Anitta atravessou um longo caminho para levar Honório Gurgel ao mundo, mas 2022 tem consagrado a trajetória que percorreu na última década. A cantora vive o ano mais especial de sua carreira até aqui, quebrando recordes cada vez maiores e alcançado números enormes a níveis nacional e global com um de seus discos mais significativos, “Versions Of Me”.
Lançado na última terça-feira (12), o novo álbum de estúdio é um marco definitivo para a artista: o trabalho consagra o sucesso internacional que a brasileira tanto almejou ao longo dos últimos anos, e tem levado o seu nome aos ouvidos de todo o mundo com hits gigantes, shows impactantes e, por meio de toda a sua fama, com um importantíssimo tributo para a música nacional.
Nesta sexta-feira (15), Anitta subiu ao palco do Coachella para o show mais importante de sua carreira até o momento. Sob a audiência de milhares de fãs presencialmente e pela internet e com presenças de Snoop Dogg, Diplo e Saweetie, a cantora apresentou seus maiores sucessos a um público totalmente inédito e prestou uma verdadeira homenagem à cultura brasileira.
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Com um repertório completo e uma performance muito bem encenada e interpretada, Anitta levou o baile funk, a bossa nova e vários dos nossos orgulhos nacionais para um dos mais assistidos festivais de todo o mundo. Na imprensa internacional e nas redes sociais, a repercussão foi enorme: a apresentação foi considerada uma das melhores da atual edição do Coachella e chamou a atenção de grande parte do público na Califórnia que desconhecia o seu trabalho.
Anitta escreveu seu nome na história do festival, mas o caminho para o sucesso internacional que tem colhido começou há muito tempo. Conquistar o mundo com a sua música sempre foi um de seus maiores objetivos, e a chegada de “Versions Of Me” consagra um planejamento de vários anos, discos, singles e fases que marcaram “as suas versões”.
A trajetória de Anitta pelo mundo
Desde o icônico lançamento de “Bang!”, em 2015, Anitta decidiu adotar um método diferente para os seus trabalhos. Com o objetivo de dar projeção internacional ao seu trabalho, a cantora deixou de lado os álbuns de estúdio para dedicar sua atenção em singles para o exterior, o que levou à gravação de músicas de diferentes estilos e idiomas — um projeto que ficou conhecido como “Checkmate” em 2017.
No ano anterior, Anitta já havia feito barulho no cenário internacional com “Sua Cara”, colaboração com o Major Lazer e com Pabllo Vittar que foi ouvida milhares de vezes pelo mundo em 2016, e com parcerias com J Balvin no remix de “Ginza” e com Maluma em “Sim ou Não”. Entretanto, o novo projeto procurava apresentar diferentes lados de sua música, tanto para os vários fãs no Brasil, quanto para o público estrangeiro que sonhava em conquistar.
A cantora seguiu investindo no reggaeton e na música eletrônica para emplacar o seu nome ao redor do globo, além de também lançar faixas tipicamente brasileiras para espalhar nossa cultura pelos outros países. Enquanto singles como “Downtown”, mais uma parceria com J Balvin, e “Is That For Me”, produzida por Alesso, visavam as paradas internacionais, “Vai Malandra” se tornou um dos funks mais famosos dos últimos anos e tinha o intuito de fazer o gênero ter o seu espaço lá fora.
O projeto teve um impacto muito maior no Brasil do que no exterior, mas foi bem-sucedido em firmar o nome de Anitta em diferentes estilos, seja como parte da música latina ou lembrada pelo funk que a consagrou. O lançamento de “Kisses” em 2019 reafirmou a pluralidade de suas canções, explorando vários estilos em parcerias diversas, desde estrelas nacionais, como Caetano Veloso, Ludmilla e Papatinho, até nomes como Snoop Dogg, Becky G e Swae Lee.
Porém, “Versions Of Me” é o disco que não só resume a trajetória que trilhou até aqui, mas também parece definir os próximos passos para a sua carreira. O álbum é a verdadeira prova da força que a cantora procura levar ao mundo por meio de sua música, e marca sua entrada definitiva no cenário internacional depois de tantos anos lutando por seu espaço.
“Versions Of Me” e a consolidação internacional de Anitta
Inicialmente, o trabalho levaria o nome de “Girl From Rio”, dando sequência ao conceito que Anitta nos apresentou com a música no ano passado. Porém, a cantora decidiu mudar os planos em busca de uma estética que simbolizasse melhor as várias fases que percorreu na última década. A sonoridade das faixas também reforça essa diversidade, sem se prender a um único gênero ou idioma — o que fica ainda mais evidente com os demais singles.
Os lançamentos anteriores ao álbum eram focados em diferentes públicos além de sua base de fãs. “Boys Don’t Cry” e “Faking Love”, por exemplo, apresentavam grande potencial para o mercado dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que canções como “Me Gusta” e “Envolver” tinham um fortíssimo apelo nas paradas latino-americanas.
