Por Giselle Weichert e Victor Brito
Como se não bastasse ter quase 200 composições prontinhas em sua gaveta, Bryan foi escolhido como o representante do Pop para fazer parte do projeto Alerta Experimente. Idealizado pelo Multishow e Canal BIS, o projeto pretende contribuir para uma “renovação artística no cenário nacional, mapeando novos talentos, acelerando apostas e promovendo a nova geração da música brasileira”.
O projeto é fruto de um levantamento que envolve curadoria musical dos canais e inteligência de dados, e seleciona artistas em ascensão para serem acelerados de março a dezembro nas plataformas dos canais Multishow e BIS.
Após lançar seu primeiro álbum em 2020, o catarinense Bryan Behr chega a 2021 de mão cheia. Com uma série de lançamentos preparados, o cantor lançou em janeiro o EP “Capítulo 1”, que é considerado o pontapé inicial da nova fase de sua carreira.
Bryan revela que “no geral, a gente definiria esse EP como um primeiro passo para uma nova era. Falo ‘a gente’ porque trabalho com muitas pessoas talentosas, inclusive dentro do estúdio. Acho que a gente amadureceu muito na produção, eu amadureci muito como compositor também. E ele chama Capítulo 1 porque terá continuidade, terão outros capítulos que depois compilados se tornarão um álbum. Cada capítulo terá cinco faixas, cada faixa conta uma história, então, no final, teremos um pseudo livro com esse álbum”.
Além das cinco faixas no primeiro capítulo, um clipe totalmente diferente chegou ao acervo audiovisual do cantor. Dirigido por Belle De Melo, o vídeo de “Eu Sou Sentimental”, primeiro single do Capítulo 1, deixou de lado as paisagens bonitas – já comuns dos seus clipes – e recebeu um ambiente caótico, divertido e comum: um escritório.
“Eu Sou Sentimental me descreve muito bem, eu acho que sempre escrevi e lancei músicas que falam sobre vida, sobre amor, de um ponto muito positivo, e essa canção fala muito da vida como ela é. Gravar o clipe foi muito especial porque eu estava acostumado a gravar em áreas externas, montanhas, lugares muito bonitos, então é a primeira vez que a gente grava em uma locação interna, um ambiente caótico, bem diferente do que as pessoas estão acostumadas a ver. Foi muito muito divertido gravar, a primeira vez que contracenei com outras pessoas, muito especial”, conta Bryan.
Em conversa com o cantor, o Tracklist fez um trabalho de formiguinha para descobrir o que Bryan Behr tem nas mangas: sabemos que esse livro não tem só uma parte, descobrimos que o clipe de “Devagar” já está batendo na porta, e que o Capítulo 2 conta com uma participação especial!
Será que esse ano teremos músicas e clipes com uma vibe mais próxima a de “Eu Sou Sentimental”? Com bastante novidade e spoiler, confira abaixo o nosso papo com o catarinense que promete roubar seu coração (porque o nosso ele já ganhou):
Entrevista com Bryan Behr
Tracklist: Nós sabemos que você vem de cidade pequena, lá de Brusque, né?
Bryan: Uhum, isso mesmo.
Aí seu nicho começou sendo lá e depois foi abrindo… até com sua participação no Só Toca Top, que muito provavelmente abriu várias portas pra você. Agora você chegou no Multishow, neste projeto de aceleração. Como você está se sentindo com sua participação no Alerta Experimente?
Bryan: Cara, quando eu recebi a notícia eu fiquei tão feliz, porque eu tenho certeza que existem tantos artistas que mereciam estar ali também, mas eles olharam pro meu trabalho com carinho e a gente foi escolhido. Eu acho que é uma comprovação de que a gente tá fazendo as coisas do jeito certo, sabe? Tá fazendo música com coração, tá produzindo música com coração, tá entregando pras pessoas desse jeito, então… existem vários sinaizinhos assim que acontecem que vem pra gente como forma de mostrar pra gente que a gente tá no caminho certo. Pra mim foi incrível, porque eu cresci assistindo os dois canais, foi onde eu descobri a música. Tipo: eu acabei de assistir um clipe de uma banda que eu não fazia ideia que existia e aí comecei a acompanhar o trabalho dos caras e aí hoje eu tô lá e tenho certeza que pessoas como eu com certeza vão estar assistindo e conhecendo meu trabalho, então fiquei super ultra mega feliz.
Além de você, a gente sabe que tem mais 5 artistas no programa, cada um deles de gêneros musicais bem diferentes, indo do pagode até o R&B. Você já conhecia esses artistas que tão participando também?
