Em seu novo lançamento, DAY LIMNS traz o rap muito bem representado com a participação de Froid em “CINZEIRO”. A canção e clipe, já disponíveis nas plataformas digitais, dá sequência ao projeto mais autêntico da cantora até aqui. Em entrevista ao Tracklist, DAY LIMNS conta mais sobre a música, processo de produção, gravação do vídeo e mais detalhes sobre “CINZEIRO”.
Entrevista: DAY LIMNS fala sobre “CINZEIRO”, novo single com Froid
Tracklist: Prazer estar falando contigo novamente! Queria saber mais agora sobre o seu single novo, “CINZEIRO”. O que você pode contar para a gente sobre essa grande parceria, essa mistura de gêneros musicais, misturar o rock e rap…
DAY LIMNS: Eu sempre flertei muito com o rap. Acho que desde o começo da minha carreira, especialmente quem me acompanha desde o começo mesmo, quando eu fazia cover, eu sempre fiz cover de rap. Na minha audição do “The Voice”, a primeira música que eu cantei foi um rap, então eu sempre flertei muito, até porque eu gosto muito da possibilidade que o rap traz de se contar histórias de desabafar com muitas palavras, sabe? É meio como se estivesse falando mesmo com o ouvinte.
O Froid meio que entrou na minha vida assim, em uma viagem que eu fiz a trabalho com o YouTube para Los Angeles, junto com um monte de youtuber e, dentre esses outros, o único que estava envolvido com música era ele. E aí a gente meio que se conectou, mas eu não conhecia as músicas dele. Eu sabia que ele era casado com a Cynthia Luz, eu a conhecia, mas eu não conhecia o Froid.
Depois que eu o conheci, passei a ouvir as músicas dele e ele se tornou um grande ídolo da caneta para mim, de fato. Acho as letras dele muito profundas, e as métricas, o jeito que ele encaixa as palavras nas melodias e a visão dele, enfim, é bem filosófico mesmo. E ano passado eu estava passando por uma fase, um período como descrito na música, né? “Acordei com várias pontas de cigarro no meu cinzeiro quadriculado”.
Então, de fato, a música veio de uma experiência real, é quase como se fosse um papo que eu tive com minha terapeuta (risos). Eu escrevi e foi muito natural, porque eu estava de fato de frente para o computador, devaneando, pensando na vida, falando: “meu Deus, o que está acontecendo? Não estou entendendo nada”. Essa música basicamente nasceu desse momento, desse conflito interno que eu estava vivendo. E no final do ano passado, acho que em outubro, eu sempre quis fazer uma música com Froid, mas eu nunca o chamei, a gente falou de fazer, porém nunca marquei um dia. Mas, eu acho que o universo funciona de um jeito…
Eu gosto de manifestar e deixar as coisas acontecerem organicamente, sabe? O Froid é de Brasília, e certo dia ele estava em São Paulo, mandou a mensagem: “Bora pro estúdio!”. Eu mandei mensagem para a galera no dia: “Gente, vamos, pelo amor de Deus, o Froid tá falando que quer ir para o estúdio, tem data, tem lugar, tem horário. Se não tiver, faz ter”. Assim, colamos no estúdio, e antes disso eu tinha mandado acho que umas quatro músicas pra ele, dentre elas “CINZEIRO”. Eu tinha escrito até o refrão num type beat, e das quatro músicas que eu mandei ele falou: “Todas muito boas, mas eu preciso canetar alguma coisa nessa aqui”.
Ele elogiou muito a composição. Fiquei muito feliz porque ele é o ídolo da caneta para mim. Ele se identificou com a letra, sei que entrou muito e quis fazer [a música]. Nós conseguimos uma data no outro dia, e fizemos “CINZEIRO”. Eu lembro que ele entrou muito na minha brisa. Me senti muito respeitada enquanto artista, enquanto compositora, ele respeitou muito a minha visão. Eu lembro que foi um dia inteiro de direção criativa em cima da música, porque faz parte de um projeto que tem que fazer sentido.
Lembro também que passou o dia inteiro e eu não tinha ouvido o verso dele. Eu tava estava lá [pensando]: “Meu Deus, o que está acontecendo?” e ele canetando, canetando… Então, vi quando ele colocou o fone, colocou o microfone, e eu só ouvi quando ele já estava gravando. Fiquei impactada. É uma das minhas músicas favoritas que eu já lancei, definitivamente.
Nossa, parece ter sido um processo diferente. Não demorou muito?
Isso foi em outubro do ano passado. Eu escrevi a minha parte talvez em agosto, e ele chegou com o verso dele em outubro. Enfim, essa música existe há um bom tempo.
E como está sendo finalmente lançá-la?
Ah, é muito doido. A música não é mais minha, então a gente meio que perde controle. Estou deixando as pessoas criarem suas próprias narrativas a partir da música. Acho que essa é a magia de ser artista e poder compartilhar o que a gente faz. Então, espero que as pessoas estejam gostando.
Vi gente falando que cantei pouco, mas o que mais eu preciso cantar? (risos). Acho que essa música é, de fato, mais uma conversa, é para te fazer pensar também. Então, tipo, ver que ela tem cumprido esse objetivo para quem a tem consumido é legal, ou só pra curtir mesmo, para malhar também… É muito bom.
É uma boa recomendação, definitivamente. Sobre o clipe, ele é todo conceitual e diferente, né? O que você pode trazer mais sobre ele?
O que você achou? Achou ele diferentão?
Achei bem interessante. Ele parece muito sentimental, só que agressivo ao mesmo tempo. Combina muito com a letra da música.
Exatamente. Acho que você me definiu muito bem nesse “muito agressivo, mas muito sentimental”, porque eu acho que o sentimento, às vezes, é muito agressivo. A gente não controla o que a gente vai sentir, então, tem sentimentos bons, tem sentimentos ruins. Tem o sentimento de raiva, por exemplo, o sentimento de medo, mas tem sentimento de aceitação, ou de paz, relaxamento, sabe?
Não sei se isso são sentimentos ou sensações, enfim, mas é exatamente isso que o clipe quer passar. Nós fizemos o clipe inteiramente em preto e branco, com direção criativa da Gabi Lisboa, do Deni Amorim, que é o diretor do clipe. A gente trouxe esse clipe em preto e branco por conta da dualidade, acho que cabia muito o cinzeiro.
A gente trouxe em preto e branco para ter essa dualidade em cenários pretos, cenários brancos, e porque a gente tinha pouco para fazer jus à música, “faço muito mano com muito pouco”. A gente tinha poucos artefatos. Quanto menos você tem, mais criatividade você tem que ter para fazer aquele negócio funcionar, e como tudo que eu faço tem um porquê, as músicas que eu lanço têm que se conectar. Então, a gente teve que brisar de fato com o pouco que a gente tinha, e como que íamos passar esse conceito que você muito bem conseguiu captar.
Eu precisei lidar muito com o acting, porque era eu e a câmera, e geralmente eu tenho um pouco mais de coisa para interagir. Nesse clipe eu tinha que entregar. Eu estava usando lace, então eu falei: “Eu preciso passar esse conceito, então eu quero estar diferente, porque como só tem um fundo branco e uma câmera, não pode ser qualquer coisa, né?”.
Vocês tiveram que improvisar em algum momento durante a gravação?
Não, não. A gente pensou muito, muito mesmo. Para chegar em cada detalhe foram várias reuniões e várias coisas para pensar, porque se a gente tivesse esse dinheiro também para poder fazer tudo literal, ia ser “mais fácil”. Mas o que eu gosto dessa coisa de “ter pouco” é a possibilidade que te dá de pensar além da caixa.
Tipo assim, eu estou falando disso tudo [na canção], como que eu vou passar essa mensagem com um fundo branco e uma câmera? Então tivemos que pensar na direção. Eles foram muito impecáveis na direção criativa, traduzindo o meu conceito para aquelas imagens, sabe? Porque eu sou muito literal, precisei de muita ajuda nesse [clipe]. Eu falei: “gente, eu preciso entender como é que eu vou passar esse conceito”. E aí o Dani e a Gabi trouxeram aquelas referências.
Tem aquelas cenas que têm pessoas de branco e de preto passando rápido ao meu redor e eu meio assustada; tem hora que eu estou mais plena com eles; tem hora que eu estou passando por esse conflito, quase que como se fosse uma possessão, pelo que eu estou passando… Porque dói, um conflito doloroso, então a gente teve que passar todas as sensações, o conceito e a mensagem através desses actings e desses cortes. E o fundo que o Froid está, por exemplo, é um fundo branco, diferente dos que eu apareço, que são fundos pretos.
Ele está nesse fundo branco porque ele representa no clipe o ser que já meio que passou por esse conflito e já aceitou a sua dualidade, já aceitou que ele é luz e que ele é sombra. E eu ainda estou tentando entender, fazer essas duas coisas caminharem juntas, sabe? Tem uma cena que parece que ele até me unge, então tudo tem um significado.
O clipe é uma viagem. Ele consegue ser um dos meus clipes favoritos meus, justamente por eu conseguir me ver numa perspectiva que eu nunca tinha me visto. Isso só me dá mais vontade de experimentar mais e usar cada vez mais nos meus próximos projetos, próximos clipes e músicas, enfim.
Isso é bom demais, a questão de testar coisas novas e ver que o resultado ficou muito bom, né?
Muito. A estética chegou ali em um lugar que era o que eu sempre quis e nunca conseguia atingir, sabe? Então acho que é uma coisa muito única também aqui. Estou muito feliz com o resultado.
Legal. E, de certa forma, ele tem alguma ligação com seus clipes antigos?
Com os últimos dois que eu lancei, sim. Ele definitivamente tem ligação com “MINHA RELIGIÃO”, assim como “VERMELHO FAROL”. Todos eles estão definitivamente conectados, como sempre. São diferentes, mas eles são parte de uma mesma história.
Eu lembro que da última vez que a gente conversou você comentou mesmo dessa ligação, essa conexão entre os clipes, entre as músicas. Para fechar, eu queria saber o que vem pela frente. Como é que estão os próximos projetos?
Agora eu estou em uma correria absurda para finalizar ainda esse mês esse projeto que eu tenho falado desde o começo do ano. O próximo lançamento vem grandão. Estou empolgada. E vai ser logo, vai ser logo.
Ah, que bom! Nem um spoilerzinho?
O spoilerzinho… Tem um spoiler no final do clipe de “CINZEIRO”; parece uma pedra. Tem um spoiler também no clipe de “VERMELHO FAROL”.
Vai ser um quebra-cabeça?
É, então, às vezes só dá para entender depois. Eu estou dando spoiler desde o começo do ano, entendedores entenderão. Eu só não estou querendo prometer muito, sabe? As coisas mudam, imprevistos acontecem… Eu sou traumatizada.
Vai dar tudo certo, com certeza!
Mas o que está acontecendo é que eu tenho trabalhado muito e estado muito em estúdio, finalizando. Inclusive finalizei recentemente uma parte muito importante desse processo. E agora é só eu sentar e, tipo… Partir para o próximo passo. E já está no fim.
Você tem algum recado que você queira mandar para seus fãs e o pessoal do Tracklist?
Continuem ouvindo “CINZEIRO”. Escutem “MINHA RELIGIÃO”, escutem “VERMELHO FAROL”. Espero que vocês estejam gostando. E se não estiver entendendo nada, vocês vão entender. É isso. Me sigam nas minhas redes sociais quem não me segue!