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Dia do Rock: 9 artistas que provam que o rock não morreu

Confira a opinião de artistas de bandas como Titãs, Detonautas, The Mönic, Supercombo e mais

Foto: Reprodução/YouTube

O rock está morto!”. Provavelmente você já deve ter ouvido uma expressão desse tipo em uma conversa sobre a música atualmente. Apesar da importância do gênero musical, ele parece ser pouco lembrado nos charts de música ou premiações anuais. Porém, essa afirmação, além de ser completamente equivocada, é refutada diariamente por grandes nomes dentro do estilo – que neste sábado, 13 de julho, comemora o Dia Mundial do Rock.

A data foi escolhida para celebrar o gênero por conta de um festival beneficente, o Live Aid, que aconteceu em 1985. Reunindo milhões de pessoas na Inglaterra e nos Estados Unidos com shows simultâneos, diversos artistas da cena compareceram ao evento, como Queen, David Bowie, The Who, U2, Led Zeppelin, Black Sabbath, Dire Straits, Eric Clapton, Elton John e Phil Collins.

Para provar que o rock definitivamente não morreu, o Tracklist entrou em contato com diversos nomes que marcaram a cena do rock brasileiro em diferentes épocas e recebeu respostas de artistas de bandas como Titãs, Detonautas, Dead Fish, Sugar Kane, Supercombo e The Mönic, que compartilharam suas próprias perspectivas e opiniões sobre o assunto. Confira!

Dia do Rock: nove artistas que provam que o rock não morreu

1) Tico Santta Cruz (Detonautas) 

Um dos nomes mais fortes do rock brasileiro nos anos 2000, o Detonautas segue atualmente com uma turnê comemorativa especial de 20 anos do seu disco de estreia, com formato acústico inédito. Por outro lado, apesar dos novos projetos, o vocalista Tico Santta Cruz entende que a luta para manter o gênero vivo, sobretudo entre as novas gerações, é diária.

“Este ano completam 27 anos que o Detonautas iniciou sua trajetória. Sempre fomos inspirados pelo rock brasileiro e, dentro desse cenário, a nossa conversa passa de geração para geração”, diz o músico.

Dado à longa trajetória do grupo, Tico entende a importância de apresentar às gerações mais jovens novas ideias e formas de se conectar com a música do Detonautas. “Quando a gente pensa em um disco, em compor, criar uma nova música ou mesmo revisitar o repertório antigo, como estamos fazendo agora com a ‘Detonautas Tour 20 Anos – Acústico’, sempre buscamos o diálogo com os mais jovens, porque entendemos que sem essa renovação (tanto das bandas brasileiras, quanto do público) fica insustentável o crescimento do gênero”, opinou o artista, que reforça que a relação do grupo com o rock “é no sentido de tentar entender como é que os jovens estão se comunicando”.

2) Pe Lu (Restart)

A comunicação com o público mais jovem é outro ponto levantado por Pe Lu, vocalista do Restart. A banda fez grande sucesso nos anos 2010 com sua estética colorida única e músicas que encantaram jovens da época. Hoje, o grupo segue com a “Pra Você Lembrar Tour”, uma turnê de reunião e despedida após oito anos de hiato.

Para o artista, o rock nunca vai morrer por se tratar de um gênero que permeia por muitas gerações. “Acho que o rock precisa de juventude como todos os gêneros de música, de gente jovem que entende o que está acontecendo naquele momento da história, e aí conseguir transformar isso em música para pessoas jovens que vão escutar, entrar em contato com o gênero, e depois com as coisas antigas daquele gênero”, explicou.

O músico comenta que, por acompanhar bastante redes sociais como o Instagram e TikTok, está sempre em contato com novas bandas de rock que criam conteúdos para as redes sociais com linguagens que vêm de outros gêneros musicais ou outras tendências, e que acabam trazendo isso para o rock. “Acho que esse é o jeito de um gênero continuar relevante, é você se comunicar com a juventude”, reforçou. 

3) Rodrigo Lima (Dead Fish)

Rodrigo Lima, vocalista do Dead Fish, garante que “só uma parte do rock está cambaleante e quase falecendo” e aconselha: “Se você olhar para o lado e parar de ouvir coisas formatadas para o mercado, inofensivas, você vai ver que o rock vai muito bem”.

Formada nos anos 90 em Vitória, no Espírito Santo, a banda de hardcore segue na ativa até os dias de hoje, inclusive com álbum novo lançado neste ano, o “Labirinto da Memória”. “Manter um legado, no meu ponto de vista, é se manter produzindo [músicas], curioso, pronto para agradar e decepcionar ao mesmo tempo. Aprendi isso ainda molequinho na cena de punk da minha cidade e sigo até hoje”, concluiu.