Bryan: Alguns eu já ouvi falar, mas alguns eu não tinha visto e ouvido o trabalho ainda. Eu acho que esse é um dos pontos também muito interessantes do projeto, que é fazer essa troca entre os artistas, né? Tenho certeza que durante o ano a gente vai se conhecer ainda mais, e enfim, muita coisa pode surgir dessa interação e dessa troca de gêneros, de tipos, de jeitos de se fazer música. No final a gente sabe que só existem dois tipos de música: a música que toca o coração, e a música que não toca, independente do ritmo, independente de qualquer coisa. Então eu acho que essa troca artística é muito positiva, porque dá pra aprender muito com todos os outros estilos, assim como talvez de certa maneira eu também posso influenciar esses estilos que às vezes não tem nada a ver com o que eu faço.
Você espera se relacionar de alguma forma com esses artistas durante o projeto?
Bryan: Com certeza! Eu gosto muito de gente, eu gosto muito de artista. Acho que a gente tem uma cabeça um pouco diferente, então tem vezes que eu fico tipo… Sabe quando você conversa com alguém e você pensa “cara, essa pessoa sabe o que eu tô falando, ela sabe o que eu tô sentindo.” Às vezes, a gente tenta explicar pra algumas pessoas, pros amigos, e não entra na cabeça das pessoas os tipos de problema que a gente enfrenta ou as coisas que a gente fica encucado e precisa falar sobre… É muito interessante quando você conversa com outro artista, como ele compreende seu mundo, assim. Então, eu tenho certeza que vai rolar alguma coisa muito bacana com essas pessoas e com esses artistas, porque essa troca é sempre muito positiva de artista pra artista.
Agora, mudando um pouco o assunto… um passarinho contou pra gente que vem coisa nova ainda esse mês, boatos que é um clipe?
Bryan: É, ele te soltou bastante informação então (risos). A gente tá trabalhando uma faixa do Capítulo 1 ainda antes de lançar o Capítulo 2, porque quando a gente faz um EP com cinco faixas, eu acho que é de certa forma diferente de um álbum. Eu gosto até de brincar que álbum é onde a gente pode colocar umas músicas malucas, umas coisas que a gente nunca pensou em lançar, então a gente coloca lá pro final do álbum, já que não vamos lançar um single com elas. E quando a gente faz um EP de cinco faixas, até eu na hora de criar, eu não enxergo muito espaço pra isso, sabe? Então a gente geralmente coloca sempre as melhores das melhores músicas que existem no repertório naquele momento. Então… pro Capítulo 1 a gente apresentou pras pessoas algumas das faixas, só que algumas, entre aspas, ficaram pra trás, e uma dessas faixas é Devagar. É uma das músicas que eu mais acredito nesse trabalho, e a gente queria muito que ela ganhasse um clipe também, porque ela merecia, sabe? Eu tava olhando pra trás e vendo Devagar e pensando: cara, não tem como seguir com essa música sem um clipe, ela merece muito um clipe. Nem que seja eu filmando qualquer coisa, ela precisa de um clipe. Então, a gente tá nesse processo de entender, de levantar ideias, de começar a estruturar um roteiro, pensar no que é realizado e o que não é realizado pra fazer um clipe pra essa faixa, porque ela merece.
O clipe de “Eu Sou Sentimental” foi muito bem trabalhado… tivemos a direção da Belle de Melo, que é uma gênia, né? A gente pode criar expectativas por algo diferente e novo na sua carreira como esse último clipe?
Bryan: Sabe aquela coisa do time que tá ganhando não se mexe? Eu não sou esse cara, eu gosto de experimentar umas coisas diferentes, eu gosto de ter tempo pra errar, sabe? Então pra todos os clipes, por mais que eles mantenham uma característica visual, eu gosto muito de, entre aspas, me arriscar com isso. Se você for ver os clipes do Simples, por exemplo, eles são todos simples em lugares lindos. Depois vemos os clipes do Capítulo 1 que, falando particularmente de O Amor Descansa na Varanda e De Todos Os Amores, são em lugares paradisíacos. Aí eu falei com o pessoal: ninguém tá vivendo isso, tá todo mundo em casa, trancado. Nisso, eu disse: cara, queria muito também inserir a gente num ambiente caótico onde tem um milhão de coisas acontecendo e que não seja essa coisa fantástica de montanhas e lagos e tudo o mais. Assim veio a ideia de trazer a Belle, pra trazer também esse choque pro meu trabalho. Trabalhar com ela foi incrível, não vejo a hora de trabalhar com ela de novo e… desse trabalho surgiu uma amizade muito grande, a gente conversa toda semana. Ela é muito querida e muito talentosa, ela tem um olho diferente. Pro clipe de Devagar, eu tô começando a bater no roteiro e pensar em umas coisas. Enfim, eu acho que não vai ser mais do mesmo. Eu não tenho muitos clipes até agora, então eu gosto de estar sempre experimentando e vendo o que funciona mais pra mim mesmo, o que que eu gosto mais de fazer. Gravar todos os clipes até agora foi muito incrível.
