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Entrevista: Dustin Lynch fala sobre a conexão country e sertanejo

O artista falou, ainda, sobre o desejo de realizar turnês frequentes no país

Foto: Reprodução/Instagram

Dustin Lynch, um dos ícones da música country norte-americana, fez sua estreia no Brasil durante o Jaguariúna Rodeo Festival 2024, que aconteceu de 19 a 27 de setembro. O artista se uniu à renomada dupla Fernando & Sorocaba, apresentando ao público brasileiro a nova versão de seu sucesso “Small Town Boy“, intitulada “Gosta de Caras Assim“. Com uma carreira sólida nos Estados Unidos, Dustin expressou seu entusiasmo por essa colaboração, destacando as semelhanças entre os gêneros country e sertanejo.

Em uma conversa exclusiva com o Tracklist, Dustin compartilhou ainda sua experiência no Brasil, as expectativas para sua apresentação e revelou os planos que tem para futuras colaborações no cenário musical brasileiro. Confira!

Dustin Lynch fala sobre parceria com Fernando & Sorocaba e revela planos de voltar ao país

Desde 2012, você construiu uma carreira sólida na música country americana. Agora, 12 anos depois, você está estreando no mercado brasileiro ao lado da dupla Fernando e Sorocaba. Como surgiu essa parceria? Quais são suas expectativas para a apresentação no Jaguariúna Rodeo Festival?

A colaboração aconteceu por meio de várias coincidências. Um amigo em comum, meu e de Sorocaba, nos apresentou há muito tempo, e ele estava tentando me trazer ao Brasil há anos, só para eu conhecer todo mundo. Desde o início, eu tinha o objetivo de trazer minha música para cá; só não sabia como. Fernando e Sorocaba facilitaram isso de uma maneira incrível. Eu amo a vida de rodeio e a família que isso representa nos Estados Unidos, e sei que aqui no Brasil é tão forte ou até mais. Minhas expectativas para esse rodeio são bem altas. Eu vi vídeos e fotos dos shows e do rodeio, e sei que vou ficar impressionado. Trouxe minha equipe de vídeo dos Estados Unidos para capturar esse momento e guardá-lo para o resto da minha vida.

“Gosta de Caras Assim” é uma versão do seu sucesso “Small Town Boy”. Como foi o processo de adaptar essa música para outra língua e cultura? E como você vê o potencial dessa fusão entre country e sertanejo para alcançar um público ainda mais diversificado e internacional?

Eu acredito que o potencial da fusão entre o country americano e o sertanejo é enorme. Sinto-me honrado em ser, imagino, um dos primeiros — pelo menos, é assim que vejo — a ter minha música escolhida para isso. Confiei muito em Fernando e Sorocaba, e em sua equipe, para a tradução, porque, sabe, as expressões e palavras americanas nem sempre se encaixam. Então, talvez algumas músicas não funcionassem, mas com “Small Town Boy” deu certo. Estamos recebendo o feedback e, embora tenha sido um pouco surpreendente, foi de uma maneira boa, uma bênção. Sou muito grato por me marcarem nas redes sociais; isso coloca um grande sorriso no meu rosto toda vez que vejo essa versão da música aparecer no meu celular e as pessoas a tornarem parte da trilha sonora de suas vidas.

Por falar em “Small Town Boy”, a canção fala sobre a vida simples e o espírito de viver em uma cidade pequena, o que se conecta bastante com o sertanejo no Brasil. Você notou similaridades entre os dois gêneros? O que mais chamou a sua atenção na essência do sertanejo brasileiro?

Sim, o que mais me chama a atenção — e acho que é semelhante ao que percebo — está nos shows ao vivo. Consigo sentir, mesmo sem entender bem o português ainda; estou trabalhando nisso e vou melhorar com o tempo. É a emoção e no que acreditamos, como fãs e como pessoas. “Small Town Boy” fala sobre como a pessoa que você ama gosta de você, pelo que você é e de onde você vem. Eles não estão buscando uma versão melhor de você; eles te aceitam pelo que você é. Isso é algo que, não importa aonde você vá no mundo, se houver honestidade no relacionamento, sempre será assim.

Você já trabalhou com grandes artistas do country, como Luke Bryan e MacKenzie Porter. Agora, com Fernando e Sorocaba, você está explorando uma nova sonoridade e público. Como essa experiência de trabalhar com artistas de outro país tem influenciado sua visão e direção musical?

Tem sido inspirador mergulhar de verdade em como fazer essa colaboração funcionar. Todas as novas pessoas na minha vida e na minha equipe aqui no Brasil, com quem agora tive a chance de conhecer, dedicaram muito do seu tempo e esforço para garantir que pudéssemos vir aqui e nos divertir. Com Fernando e Sorocaba nos incluindo em seus shows e tirando tempo de suas agendas lotadas para viajar aos Estados Unidos e fazer o vídeo possível para essa música e outras gravações, sou realmente grato por essas pessoas acreditarem em mim como artista. Agora, espero muito de mim mesmo para continuar colaborando e garantir que isso aconteça repetidamente. Meu sonho é voltar e fazer turnês aqui com frequência, não a cada poucos anos, mas fazer do Brasil uma prioridade em nosso cronograma de turnês a cada ano.

Você já tinha algum contato com a música brasileira antes de trabalhar com Fernando e Sorocaba? Se sim, quais artistas você já admirava? Existe algum aspecto da música brasileira que você gostaria de explorar mais profundamente em projetos futuros?

Sim, a primeira introdução concreta que tive foi com Fernando e Sorocaba através do meu amigo Chris Weaver. Eles estão vindo para cá há sete ou oito anos, e essa banda é uma com a qual comecei em Nashville em 2008 ou 2009. Durante muito tempo, eles colaboravam e isso me intrigava. Através de todos os amigos em comum que estiveram aqui a negócios ou que agora vivem nos Estados Unidos, mas cresceram no Brasil, foi uma coleção de histórias sobre como achavam que minha música se encaixaria bem com o sertanejo, e chegamos a um ponto em que pensamos: “Vamos tentar isso.” Quanto a colaborações futuras, com certeza. Já estamos em conversas sobre o que pode ser a próxima música e com quem será. Um dos meus sonhos é continuar vindo para cá, tocando minha música, mas também como fã, participar de um Carnaval, talvez do Rock in Rio, e absorver a cultura brasileira.

Após sua participação no Jaguariúna Rodeo Festival, você tem planos de fazer mais shows no Brasil ou colaborar com outros artistas brasileiros? Esse mercado é algo que você pretende explorar a longo prazo?

A resposta é sim, sim e sim. Já conversamos sobre querer colaborar novamente e manifestar isso no que quer que o universo criativo nos traga. Quanto a turnês, estou ansioso para voltar o quanto antes. A forma como fazemos turnês nos Estados Unidos, neste momento da minha carreira, permite um espaço de tempo a cada ano que posso dedicar ao Brasil. Estou mantendo minha banda informada sobre tudo que está acontecendo, e eles estão muito animados para vir. Então, meu objetivo com esta viagem é me apresentar, fazer um pouco de reconhecimento e anotações sobre como são os shows e o rodeio, para depois voltar e tentar montar uma turnê mais sólida no Brasil.

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