há seis anos, mas porque fala de experiências que passei, que me fizeram amadurecer bastante. Além disso, por ser todo em português (o primeiro é todo em inglês), comunica melhor por falar a língua do meu público. Acredito que ele alcança melhor as pessoas, além de ser mais nu – não me escondo atrás de uma língua que limita o entendimento, sabe? O álbum todo em português, como bem disse o produtor musical Marco Lacerda, não encontra tantas barreiras para comunicar o que é tão visceral e emocional meu em dizer.
Sendo um trabalho mais pessoal, qual foi a parte mais desafiadora de transformar seus sentimentos em um álbum completo?
Na verdade, a parte mais desafiadora foi passar por tudo que me fez compor essas músicas. Digo, as experiências de vida mesmo. Isso foi realmente desafiador. Transformar meus sentimentos em um álbum completo, foi meu processo não de cura, mas de direcionar aquilo tudo pra algo bom.
Fazer música com aquilo que me feriu foi bom, foi acolhedor, foi bonito. Escrever as músicas foi doloroso, porque eu ainda estava com as feridas muito abertas e ainda me ferindo mais. Ainda estava vivendo um caos total. Mas gravar o álbum, já veio em um momento em que eu tinha uma clareza melhor sobre tudo o que houve, já estava conseguindo ver com outros olhos, de maneira mais serena.
Desafiador mesmo – mais pro Marcão e pra Jeyce, que foram as pessoas que mais ajudaram nesse processo de composição – foi passar essas músicas que antes eram em inglês, para o português, sem perder aquilo que eu quis dizer quando as escrevi e de modo que ficassem coerentes e bonitas. Marcão, que pra mim é um dos melhores compositores que eu conheço, cortou um dobrado trazendo essas musicas pro português e fez um excelente trabalho.
Tiveram artistas que te inspiraram nesse momento? Quais?
Fui muito inspirada pelo Ney Matogrosso, por The Suffers, Sharon Jones & The Dap-Kings, pelo Tim Maia, pela Liniker e pela Rita Lee. Posso dizer que essas foram as maiores inspirações do meu processo nesse álbum.
Com a previsão de sair em turnê com o “Rainha de Copas”, quais músicas você está mais empolgada para apresentar ao vivo? Por quê?
O álbum tem um medley que toda vez que tocamos no ensaio, me arrepia. Não consigo deixar a canção de lado nem no ensaio. Quando eu vejo eu já estou ali, de olhinhos fechados, viajando no arranjo e em tudo que a música traz, revisitando vários lugares pra onde ela me leva. Ela tem uma força, uma potência, que eu não sei explicar.
É a junção de três músicas do álbum que se interligam e contam/resumem um pouco da história do álbum. Eu sou apaixonada por esse medley e estou ansiosa pra ver como ela vai ficar, quando encontrar com a energia do palco que, aliás, eu estou morrendo de saudade de sentir de novo, depois de três anos praticamente sem fazer show.