O produtor e artist development Guilherme França começou sua carreira musical na periferia do Rio de Janeiro. Formado em música pelo Musicians Institute, em Los Angeles, o artista já fez uma turnê internacional e trabalhou com profissionais que já colaboraram com nomes como Michael Jackson.
Além de ter projetos solo, como o EP “Favela Soul”, Guilherme França produz para outros artistas. Atualmente, ele também desenvolve a carreira de nomes como Cammie – que ganhou projeção nacional ao participar do “The Voice Brasil”.
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Em entrevista recente para o Tracklist, o produtor musical e artist development falou mais sobre a sua trajetória, seu trabalho com outros artistas e muito mais. Confira abaixo!
Entrevista: Guilherme França
Atualmente você atua como produtor musical e artist development. Mas como começou essa trajetória na música?
“Minhas memórias de quando eu era criança são musicais. Eu pegava as panelas da minha mãe e fazia de bateria; esse foi o início de tudo. Com 11 anos ganhei meu primeiro violão, que logo me levou para a guitarra, e assim comecei meus estudos musicais. Chegava a ficar 10 horas por dia tocando, tamanha a paixão. Aos 14 anos comecei a tocar profissionalmente em bares, igrejas, roda de samba etc. Basicamente, se tinha música, eu estava lá. Aos 18 fiz minha primeira tour internacional, ‘Show on the Road’, cruzando todo os Estados Unidos tocando música brasileira”.
Você já trabalhou com artistas de diversos gêneros – desde artistas do samba, gospel e pop até o rock, rap e jazz. Qual é o segredo para manter a consistência e entregar trabalhos de qualidade em gêneros tão distintos?
“Sem dúvidas a proficiência no instrumento é essencial. Mas falando musicalmente, a escala maior do jazz é a mesma do rock e assim é para qualquer outro gênero musical – ou seja, o ‘idioma’ é o mesmo; o que muda são os ‘sotaques musicais’, que vem mais vivenciar a cultura musical do que qualquer outra coisa. É como o português: todos nós falamos, mas cada estado e região tem suas peculiaridades na forma de expressar. Por crescer vivenciando essas culturas e músicas, acabei adquirindo os sotaques destes gêneros, então eu diria que o segredo seja viver as culturas que cada gênero tem a oferecer. Esse enriquecimento é o que te faz ter propriedade musical, e logo a qualidade se torna uma consequência”.
E quais são as principais estratégias e requisitos que você leva em conta nas suas produções?
“Primeiro fazemos uma avaliação geral de estágio de carreira e mercado. Depois disso, entramos em processo de desenvolvimento artístico e planejamento de carreira e, com isso, começamos a tomar os passos necessários para atingirmos nossas metas – e isso inclui desde gravar a fazer show até marketing e gravação de videoclipes. O sucesso dificilmente vem só pelo talento. Nós fazemos 360, pois essa é a forma eficaz. A carreira é como um carro: para ele andar, a gasolina é tão importante quanto a roda ou o motor. Com os artistas que trabalho, eles passam por um processo educativo ao qual se tornam capacitados para lidar com as coisas que vão além da arte, e que são muito importantes quando o assunto é carreira musical. Nosso foco é, principalmente, além de produzir arte do mais alto nível, é sempre a construção de fãs. Todas as nossas metas têm os fãs como base”.
De todos os trabalhos que você entregou até hoje, qual você destacaria como o mais especial?
“Acredito que hoje seja o trabalho com a Cammie. Ela ter assinado ela com a gravadora americana Super Pop foi um desafio grande, mas muito recompensador”.
Além de produzir para diversos artistas, você tem se dedicado a desenvolver a carreira de artistas – como Cammie. Como está sendo essa experiência? E como sua experiência como produtor ajuda nesse trabalho?
“Maravilhoso! Não há nada mais prazeroso que colher os frutos do nosso trabalho. São meses de planejamento e trabalho duro, e alcançar as nossas metas sempre é gratificante. Um ano e meio atrás nossa meta era assinar a Cammie com a gravadora; hoje assinada trabalhamos ao lado de grandes nomes da indústria – como Michael Binikos, que foi um pilar na carreira de artistas como Michael Jackson”.
“Minha experiência como produtor facilita de diversas formas, como a seleção de repertório e desenvolvimento sonoro, fazendo com que a identidade do artista se torne algo absoluto. Também ajuda na qualificação do produto, tornando a música mais mercadológica sem perder a identidade artística; e a trazer o profissionalismo que existe dentro das grandes labels, o que torna o trabalho do artista independente mais eficiente e profissional. Karen Silva é uma das artistas ao qual eu tenho direcionado e produzido. Ela é semifinalista do ‘The Voice Kids’, e depois do direcionamento artístico e o lançamento de dois singles, conseguimos qualificar ela no mercado e hoje estamos começando a colher os frutos. Em 6 meses conseguimos mais de 100 mil de seguidores no Instagram, vídeos virais, músicas em rádio e mais. A Karen hoje também defende o samba da Mangueira, e coloca sua voz potente na gloriosa verde e rosa”.
Você também já lançou projetos solo, como o EP instrumental “Favela Soul”. Considerando que, normalmente, você trabalha para e com outros artistas, qual é o maior desafio de criar um trabalho para si mesmo?
“Sem dúvidas o maior desafio é saber mudar de papel e entender o artista e o produtor em mim. Os ouvidos de produtor têm certas perspectivas que geralmente o artista não consegue notar, então quando você produz para si mesmo, sua visão fica limitada. Então eu tive uma certa guerra comigo mesmo [risos]. Mas, no final, é maravilhoso esse EP, e representa um ótimo momento na minha jornada como músico”.
Sua trajetória o levou até Los Angeles; e, hoje, você tem o compromisso de ajudar outros artistas a alcançarem seus sonhos. Quais são seus planos para um futuro recente?
“Cada artista tem seus sonhos individuais. O meu papel como artist development e produtor musical é trazer para os artistas os elementos que eles precisam para desenvolverem suas carreiras, e logo conquistarem seus sonhos. Como músico do subúrbio carioca, eu precisei de muitos conhecimentos que vão além do talento para chegar até aqui. Hoje minha missão é trazer esse conhecimento para os artistas e construir pontes, qualificando o trabalho e fazendo carreiras”.
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