Desde seu lançamento, na última sexta-feira, 8 de novembro, a faixa “57+” – colaboração musical entre Karol G, Maluma, J Balvin, Feid, DFZM, Ryan Castro, Blessd e Ovy On The Drums – tem gerado controvérsias intensas. A música recebeu duras críticas tanto dos fãs quanto da comunidade artística colombiana e até do próprio presidente do país, levantando um debate acalorado sobre o impacto cultural e social da canção.
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Entenda polêmica envolvendo ‘+57’
As controvérsias em torno da canção são muitas, mas as mais intensas recaem sobre a letra, considerada machista e de conteúdo inapropriado. A composição aborda de forma explícita temas como consumo de álcool e drogas, além de fazer insinuações de caráter sexual que envolvem menores de idade. Em um dos trechos mais polêmicos, Feid e Maluma se referem a uma jovem como “mamacita [mulherão] desde os catorze [anos]” e continuam: “ela tem muito acontecendo lá embaixo, a roupa mal consegue segurar”.
Diante da repercussão negativa, na última terça-feira (12), Karol se pronunciou publicamente sobre a situação. Em um comunicado publicado nas redes sociais, a artista expressou seu pedido de desculpas. “Como artistas, estamos expostos à opinião pública, e às interpretações individuais de pessoas que gostam de nós e pessoas que divergem do que fazemos. Sinto muita frustração pela desinformação que tem sido dada, sobre as postagens falsas que supostamente fiz e apaguei do X, uma conta que não uso há mais de seis meses”, afirmou Karol.
“Neste caso, infelizmente, a letra de uma música, com a qual busquei celebrar a união entre artistas e colocar meu povo para brilhar… foi tirada do contexto. Nenhuma das coisas ditas na música tem a direção que lhes foi dada, nem foi dita dessa perspectiva, mas eu escuto, assumo a responsabilidade e percebo que ainda tenho muito a aprender. Sinto-me muito afetada e peço desculpas do fundo do meu coração”, acrescentou.
J Balvin também falou sobre o assunto em um vídeo publicado em suas redes. “Estamos muito felizes e agradecidos pelo apoio a +57. Acho que, mais do que uma canção, o fato de termos conseguido alcançar o nível 15 global mostra a força da nossa união, quando nos conectamos com o mesmo propósito de levar entretenimento. Deixamos de lado qualquer ego e nos juntamos para provar que, juntos, fazemos a diferença. Esse é o verdadeiro propósito da música: a missão de estar unidos e mostrar que, somando forças, conquistamos mais”, começou.
“A visão de Karol, de reunir todos nós, é algo pelo qual somos profundamente gratos, pois isso dificilmente aconteceria em outro momento. Agradecemos muito a Karol por sua visão, que contribui imensamente e inspira outras indústrias e áreas a aplicar a mesma visão de união, colaboração e crescimento em conjunto”, finalizou Balvin.
Ryan Castro, por sua vez, foi contrário às controvérsias. Em seus stories no Instagram, o músico repostou um vídeo em que satiriza a situação. Na cena, aparece sua namorada ao som de +57 com a legenda: “Quanto mais criticam, mais eu gosto”.
Até a publicação desta matéria, eles foram os únicos a falar no assunto.
Governo e entidades colombianas se manifestam
O single, inclusive, foi formalmente denunciado pelo Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF) entidade oficial de proteção de crianças e adolescentes, que emitiu uma declaração dizendo que a faixa “reforça a sexualização de crianças em nosso país” e que “não contribui para nossa luta contra a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes”.
Além disso, uma congressista da Câmera da Colômbia, Carolina Giraldo Botero, protocolou um pedido para que os autores da música sejam convocados para aulas de capacitação sobre o bem-estar de crianças e adolescentes.
ATENCIÓN 🚨 Desde la #ComisiónSegunda se ha solicitado que el @ICBFColombia convoque a @karolg y demás autores de la canción '+57' a una capacitación de concientización acerca de la importancia de velar por el bienestar de la niñez. 👇 pic.twitter.com/xL8Q0Ob3k3
— Cámara de Representantes de Colombia (@CamaraColombia) November 12, 2024
Citando um artigo da revista Rolling Stone de língua espanhol — que descreve a canção como um “desastre” —, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também criticou a letra. “Há uma confrontação cultural entre a superfície e o fundo das coisas que a juventude está enfrentando em seus bairros”, escreveu.
Esta bien el debate cultural.
— Gustavo Petro (@petrogustavo) November 9, 2024
Hay una confrontación cultural entre la superficie y el fondo de las cosas que la juventud está librando en sus barrios. https://t.co/NmMjxXFeQ3
Letra alterada
Nesta quarta-feira (13), a letra da música foi modificada. Na versão disponível no YouTube e Spotify, o trecho polêmico foi alterado para “una mamacita desde los eighteen” [“um mulherão desde os dezoito anos”]. A previsão é que a nova versão da letra seja gradualmente atualizada em todas as plataformas digitais.