4) Paulo Vaz (Supercombo)

Já para Paulo Vaz, tecladista do Supercombo, o grande caminho para artistas do gênero é não parar e estar sempre pensando em novos trabalhos. A banda de rock alternativo está na estrada desde 2007 e lançaram novo single em 2024, a música “Tempo de Tela”.

O artista também pontua a importância de manter uma agenda de shows frequente para alimentar essa conexão com os fãs. “Acho que trilhando sempre projetos novos, discos novos, experimentando coisas novas, você consegue manter o rock sempre na ativa sem se repetir e tentando criar algumas alternativas para um caminho que vem de muitos e muitos anos, de décadas em décadas”, contou Paulo ao Tracklist.

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5) Alexandre Capilé (Sugar Kane)

Para Alexandre Capilé, vocalista e guitarrista da banda Sugar Kane, o ideal também é se manter focado no trabalho. O cantor defende caminhos como a gravação de novos discos, sair em turnê e encontrar novos públicos, além de dar o espaço para novas bandas e mostrar na prática “que o rock está vivo e em movimento, naturalmente ele se reinventa e retroalimenta”.

“Altos e baixos do gênero são naturais no mercado musical. O rock já foi do povo e para o povo vai sempre voltar”, refletiu Alexandre, que está à frente da banda curitibana que foi fundada em 1997, e é conhecida por ser responsável pela produção do primeiro DVD ao vivo independente do Brasil, em 2004.

6) Paulo Miklos (Titãs)

Fundada em 1982, a banda Titãs segue como um dos grupos de grande importância para o cenário do rock brasileiro. Em 2023, o Titãs realizou uma turnê de reencontro que contou com a presença de sete dos oito membros da formação clássica do grupo. Foram diversos shows esgotados em diferentes lugares do país – além de encerrarem a turnê como um dos headliners do Lollapalooza Brasil 2024.

“O rock é uma atitude de energia e alegria perante a vida”, celebrou Paulo Miklos, um dos ex-integrantes, em resposta ao Tracklist. “Uma prova disso está em todos os shows que faço pelo Brasil. Canto rock ácidos e canto rock melódicos. A esta altura, com 40 anos de história, tenho repertório para um show de rock completo e eletrizante”, continuou. O músico segue atualmente focado em sua carreira solo, com o trabalho mais recente sendo seu disco ao vivo homônimo, lançado este ano.

7) Dani Buarque (The Mönic)

Guitarrista e vocalista do The Mönic, Dani Buarque acredita que, no seu caso, não é pensar muito no contexto de reinvenção nos trabalhos da banda, mas sim de observação da própria carreira e suas próprias criações. Um dos nomes que está presente no line-up do Knotfest Brasil 2024, o projeto mais recente do grupo é o disco “Cuidado Você” (2023) e sua versão deluxe, lançado este ano.

“É meio que um processo muito fluido. Os próximos passos são sempre dentro do planejamento que a gente tem a médio e longo prazo da banda, dentro das nossas percepções como artistas e como music business mesmo”, refletiu. Para a artista, o caminho é ver o que funciona, o que conecta mais ao seu público e alinha melhor à proposta artística do The Mönic.

8) Renne Fernandes (Hevo 84) 

Um dos nomes que marcaram a cena pop rock brasileira na década de 2000, o Hevo 84 voltou à cena em 2022 e lançou disco este ano, o trabalho intitulado “LIVRE”. Para o vocalista Renne Fernandes, é preciso “manter as nossas antenas apontadas para o mundo, nossas mentes interessadas, dispostas a decifrar o que é novo também, não somente os rocks das antigas”.

De acordo com o artista, a estética sonora vai se reinventando, assim como a linguagem, em que tudo se mistura. “Agora, a nossa atitude tem que continuar forte, latente, o tempo é implacável por fora, mas por dentro precisamos lutar todos os dias para mantermos nossos espíritos livres, jovens”, elaborou o artista.

9) Yasmin Costa (Jambu)

Segundo Yasmin Costa, baterista e vocalista da Jambu, a forma como ela enxerga para manter o gênero vivo, dentro das músicas do grupo, vem muito da atitude da banda. “Quando a gente se junta para fazer música ou para criar alguma coisa, a gente procura não se rotular e se prender a gêneros. Acredito que é isso que faz a gente criar coisas interessantes e inovadoras”, explicou.

A banda indie de Manaus fortaleceu seu reconhecimento nacional ao abrir os shows do artista chileno boy pablo em São Paulo, em 2022. Além disso, contam com um disco recente, o “tudo é mt distante” (2023) e um single inédito lançado este ano, “vc se foi e é tarde”.