No próximo domingo, dia 4 de junho, DAY LIMNS sobe ao palco do festival Best of Blues & Rock 2023! O evento, que acontece no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, também contará com a presença de nomes como Goo Goo Dolls, Tom Morello, Budy Guy e Ira!.
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Em sua apresentação, a artista brasileira irá implementar elementos de sua nova era musical, que teve início com a faixa “VERMELHO FAROL” – que mostra um lado mais desinibido e pessoal.
Em entrevista recente para o Tracklist, DAY LIMNS antecipou alguns detalhes de seu show no Best of Blues & Rock. Além disso, a cantora falou sobre sua nova era, incluindo as temáticas abordadas e reflexões sobre esse novo momento. Acompanhe a conversa abaixo!
Entrevista: DAY LIMNS
Nesse domingo, você se apresenta no Festival Blues & Rock. Poderia adiantar algumas coisas desse show?
“Acho que nem eu sei muito bem o que esperar. Minha mãe está vindo de Goiânia para assistir também, porque o festival é a cara dela. Ela está muito orgulhosa, então tem isso, minha mãe vai estar lá para me ver. Além disso, tem tantas lendas, tanta gente que tem, às vezes, o dobro da minha idade como tempo de carreira! Então é uma responsabilidade muito grande, mas eu estou me sentindo honrada de ter sido integrada nesse line-up, e de ser considerada uma das representantes do que é novo na cena atual do rock do Brasil”.
“Vai ser energético como sempre, emocionante como sempre, e eu vou fazer uma singela homenagem à Rita Lee, que vai ser uma coisa nova, também, porque meus fãs nunca me viram cantando músicas dela. Eu vou fazer uma coisa bem eu, bem intimista. E também vou dar um spoiler de uma música! Que sai na semana logo depois do festival. Vai ser um show especial, definitivamente. E teremos participação especial! Estou falando tudo porque quero que as pessoas queiram ir, queiram estar lá, fiquem ansiosas. Não vai ser apenas mais um show, mas vai ser um show de fato importante”.
Acha que vai conseguir assistir a algum outro show do festival? Ou nesses eventos é aquela loucura, e nem dá tempo de fazer mais nada?
“Cara, eu quero muito ver os outros shows. Como eu falei, minha mãe está vindo, e eu meio que vou ficar ali por ela, ver o que ela vai querer fazer. Eu acho que, com certeza, ela vai querer ficar até o final – ou pelo menos para ver o Goo Goo Dolls, ali. Acho que alguma coisa ela vai querer ver. Também quero muito ver o Tom Morello tocar, isso vai ser muito doido. Ira!, também. Vai ser especial. Eu quero ficar lá o dia todo”.
Você está trabalhando numa nova era, que começou com “VERMELHO FAROL”, e também lançou “REVOLTA” recentemente. Como você descreveria esses novos trabalhos e essa nova etapa da sua carreira?
“Eu estou curtindo falar que [essa era] é meio que para correr riscos. Eu tenho tentado trazer uma roupagem estética, tanto na imagem quanto no som, um pouco mais madura, um pouco mais forte, um pouco mais intensa. Tenho me sentido mais confortável para me sentir bem até com as minhas vulnerabilidades, sabe? Até com os meus defeitos, até com as coisas que eu meio que desgosto sobre mim. E eu estou me empoderando, estou implementando isso no meu som, como algo que faz parte mesmo. Então, não sei, eu tenho me sentido mais madura”.
E nos novos trabalhos, principalmente em “VERMELHO FAROL”, você mostra um lado mais desinibido. Mas não foi sempre assim, né? Você começou sua jornada musical na igreja. Como que foi passar por essa transição?
“Na real, tudo isso – até mesmo o fato de “VERMELHO FAROL” ser mais desinibida – vem mais desse lugar de querer me destravar das travas que essa minha relação com a igreja me trouxe, sabe? Por muito tempo eu não me senti confortável em me sentir sexy, ou de falar certas coisas, ou de fazer certas coisas, tudo por causa de um pré-conceito que me foi ensinado e enraizado desde a minha infância. Eu lembro que quando eu estava escrevendo a música com a Carolzinha e com a Carol Biazin, a Carolzinha sugeriu, por exemplo, o trecho: ‘Tirando a sua calcinha’. E eu lembro que eu amei, e eu me senti incrível de cantar isso, mas aí logo depois veio um pensamento, tipo: ‘Ai, acho que não, porque né…’”
Uma sensação de culpa, né?
“Isso, me veio aquela sensação de culpa, como se eu estivesse fazendo algo muito errado. E eu falei: ‘Quer saber? Eu preciso olhar esse sentimento, olhar essa sensação na cara e afrontar ela mesmo’. Porque é uma coisa que eu me sinto bem em falar, mas cinco segundos depois eu estou me sentindo culpada. Então eu quis mesmo fazer isso para desamarrar todas essas travas que a igreja colocou. Eu estou nessa fase de vencer tudo isso e destravar tudo isso com essa nova era. E por isso, também, que eu tenho introduzido muitas simbologias dentro do trabalho, inclusive religiosas; para mim, é muito importante fazer essa analogia. É uma coisa que eu sigo vivenciando na minha cabeça, toda essa minha relação com a igreja, e que eu sigo tentando me desvincular, porque não é algo que me prende, me irrita. Não estou falando da fé e nem da espiritualidade, estou falando de todos os limites e todas as regras que não me permitem ser eu. É mais disso que eu falo. “VERMELHO FAROL” veio para começar a mostrar para as pessoas que eu tenho vencido isso”.
