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Entrevista: Anaiis explora pluralidade em solo brasileiro e lança EP colaborativo

Novo trabalho da cantora, “Anaiis & Grupo Cosmo”, já está disponível nas plataformas digitais

Foto: Divulgação

A cantora franco-senegalesa Anaiis apresenta seu novo EP, “Anaiis & Grupo Cosmo“, uma obra que reflete a fusão de experiências culturais e musicais que moldaram sua trajetória. Em uma jornada de autodescoberta e colaboração, Anaiis gravou o projeto no Brasil, onde uniu seu estilo único a músicos como Sessa, Biel Basile e Marcelo Cabral, além de contar com a participação especial da cantora Luedji Luna.

As gravações aconteceram em abril de 2023, tudo feito em fita e sem computadores, trazendo uma sonoridade crua e envolvente ao trabalho, o que permitiu que cada faixa captasse a essência dos artistas de forma autêntica e espontânea. Com uma mistura de jazz, R&B, soul e bossa nova, o EP se destaca por explorar temas profundos, como identidade negra, legado e consciência ambiental, inspirados também pela recente vivência de maternidade de Anaiis.

Anaiis conversou com o Tracklist sobre essa nova fase, o processo de gravação analógico e o que espera que seu público sinta ao ouvir o EP.

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Entrevista com Anaiis

Você já morou em cidades como Toulouse, Dakar, Oakland e Londres. Como a sua experiência em diferentes culturas influenciou o processo criativo deste EP?
Acho que é o resultado de uma acumulação; foi assim que me tornei a artista que sou. Não tenho medo de experimentar, e gosto de expandir meus sons de diferentes formas. Isso definitivamente veio de estar imersa em várias culturas e de ter que me adaptar constantemente a novos ambientes. É assustador, mas ao mesmo tempo reconfortante, pois é o que já conheço. A música é algo lúdico – apesar de ser tão profunda e significativa para mim, é também o espaço que uso para explorar a mim mesma e minhas conexões com meus colaboradores.

O EP foi gravado ao vivo, em fita. Como essa abordagem afetou o som e a energia das músicas?
Acho que isso não só afetou o som e a energia das músicas, mas também todo o processo de gravação. O processo foi extremamente minucioso, mas também deixou espaço para a imperfeição. É como filmar: você não tem muitas oportunidades porque é limitado pelo meio. Mas isso também cria um processo de discernimento e confiança que muda a performance. Como resultado, acho que temos um disco muito humano, muito intencional, mas que não é super trabalhado. Ele respira, vive, se transforma a cada nova escuta.

O single “Toda Cor”, em parceria com Luedji Luna, possui um significado especial. Como surgiu essa colaboração e qual mensagem você espera que as pessoas absorvam dessa música?
Fui abençoada ao ser apresentada à Luedji Luna por Arany Santana, que é secretária de Cultura da Bahia e membro fundadora do Ilê Aiyê. Para aqueles que conhecem o Ilê Aiyê, será fácil entender o significado desse encontro e o quanto ele foi poderoso. Com isso em mente, “Toda Cor” tornou-se uma canção em que exploramos o movimento físico da negritude pelo mundo. Nossas ancestralidades se encontram nessa música, enquanto cantamos sobre encontrar um lar.

O EP transita por diferentes gêneros. Quais foram as suas principais influências musicais ao compor e produzir este trabalho?
Este trabalho não é muito referencial. Biel (produtor e baterista de O Terno), Sessa, Cabral e eu trouxemos cada um nossos mundos, nosso gosto e nós mesmos para a música. Como os três já haviam trabalhado juntos muitas vezes antes, eles definitivamente têm uma sonoridade e uma sinergia que influenciaram bastante a direção musical. Acho que trouxe algo mais etéreo e pessoal. No final do processo, sentimos que nos tornamos uma banda. Temos algo que é só nosso, e é por isso que nomeamos o disco “Anaiis & Grupo Cosmo”.

Você mencionou que este EP representa um “registro do novo momento” em sua vida. Que legado você espera deixar com esse trabalho e como ele reflete a artista que você está se tornando?
Espero que esse disco expanda a forma como as pessoas escutam meu trabalho. Espero que seja um disco que um dia elas toquem para seus netos (risos)! Tenho grandes esperanças. No fim das contas, estou apenas seguindo meu próprio espírito em termos de criatividade, e tudo o que realmente quero é que isso seja acolhido e que crie uma conexão.