Por Lidiane Nóbrega e Sabrina Simão – Em fevereiro, o grupo de reggae mais famoso do país, o Natiruts, surpreendeu os fãs ao anunciar seus últimos shows. Intitulada “Leve Com Você”, a turnê de despedida celebrará as diferentes fases dos quase 30 anos de carreira da banda com apresentações já esgotadas. Em entrevista ao Tracklist, o baixista e cofundador do Natiruts, Luís Maurício, comentou sobre o fim desse ciclo e os próximos passos de sua carreira individual.
Vale lembrar que o primeiro encontro aconteceu no último sábado (8), em Brasília, onde o Natiruts foi originalmente formado pelo vocalista Alexandre Carlo. A próxima parada da turnê acontece no Rio de Janeiro, que receberá apresentações no Estádio Nilton Santos (Engenhão) nos dias 15 e 16 de junho.
Entrevista com Luís Maurício, do Natiruts
Fim da banda
Com quase três décadas de história, o Natiruts foi um dos maiores responsáveis pela popularização do reggae no Brasil. O álbum de estreia do grupo, lançado enquanto ainda se chamava “Nativus”, foi lançado em 1997 e já entregou clássicos como “Liberdade Pra Dentro da Cabeça” e “Presente de Um Beija-Flor”.
Com uma identidade muito própria, uma das maiores marcas da banda é justamente a mensagem positiva em suas músicas. “Quando começamos, não tínhamos a pretensão e nem a noção do quanto nossas canções fossem entrar na vida das pessoas. Começamos a receber feedbacks de pessoas que saíram da depressão ouvindo nossas músicas, que se casaram, se apaixonaram, embalaram os filhos nessa vibração. Fomos muito além das canções e tenho certeza que esse será o nosso maior legado”, comentou.
Nesse sentido, o grupo tem vários projetos que estão marcados na memória dos brasileiros. O baixista destacou três de seus favoritos: “Com o nosso primeiro registro de vídeo, ‘Natiruts Reggae Power’, inovamos e apresentamos o reggaeton para o Brasil, o que popularizou muito a nossa banda”, disse. “Tivemos, no ‘Acústico no Rio de Janeiro’, o cenário mais lindo do mundo, cartão postal do nosso país, imagens maravilhosas e arranjos bem brasileiros que abriram muitas portas para a gente no exterior. Por último, conseguimos reunir quase todos os maiores expoentes do estilo em uma linda noite em Salvador no projeto ‘Reggae Brasil’”, pontuou Luís, do Natiruts, em entrevista ao Tracklist.
A notícia de que eles fariam seus últimos shows, sem dúvidas, causou muita comoção do público. De acordo com o baixista, ele e Alexandre sabiam que a novidade causaria impacto, mas não nas proporções que foram. “Estamos esgotando estádios e abrindo novas datas, o que prova a dimensão que a banda alcançou nesses quase 30 anos de estrada. Para isso, montamos uma super produção, uma entrega a altura de todo esse sucesso, com um repertório extenso, um conteúdo incrível de vídeo e luz”, explicou.
Turnê internacional
Uma das maiores bandas do Brasil, o Natiruts tem duas indicações ao Grammy Latino (Melhor Álbum Contemporâneo por “Acústico no Rio de Janeiro” em 2013 e Melhor Canção em Língua Portuguesa pela música “Lágrimas de Alegria” em 2021), 11 álbuns gravados, cinco DVDs ao vivo e milhares de álbuns vendidos. Além da conexão que criou com os brasileiros, eles conseguiram, ao longo dos anos, expandir as fronteiras com suas músicas e atingir sucesso ao redor do mundo. Com mais de 20 datas confirmadas no Brasil, Luís contou que o grupo tem planos de levar a turnê de despedida para outros países.
“Terminando a tour por aqui, voltaremos em vários países que construímos um público expressivo – isso engloba toda a América Latina, Europa, Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia”, revelou.
Próximos passos
Durante a entrevista, o cofundador do Natiruts aproveitou para falar sobre os próximos passos de sua carreira individual. Ele destacou que, com o fim da banda, é momento para descansar da estrada e buscar um novo propósito.
Recentemente, Luís assumiu a presidência da Associação Brasileira da Cannabis e Cânhamo Industrial (ABCCI). O músico está focado em liderar esforços para promover o uso responsável e legal da planta no Brasil. “Hoje, tenho uma visão muito ampla da força que essa planta tem na saúde, indústria e questão social. Somos veículos de informação para a grande massa. Esse é o papel do artista: ajudar a quebrar preconceitos e desmistificar o uso dessa planta milenar, que sempre esteve presente em diversas culturas no mundo inteiro trazendo inúmeros benefícios para a sociedade”, falou.
“A mesma planta que salva vidas ainda serve de ferramenta de encarceramento em massa da população preta e pobre, e isso tem que mudar. É essa a minha luta”, encerrou.