Aos poucos, os resultados começaram a aparecer pelo globo. “Envolver” tomou o TikTok, foi abraçada por vários países e, depois de seis meses, tornou-se a música mais ouvida de todo o mundo no Spotify, além de quebrar vários recordes do serviço no meio-tempo. A canção atingiu a marca de 6,3 milhões de audições em um só dia — o maior número que um artista brasileiro já alcançou na plataforma e, por consequência, consagrou a primeira vez que um artista brasileiro foi o mais ouvido do aplicativo.
O sucesso estrondoso do single refletiu na divulgação de outras faixas. No mês passado, ninguém mais, ninguém menos que Miley Cyrus convidou Anitta a subir ao palco de sua apresentação no Lollapalooza para uma performance especial de “Boys Don’t Cry”, levando os fãs ao delírio e marcando um dos grandes momentos do festival, além dos vários elogios que fez à brasileira durante o show.
Na última terça-feira, “Versions Of Me” também quebrou recordes inéditos no Brasil e no mundo. O disco teve a maior estreia de um álbum nacional no Spotify, registrando um total de 6,05 milhões de reproduções em suas primeiras 24 horas disponível, e o segundo maior lançamento da história da plataforma, atrás apenas de “Chromatica”, de Lady Gaga, com 7,7 milhões de audições.
Com números tão expressivos, não demorou para que o nome de Anitta ressoasse ainda mais nos Estados Unidos. A cantora foi convidada para vários programas norte-americanos ao longo dos últimos dias, dando entrevistas para nomes gigantes, como Jimmy Fallon e Andy Cohen, e também para veículos de grande relevância dentro e fora da indústria musical, como o The New York Times, a Rolling Stone e a NME.
Em todas as conversas, Anitta procura sempre enfatizar a importância em levar a cultura brasileira para o exterior e os julgamentos que sofre por ter vindo do funk. A matéria do The New York Times sobre a artista ressalta o preconceito com a sua música mesmo dentro do país: “No auge do pânico moral em torno do baile funk, nem estrelas como Anitta saíram ilesas. Quando ela se apresentou na cerimônia de abertura olímpica em 2016 ao lado dos ícones nacionais Caetano Veloso e Gilberto Gil, os críticos se revoltaram contra sua inclusão no evento, julgando-a como ‘favelada’”, afirma o jornal.
A cantora também admitiu usar de sua simpatia e do humor como uma maneira de conquistar o público estrangeiro e fortalecer a repercussão de suas entrevistas. Apesar de ter provocado polêmica entre os brasileiros nas redes sociais por reforçar estereótipos comuns ao país em algumas de suas matérias, a artista reiterou que se trata somente de uma estratégia em busca de “entretenimento e diversão”. “A entrevista foi super engraçada, eu falei um monte de besteira. Sim, porque eu estou começando e esse é o tipo de coisa que rende e que traz engajamento, que faz as pessoas me chamarem de novo e de novo, porque são divertidas. Com o tempo, óbvio que eu vou conseguir ter espaço para falar das coisas mais sérias, do lado mais sério do Brasil e da minha carreira”, declarou em seu perfil no Instagram.
Nos Estados Unidos, o álbum ainda tem crescido modestamente em números, mas já tem feito seu barulho com parcerias com nomes importantes, como Khalid, Cardi B, Ty Dolla $ign e Saweetie, além da produção executiva de Ryan Tedder, um dos mais renomados hitmakers da atualidade. A visibilidade que o disco tem alcançado já é notável, especialmente por se tratar de um trabalho brasileiro, e aumentou significativamente após o Coachella.
Com seu show, Anitta se tornou a primeira artista brasileira a se apresentar na história do festival, e para celebrar o marco, decidiu homenagear as suas origens sobre o palco. Cumprindo o que tem prometido desde sempre, a cantora dedicou a performance à cultura nacional, com o cenário de uma favela, a atmosfera de um baile funk e a maioria das músicas ganhou releituras com o ritmo latino-americano que contagiou os fãs.
A apresentação foi uma das mais comentadas do Coachella na mídia internacional, chamando a atenção por ter sido extremamente bem ensaiada e enérgica. Além dos aplausos da imprensa, a artista também conquistou a simpatia de um público que não conhecia tão bem seu trabalho, mas pôde se encantar por ele e pela música brasileira através do show.
A carreira internacional de Anitta está apenas no começo, mas a cantora tem se consolidado cada vez mais como uma das principais revelações da indústria atual — e uma que tivemos a sorte de acompanhar desde muito cedo. Dando os passos mais importantes de sua trajetória até aqui, os olhos do mundo estão se voltando para Honório Gurgel.