“Um Lugar Silencioso: Dia Um” estreou nos cinemas brasileiros no último dia 27 de junho. O filme é um prelúdio em relação aos dois longas iniciais lançados em 2018 e 2022 e conta a história dos primeiros momentos do ataque alienígena em Nova Iorque, uma das cidades mais barulhentas do mundo.
O filme acompanha Sam e Eric, interpretados brilhantemente por Lupita Nyong’o e Joseph Quinn, dois estranhos que precisam unir forças para ter a chance de sobreviverem. Por se tratar do primeiro dia do ataque, todas as informações são reveladas a eles aos poucos, o que cria uma atmosfera ainda maior de desespero, principalmente por considerar que o público já conhece as regras estabelecidas pelos dois primeiros filmes.
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Desenvolvimento dos personagens é destaque em comparação ao universo
O grande destaque da saga “Um Lugar Silencioso” é a capacidade de trazer empatia em relação aos personagens – isso resulta em maiores níveis de apreensão e tensão ao longo de cada filme. Só para citar alguns dos exemplos: no primeiro filme temos a gravidez ou a cena do prego; já no segundo, um filho machucado e um bebê recém-nascido; e agora, neste prelúdio, diversas situações que colocam personagens já vulneráveis em situações ainda mais complexas.
Os primeiros longas são simples de entender a dinâmica familiar, pois somos introduzidos a diversos dias após o ataque inicial. São apenas quatro membros na família, ou cinco com o bebê, e toda a trama fica clara porque não precisamos saber muito sobre os personagens – sabemos sobre o luto, a culpa, o peso das decisões de cada um, tudo isso com menos de 10 minutos de filme.
Em “Um Lugar Silencioso: Dia Um”, Michael Sarnoski, diretor do filme, aproveita o tempo inicial para desenvolver os personagens. É preciso apresentar os gostos, as batalhas e características pessoais para entendermos as motivações, o que deixam as consequências do filme muito mais pesadas e o público ainda mais conectado aos personagens.
“Um Lugar Silencioso: Dia Um” gera reflexão para além dos filmes da saga
Um dos grandes destaques do filme fica por não revelar demais nos trailers. Pouco se sabe da trama e das características dos personagens, e isso gera uma sensação de surpresa muito maior. Nos primeiros 10 minutos de filme, por exemplo, são reveladas informações que não era possível perceber em nenhum trailer ou teaser lançado antes do longa.
Por se tratar de uma crítica sem spoilers, essas informações não serão reveladas, mas seria como se não mostrassem no trailer do primeiro filme que Evelyn (Emily Blunt) estava grávida. É um fator muito crucial para o andamento do longa – que, se fosse surpresa, deixaria ainda mais impactante a maneira de encarar a película, criando ainda mais tensão.
Isso nos leva a refletir sobre até que ponto os trailers atuais estão revelando mais do que deveriam sobre os filmes e como o elemento surpresa é subestimado na hora de se divulgar um filme.
Direção carregada emocionalmente deixa o filme ainda mais especial
É impossível dizer que os primeiros filmes não contam com uma grande carga emocional. Porém, existe um fator diferente neste prelúdio que é o desenvolvimento dos personagens sob a direção de Michael Sarnoski. Além de dirigir, ele também escreveu o roteiro juntamente com John Krasinski e seu trabalho fica claro em como os personagens são trabalhados. Informações são reveladas durante todo o longa, que se encaixam e deixam cada decisão mais impactante.
Sam e Eric são personagens escritos com características únicas e são interpretados com maestria. As afeições de Lupita Nyong’o são impactantes – é possível sentir junto dela o desespero de sua personagem e a imponência ao ver um ataque tão grande em Nova Iorque. Com dezenas ou centenas de alienígenas na cidade, o público espera, a todo momento, uma nova catástrofe acontecer.
O mesmo vale para Joseph Quinn. Sua vulnerabilidade é clara: um viajante que está em Nova Iorque para estudos e longe daqueles que ama, sem saber como eles estão nem o que fazer para sobreviver. A forma como dois estranhos passam a se ajudar, mesmo que cada um com suas batalhas, é retratado de maneira interessantíssima.
“Um Lugar Silencioso: Dia Um” é um longa carregado emocionalmente em que o terror fica em segundo plano. A importância das relações é levado como principal durante o apocalipse. Lupita Nyong’o e Joseph Quinn exalam uma química que eleva a experiência multissensorial do longa de maneira exemplar.
Nota: 9/10