Eu sinto que do primeiro álbum pro Capitulo 1, suas composições evoluíram, e também tivemos uma leve diferença na sonoridade, sem perder a essência. Sabendo que você tem o Capítulo 2 na manga, o que podemos esperar dele? As músicas seguem o mesmo estilo do Capítulo 1?
Bryan: Eu acho que o A Vida É Boa foi um “oi, cheguei”. A gente pegou várias composições que eu já tinha e fez um álbum com isso. Naquele momento tinha um Bryan mais pé no chão, não com a cabeça nas nuvens, sabe? Já no Capítulo 1, a minha relação com o Juliano Cortuah, que é meu empresário e também produtor desses trabalhos, evoluiu muito. Por causa disso, eu comecei a me sentir mais livre pra falar sobre as coisas que eu queria. Eu comecei também a estudar pra saber como me comunicar melhor com ele dentro do estúdio… de certa maneira, junto com a evolução da nossa relação, evoluiu também na música. A nossa parceria faz muita diferença dentro do estúdio. A energia das coisas que a gente tem ali quando tá gravando passa pra música, e eu senti isso com o Capítulo 1, mas senti ainda mais com o Capítulo 2. Eu tenho certeza que as músicas do Capítulo 2 cresceram muito em relação ao Capítulo 1, que ainda tem muito aquele Bryan calmaria do primeiro álbum. O Capítulo 2 é mais pop, só que as letras são muito mais profundas. Eu explorei sensações que eu não explorava antes. Tem várias músicas diferentes que vão despertar coisas diferentes.
Você escolheu “Eu Sei” pra ser sua releitura do Capítulo 1 por ser muito marcante da sua infância… como você trabalha a escolha dessa parte do EP? Sempre vai ser algo mais pessoal?
Bryan: Então, o Capítulo 2 não tem uma releitura… E ele não vai ter uma releitura por um ótimo motivo: era pra esse EP virar um álbum. A gente tinha muita música que tocava no coração e que tinha que entrar. Nisso precisamos escolher só cinco. Fora isso, na minha cabeça não tinha espaço pra uma releitura porque a gente tava com muitas músicas boas. Não que no Capítulo 1 não tivesse, é porque eu realmente queria trazer essa faixa. Eu sempre ouvia “Eu Sei” e pensava que ela merecia muito um arranjo, uma coisa diferente. Pro Capítulo 2 realmente não enxerguei espaço, mas pro Capítulo 3 talvez tenha… talvez tenha duas. Mas acho que essa é a parte legal: deixa pra ver quando for pra ver, não adianta a gente especular. Só entrando no estúdio pra sentir como as coisas acontecem. Tipo no Capítulo 1, que por exemplo, “Eu Sou Sentimental” não era pra ter entrado. A gente tinha outra música gravada já, eu acordei um dia, olhei pro teto e decidi que não iríamos seguir com ela porque eu não acreditava nela. Aí liguei pra todo mundo, conversei, e disse: vamos trocar de música. E isso era pra trocar de música para uma que ainda não tinha sido escrita. Aí eu escrevi “Eu Sou Sentimental” pra colocar no lugar dessa música, mesmo que já tivéssemos outras pra substituir.
Eu tenho acompanhado seu trabalho há algum tempo e vi que você faz quadros… você acha que a produção das suas obras de arte influenciam sua criatividade durante a composição das suas canções ou vice versa?
