Uma das atrações do AFROPUNK Bahia, que acontece nos dias 26 e 27 de novembro, será Paulilo, uma multiartista soteropolitana que busca se reinventar, levando consigo as experiências de um corpo dissidente através de sua arte. Em entrevista ao Tracklist, Paulilo conta mais sobre seu show no festival, carreira e mais!
Entrevista: Paulilo
Para você, qual a importância de subir ao palco do AFROPUNK Bahia? E como se sente ao saber que está dividindo esse festival com tantos outros grandes nomes da música?
Bom, subir no palco da AFROPUNK Bahia é primeiramente uma honra, saber que eu estou na grade de atração de um festival que eu acompanho há muito tempo, um festival tão chique, tão importante, tão necessário que é essa aglomeração de pessoas pretas como eu. É muito gratificante, especialmente sendo a representante da cena underground de Salvador.
Nós vemos artistas com nomes nacionalmente e internacionalmente conhecidos. E aí no meio disso tudo tem eu, uma artista que eu acredito que uma galera de fora possa conhecer ou até só ter ouvido o meu nome, mas ainda sim eu estou dentro do underground, né? Ainda estou ali, ainda não furei todas as bolhas que eu quero, e estar representando essa cena de Salvador é muito importante também porque é uma luta para mim, é uma coisa que eu venho fazendo desde quando eu comecei a fazer arte.
É a valorização, o empoderamento, a oportunidade para pessoas LGBTs da cena underground, pessoas que precisam tanto precisam de certa forma se prostituir para estar nos espaços, para ter um lugar, para ter concentração de uma festa, festival, eventos e luta tanto pra ser reconhecida.
Nós artistas LGBTs e underground lutamos todos os dias pra ter o mínimo de reconhecimento e visibilidade, sabe? E quanto produtora de alguns eventos, eu sempre foco na cena underground mesmo, em trazer artistas novos que não tem tanta visibilidade, em dar palco a pessoas que eu sei que tem um talento e que vejo um crescente talento e não tem oportunidade.
Nos eventos, estão sempre as mesmas pessoas ou pessoas que estão sempre no foco já com visibilidade. Por que não dar essa visibilidade para pessoas que estão aí na luta, né? Então, enquanto produtora, essa é a minha missão. Enquanto artista, me sinto muito grata de ser beneficiada dessa missão, que acredito que seja o AFROPUNK Bahia.
Pode adiantar um pouco do que o público vai poder conferir no seu show?
Esse vai ser meu primeiro grande show, né? Eu só fiz um show cantando de fato, que foi um pocket show na casa La Frida. Foi bem curtinho, mas foi gostoso e com boa receptividade da galera, porém esse de fato é o meu primeiro show completo e estou muito grata. Toda hora eu vou dizer gratidão, porque eu vou ter a oportunidade de mostrar para as pessoas esse outro viés da Paulilo.
Muita gente me conhece como DJ, produtora do primeiro paredão LGBTQA do nordeste, mas no AFROPUNK BAHIA eu vou mostrar para as pessoas uma uma Paulilo cantora. Estou preparando umas danças, músicas legais e tem lançamento de música nova também.
Para o segundo momento, eu vou entrar com o DJ Sete e mostrar para a galera o que é o Paulilo Paredão, vou levar para o palco da AFROPUNK Bahia o Paulino Paredão Experience! Vocês vão saber lá no dia. Mas estarei bomba, viu? Esperei coisas gostosas. Será um momento de ir até o chão. Vou levar o carnaval para o AFROPUNK Bahia.
Como é estar conquistando cada vez mais esse espaço dentro da música?
Não é um caminho fácil. Eu cresci em uma família artista, e nenhum deles exerce a música como um único trabalho. Eu cresci sabendo que a arte não dá dinheiro, é difícil, mas eu resisti e resisto até hoje, tem dias de luta e dias de glória. Mas, é isso. Lutar mesmo.
A rede que eu construí, de artistas, pessoas, tem sido muito forte e necessária. Eu sei que eu ajudo muita gente ao meu redor, e sou muito grata também a muita gente que me ajuda. É um caminho que vai e que vem.
Eu sempre faço o que eu posso para ajudar um colega ou uma colega artista. E sou muito grata por todas as pessoas que sempre estão comigo me ajudando, sempre faço as coisas de coração puro, e percebo que recebo de coração puro.
Qual o segredo ou seu lema de vida para continuar se reinventando como artista?
Eu sou aquariana, então gosto muito de me reinventar enquanto pessoa, não gosto de ficar parada, da mesmice. Isso se aplica muito na minha arte, nos meus trabalhos, ciclos de amigos… não gosto de ficar presa em bolhas.
O que me faz me reinventar, além da minha mente maluca, é poder experimentar e vivenciar um pouco dessa pluralidade artística cultural e artística que Salvador é. Como estou sempre um pouquinho em cada lugar, eu consigo beber um pouco de cada referência. Toda essa bagagem que eu vivo eu boto na minha arte, nas minhas produções e na minha vivência.
Paulilo está atualmente se preparando para o lançamento conjunto do single “Bota Maloka”, de Miguella Magnata, além de estar produzindo um EP de pagotrap para o ano que vem e um novo videoclipe para dezembro, para a faixa “Quebradeira da Bixa”.