Ainda nessa época, tinha algo que você não podia consumir? Como não poder ver algo na TV, não ouvir algum tipo de música…
“Eu não podia ver nada! Tem uma situação, que meus fãs sabem, de quando eu era líder do louvor da igreja. Eu postei um trecho de ‘Velha Infância’, de Tribalistas – ‘Seus olhos, meu clarão, me guiam dentro da escuridão. Seus pés me abrem o caminho’. Ainda coloquei o Seu em maiúsculo para falar que era para Deus! Juro, postei no Facebook, e depois o meu pastor me ligou e falou: ‘Apaga, porque você é exemplo, você é líder’. E eu falei: ‘Amigo, eu estou postando para Deus! Para Jesus! [risos] E ele falou que ‘não, não, não, essa música é mundana, secular, você não pode ter parte com isso, você tem que ser exemplo’. E eu tive que apagar o meu post, que era de coração mesmo, uma homenagem a Jesus”!
“Então, assim, eu realmente não podia muita coisa. Tinha momentos que eu fazia ‘jejum de música do mundo’. Então estar nessa posição, dando entrevista, falando que eu vou lançar uma música que fala sobre assunto, nesse contexto, no Mês do Orgulho, para mim é muito simbólico, muito forte. Porque para mim é um ato político. É da minha vida, e eu acho que isso pode alcançar mais pessoas”.
Você é super fã da Avril Lavigne e abriu o show dela em São Paulo. Além disso, você tem um feat com o Di Ferrero. Enfim, você já tem vários momentos legais ao longo da carreira; mas gostaria de saber se teve algum momento específico em que você tenha parado e pensado: “Caramba, eu venci”?
“Hoje quando eu paro e analiso toda a minha trajetória, que não é muito grande, ainda mais quando você compara com a galera do Best of Blues & Rock, ou com outras pessoas que eu conheço e andam lado a lado – o Di Ferrero é uma elas; eu vejo que, cara, o ‘The Voice’ foi uma situação muito grandiosa. Por mais traumática que tenha sido do lado emocional, porque eu não sabia muito bem lidar com as minhas emoções – sigo aprendendo, inclusive -, mas o programa foi de fato uma virada de chave na minha vida. Hoje eu consigo ver isso com muita clareza. E hoje eu consigo ver o quão privilegiada eu sou de, logo depois do The Voice, já ter tido um contrato com uma gravadora e um apoio. Nunca fui de fato uma artista independente, sempre tive muito apoio. Isso já é uma coisa boa e significativa. O Prêmio Multishow que eu ganhei em 2018 também. Mas acho que hoje nada supera o fato de eu ter aberto o show da Avril Lavigne. Acho que isso é a coisa mais icônica que aconteceu na minha carreira. Mas tenho certeza de que vão acontecer mais coisas”!
Seus fãs costumam engajar muito nos seus projetos, fazer teorias sobre as músicas, clipes e mais. Como é essa sua relação com o público?
“Eu gosto de pensar que a gente é meio amigo, assim, uma família. Com limites estabelecidos [risos]. Eu acho a coisa mais incrível do mundo só o fato deles se interessarem pela minha pessoa, sabe? Porque eu acho que a coisa mais preciosa que a gente tem na nossa vida é o tempo. A gente não tem nada além do tempo. E então para uma pessoa tirar o tempo dela, que é a coisa mais preciosa que ela tem, e ficar horas engajando numa tag, ou ficar horas ouvindo uma música para o número de streamings crescer, ou ficar um tempo mandando a música para os amigos… isso é uma coisa que fala muito. Só o fato de eu ser interessante o suficiente para faze-los engajar o tempo que eles têm comigo, é uma coisa que me deixa fascinada. Eu gosto de pensar que a gente tem essa troca, e o que eu tenho feito também é para chegar a eles da melhor forma, impacta-los da melhor forma. É uma relação bonita, eu acho. Às vezes tem um quebra-pau, mas é bonito! [Risos]”.
Para finalizar, o que os fãs podem esperar dos próximos lançamentos da nova era?
“Mais impacto. Esperem ser impactados. Eu quero que os meus fãs criem essa expectativa, as pessoas que realmente me acompanham. Não sei se quem não me acompanha muito vai ficar ou não, mas quero muito que as pessoas que me acompanham fiquem. E que outras pessoas cheguem até a minha música, também. Mas vai ter muita música, vai ter show, vão ter muitos momentos especiais para a gente viver juntos ainda este ano. Estou ansiosa. E continuem aí me acompanhando”!
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