Bryan: Influencia tanto que tem dias que vira o combustível de tudo. Quando eu escrevo uma música boa, eu gosto de brincar que tomo uma injeção de ânimo por uma semana – eu fico dias e dias numa vibe leve, do tipo se eu tomar uma multa de trânsito eu vou dizer obrigado, sabe? Então quando eu pinto um quadro que eu considero muito bonito também, bonito pra mim, isso também me dá essa onda de ânimo. Acontece demais de eu ficar animado pelo quadro e ir escrever uma música, ou então compor uma música, me sentir muito feliz com aquilo e ir pintar um quadro porque tô inspirado. Eu tenho uma coleção chamada Remonta que é onde eu pego um sentimento – não necessariamente ruim -, coloco ele na tela, e depois que eu sinto que coloquei tudo pra fora, recorto a tela inteira e aí eu remonto ela em lugares diferentes pra mostrar que a gente pode ressignificar essas coisas que a gente sente.
Eu adoro suas pinturas, não vou mentir!
Bryan: É? Eu tô lançando uma coleção nova agora… algumas telas, na verdade daqui pra frente todas elas, eu que monto o chassi, né? Eu compro a madeira, recorto, grampeio, colo. Eu tô montando uma coleção que vai ter uma tela pra cada música minha, vai ser bem legal.
E livros e filmes? Já rolou de você escrever músicas depois de ter lido ou assistido algo?
Bryan: Já rolou muito, mas não que eu tenha escrito para aquilo, sabe? É mais pela inspiração que me dá. Eu já assisti documentário sobre qualquer coisa aleatória, me senti inspirado e escrevi uma música de amor, mas era um documentário que falava, sei lá, de Chernobyl. Essa coisa de ler livros, assistir filmes, séries e documentários, pra mim, servem muito mais pra aguçar minha criatividade e me sentir inspirado pra escrever do que necessariamente tirar algo dali.
Chegou no meu ponto aqui que você tem 100 composições prontas para futuros trabalhos… a gente sabe que muitas às vezes não chegam até os ouvidos dos fãs, mas essas 100 vão chegar? Ou você vai descartar algumas que não curte muito?
Bryan: O seu ponto aí tá desatualizado… acho que essas 100 aí já são quase 200 músicas. É muito doido isso, porque as pessoas falam: cara, você já tem muita música! Eu tô fazendo um song camp agora junto com alguns compositores pra escrever músicas para um trabalho específico, e eu vou fazer pro Capítulo 3. É muito disso da gente ir caminhando, ir vivendo e ir escrevendo sobre as coisas que tá vendo no mundo, que acontecem com a gente. Só que a música que eu escrevi há três meses atrás pode bater muito forte pra mim, sabe? Só que talvez eu precise escrever mais músicas sobre o que eu tô vivendo agora. Se eu pudesse, escrevia uma música por dia e lançava. É muito doido ter muita música escrita e ainda querer escrever muitas outras pra fazer esses trabalhos específicos. Uma das maiores dós da minha vida é não lançar todas as músicas que eu já escrevi. Talvez eu faça um projeto futuramente, tipo um livro, pras pessoas lerem todas as letras.
A gente também tá sabendo que você deve lançar o Capítulo 2 no mês que vem. Você já está preparado para divulgar essa informação? Você pode compartilhar a data (com a gente) pra aumentar a expectativa da galera?
Bryan: A gente ainda tá no processo de finalização do EP, então não tem uma data específica e diria nem um mês… não tem ainda como dizer porque tem muita coisa pra se finalizar, pra repensar também. Isso se eu não acordar mais um dia e não acreditar em outra música… (risos). E acho que tudo bem também, acho que essas músicas precisam ir pro mundo quando elas realmente tiverem que ir.
E depois do Capítulo 2, o que podemos esperar? Quantos capítulos teremos nesse pseudo livro que você tá escrevendo?
Bryan: Então, eu acho que a gente ainda não sabe quantos capítulos esse livro vai ter. Acho que essa é uma coisa também que a gente deixou pra sentir no coração. Quando for se aproximando de fazer outros capítulos, a gente sentir se cabe outro capítulo, se o próximo capítulo já pode contar a história final, sabe? Querendo ou não a gente tá criando um álbum, que tem uma identidade sonora e visual também, que é fechada no melhor sentido da palavra – é velada. Você vai ouvir uma música do Capítulo 3 e uma do Capítulo 1 e vai saber que elas pertencem ao mesmo álbum. Eu gosto de separar as coisas. Acho que vou sentir mais quando estivermos no Capítulo 3… que inclusive já posso dizer que vai ter. Só não sei quando, mas vai ter.
E aí? Quer contar mais algum spoiler pra gente finalizar?
Bryan: Caraca, mas eu já dei tanto spoiler… (risos). Tá, de spoiler… acho que posso falar que o Capítulo 2 vai ter um feat, só não posso falar quem é. Fica no ar aí, é um baita spoiler.