in , ,

Review: “Midnights” é o retorno ao pop com jornadas de autorreflexão

Taylor Swift mostra que é uma ótima companhia para as noites de insônia com novo álbum

taylor swift midnights
Foto: Divulgação

A espera pelo retorno de Taylor Swift com o inédito “Midnights” requisitou muitas horas de sono perdidas por parte dos fãs. Isso porque, levando ao pé da letra o conceito por trás do nome – traduzido livremente para meia-noite – Taylor aproveitou das madrugadas para anunciar os nomes das faixas, teaser trailers e outras surpresas para a fanbase que vem aproveitando cada segundo da divulgação bem trabalhada do novo disco. 

O álbum de inéditas chega após dois anos de pandemia que foram de muito trabalho para a cantora. Em 2020, ela aterrissou no alternativo de surpresa com o “folklore”, provando que se destaca por ter êxito em qualquer ritmo e sonoridade que se propõe a experimentar. O “evermore” chegou também de surpresa, apenas cinco meses após o antecessor, e selou uma experiência completa para os fãs que passaram a admirar o trabalho de Taylor no folk. 

Não se limitando apenas aos trabalhos nunca ouvidos, a cantora e compositora provou ser uma artista consolidada com os lançamentos das regravações de “Fearless”, após 13 anos da versão original; e “Red”, após 9 anos. Os números alcançados com os projetos recentes da loirinha provam que, mesmo após mais de 16 anos de carreira, o público geral ainda é todo ouvidos para o que Taylor tem a dizer – e ela parece não estar nem perto de se cansar de compartilhar suas angústias, amores e inseguranças.

Nesse aspecto, “Midnights” é uma viagem pelas madrugadas de insônia de Taylor. É nesse momento da noite que suas mais profundas reflexões e angústias se afloram e isso transparece nas letras honestas de autorreflexão presentes no disco. Desde seu anúncio em agosto, a artista já havia adiantado que o projeto abordaria terrores e doces sonhos da madrugada. 

Leia também: Lançamentos da semana: Taylor Swift, Arctic Monkeys e mais

Um mistério prazeroso de resolver

Enquanto a indústria musical se depara com um momento de “mais do mesmo”, Taylor nunca se acomoda. Nas semanas que antecederam o lançamento, a dúvida sobre qual sonoridade seria explorada no “Midnights” pairava no ar. Esse questionamento é um privilégio apenas de quem se permite visitar as mais diversas facetas proporcionadas pela música – e Swift mostrou fazer isso muito bem. 

A faixa de abertura, “Lavander Haze” começa com um convite recorrente dos últimos meses: “Meet me at midnight” (encontre-me à meia-noite). As batidas iniciais prontamente nos transportam para o dream pop já conhecido no “Lover” em faixas como “I Think He Knows”. A semelhança com o disco pop lançado por Taylor em 2019 também é presente em faixas como “Bejeweled” e “Midnight Rain”.

“Anti-Hero” é um mergulho nas mais profundas inseguranças de Taylor Swift, que não economiza na vulnerabilidade. “Eu não deveria ser deixada sozinha / Essas situações vêm com preços e vícios / Eu acabo em crise”. Com foco na narrativa autobiográfica que adotou para esse trabalho, ela aborda os desafios de estar há tanto tempo na frente dos holofotes e as amarguras de lidar com as próprias frustações e baixa autoestima. Essa foi a primeira faixa a ganhar um videoclipe, dando imagem aos sentimentos que a artista quis passar.

Faixas como “Vigilante-Shit” mostram um refinamento da proposta pop da cantora, revelando que ela até mesmo bebeu da fonte de artistas como Billie Eilish ou Lorde. Os sintetizadores, sussurros e crescentes da melodia fazem da faixa uma das mais fortes e marcantes do “Midnights”. Somado a isso, Taylor revisita uma temática amada pelos fãs: vingança; tópico também presente em “Karma”. “Eu não me visto para mulheres / Eu não me visto para homens / Ultimamente tenho me vestido para a vingança”.

“Labyrinth” se junta a “Maroon” e “Question…?” na temática de um amor perdido, revivendo experiências passadas e levantando questões sobre um amor que se perdeu. “Midnights”, no entanto, tem música para todos se identificarem. Por isso, “Snow On The Beach” se junta a “Lavander Hazer”, com uma mensagem esperançosa sobre o amor.

Em “Mastermind”, Taylor encerra a versão standart do disco contando uma história de amor que foi planejada em todos os detalhes. Nessa faixa, ela explica todo seu esforço para fazer com que seu interesse amoroso se apaixonasse por ela. Logo, os fãs repararam o contraste com músicas como “invisible string”, que fala sobre acaso, e “Paper Rings” que aborda o relacionamento como um acidente.

Esse é um aspecto recorrente na discografia da artista que já acumula dez álbuns inéditos lançados. Constantemente é possível notar paralelos não somente em músicas dentro do próprio disco, como também com trabalhos anteriores, somando para a história que Taylor quer contar.

Influências e colaboradores

Uma das faixas mais aguardadas do projeto era “Snow On The Beach”, a tão esperada parceria com Lana Del Rey. Porém, essa é a parte do álbum onde há uma quebra de expectativa: Lana passa praticamente despercebida na canção. Tirando isso, a música é um dos pontos mais fortes do álbum, tratando o amor como uma boa surpresa.

O principal colaborador de Taylor Swift nessa aventura é Jack Antonoff, já recorrente nos seus últimos trabalhos desde o “1989”. Além dele, são creditados também Jahaan Sweet, Sam Dew, Sounwave, Keanu Beats, William Bowery – pseudônimo para Joe Alwyn, e a atriz Zoe Kravitz, presente em “Lavander Haze”.

Recepção da crítica

A coesão do disco está nos sintetizadores e elementos experimentais que se unem para contar uma história de autorreflexão do começo ao fim. Taylor sintetiza com primor a sua trajetória artística e o desenvolvimento de sua identidade como uma cantora e compositora que está há anos na indústira. Não satisfeita com contar essa história em 13 faixas, pela madrugada a cantora lançou outras sete faixas extras, que completam o conceito pensado por ela.

Se “Midnights” nasceu de noites sem dormir, a jornada com certeza vale a insônia, pois não há companhia melhor para a madrugada do que as 20 faixas que Taylor Swift entregou. Não é atoa que o título de maior estreia da história do Spotify já pertence ao álbum somado aos 92% de aprovação até o momento no Metacritic.

Nota: 9,0/10


Siga o Tracklist nas redes sociais!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *