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Entrevista: Mateus Carrilho fala sobre novo single, “Menino”

A nova faixa do artista abre caminho para seu primeiro álbum de estúdio

mateus carrilho
Foto: Fernando Mendes

Mateus Carrilho lançou, à meia-noite desta quarta-feira (29), o single “Menino”. A canção pop, com nuances da MPB, abre caminho para seu primeiro álbum como artista solo.

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Além da música, o lançamento vem acompanhado de um videoclipe oficial. O trabalho audiovisual traz um aspecto vintage, somado a um cenário contemporâneo. Com isso, o artista dá o pontapé inicial em uma nova fase, que traz elementos mais solares, clássicos e leves. Confira o vídeo:

Durante os preparativos para o novo single, Mateus cedeu uma entrevista para o Tracklist, onde falou sobre a música e seu próximo projeto. Confira abaixo!

Entrevista: Mateus Carrilho fala sobre “Menino” e seu primeiro álbum de estúdio

Primeiramente, vamos falar sobre “Menino”. Qual é a sonoridade da faixa e a história por trás dela?

“É uma faixa que acho que marca esse meu novo momento na música. É a primeira faixa do meu disco, e eu escolhi essa faixa porque acho ela um ótimo cartão de visitas para esse momento. Eu fiz um disco que segue sendo pop, mas que tem um outro nível de maturidade. Uma sonoridade muito mais madura, muito mais brasileira”.

“Essa música em si, é um samba com pop, então é realmente algo que eu nunca tinha feito antes. E tem um quê de tudo – um quê de Jorge Ben, tem um quê de Caetano [Veloso], tem um quê de Menino do Rio… a música se chama ‘Menino’, . E acho que ela conta sobre um amor de verão, aquele amor que você vive e que pode até não durar tantos dias, mas enquanto ele dura você se doa, e você ama aquela pessoa, e acha que vai ficar com aquela pessoa para sempre. Então, ‘Menino’ é muito isso. É uma música muito solar, muito gostosa, e poética”.

Você está trabalhando em seu álbum de estreia como artista solo. Por que “Menino” foi a escolhida para abrir essa nova era?

“Porque eu acho que essa é uma das músicas mais lindas do disco. Eu já tenho essa experiência aí que, acho que quando você faz um disco, você tem que começar logo com o melhor do melhor. Porque já aconteceu vezes de eu economizar e depois o povo não botou tanta fé. Então, assim, já que é pra chegar, chega chegando. Eu acho que essa é uma das faixas mais lindas do álbum, e também acho que ela representa esse novo momento de fato – da brasilidade, que eu quero; de contar a história do disco. Ele é muito sobre esse meu lado, de sempre ter bebido muito das referências brasileiras. Se você olhar minha história na música, você vai perceber que sempre teve muita brasilidade, sempre teve muito essa paixão pela nova estética, pela nossa música, pela nossa cultura”.

“Então, acho que ‘Menino’, num outro lugar, numa outra roupagem, mas sempre a mesma pessoa, ela traz tudo isso. E, para o meu público, enquanto LGBT+, acho que é uma música que também carrega um nível de representatividade. Então, eu pensei muito no meu público. Pensei muito nos garotos que, tantas vezes, escutavam músicas que narravam coisas que não eram sobre eles. Então acho que ‘Menino’ também, além de tudo que eu disse, traz essa dose de representatividade que o meu público pode gostar muito”.

A estética visual é uma grande parte do seu trabalho. O que pode ser adiantado quanto a isso?

“Eu sou apaixonado pelo visual. Isso segue super firme e forte. Eu já apresentei, mas agora com uma repaginação de imagem, uma logo nova nas minhas redes sociais, o meu novo símbolo. E a gente trouxe já, de início, a frase: ‘Niva era, novo menino’. E é exatamente para as pessoas perceberem que é um novo momento. Porque todas as faixas do meu novo disco são inéditas, as pessoas não conhecem nenhuma faixa. Não coloquei ‘NOITE DE CAÇA’, não coloquei ‘PANCADA’. Isso tudo ficou lá no momento em que as lancei, na era delas, e agora é uma nova era.

“Eu brinquei com o nome da música, nesse ‘Novo menino’, e acho que vai vir uma era mais solar, uma era mais orgânica. Até em relação a videoclipes, eu vou querer trabalhar com fotografias que têm um nível de analógico, sabe? Eu acho que trago muito essa coisa do vintage, só que mesclado com a modernidade, porque eu sou uma pessoa contemporânea. Eu adoro beber das referências antigas e, ao mesmo tempo, trazer coisas atuais. No meu clipe, que vocês vão assistir, por exemplo, tem uma cena em que eu estou todo de alfaiataria e, ao mesmo tempo, aparece um menino de Juliet. Então eu acho que a gente contrapõe essa coisa – tem desde a boemia carioca, antiga, à contemporaneidade do menino carioca de hoje em dia. O clipe é gravado no Rio de Janeiro, inclusive; porque quando eu compus essa música, só me vinha o Rio e os amores que eu tive quando passei por essa cidade. Então, quando a gente foi gravar o clipe, eu bati o pé, e disse: ‘Não, tem que ser no Rio’. E a gente traz esse visual paradisíaco, muita beleza, com muita gente linda”.

O álbum inteiro vai vir nessa pegada da brasilidade, do samba – mas também em um lado contemporâneo?

“Isso, ele é um disco todo brasileiro, ele é fundamentado nisso. Só que a gente vai para lugares diferentes. Não é um disco que tem só samba, é um disco que bebe de vários lugares e várias nuances brasileiras. É um álbum pop, só que com ingredientes nossos, . Com ingredientes que vão pro samba, para o funk, com um pezinho no axé antigo, que é o que eu gosto muito. Eu fui uma criança que cresci escutando Cheiro de Amor, Harmonia do Samba, Ivete [Sangalo]. Então, tem até uma faixa que bebe um pouco disso. Acho que é um disco super moderno, mas extremamente nostálgico ao mesmo tempo. Quem aí viveu e foi criança durante os anos 90 e 2000, vai super se sentir abraçado. E é um álbum muito versátil”.

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Como e quando você descobriu sua vocação para a arte?

“O mais clichê do clichê. [Eu era] aquela criancinha que desde pequena pedia para a mãe para fazer arte e fazer música. Só que eu era do interior, então… no interior do Brasil a gente não tinha muita experiência e muitos recursos. Eu cresci na igreja, cantando, fazendo teatro. A igreja era o lugar aonde eu conseguia colocar o meu lado artístico para fora, porque senão a criança faltava chorar, [risos]. Porque ela não queria jogar futebol, ela não queria ir para a fazenda, não queria ir para a roça. Então eu me acabava ali na igreja. Fazia teatro, ia para a música, canto, me interessei desde muito novo. E a minha mãe percebeu esse meu interesse e eu comecei a estudar muito novo também. Então eu estudei canto jovem, estudei música jovem, e componho também desde novinho”.

Durante muito tempo, você fez parte da Banda Uó. Como esse período influenciou na construção da sua carreira solo? Ou, melhor, o que você carrega como bagagem dessa época?

“A Banda Uó foi a minha grande professora. Ela ensinou tudo para a gente. Depois que eu fiquei solo, eu aprendi também um monte de coisa, não vou ser só poético aqui. Mas a Banda Uó foi a primeira coisa que fez a gente entender como o rolê funcionava. Tanto de fazer música, quanto de fazer clipes, quanto na indústria ali, como a gente seria inserido, o que dava e o que não dava certo… porque a gente não teve ninguém para ensinar. Então nós tivemos que aprender tudo sozinhos. Eu lembro que, quando a gente apareceu, nós éramos anunciados naquela categoria ‘Hit da Internet’. Que é uma categoria que, hoje em dia, não faz mais o menor sentido, porque os artistas estão todos na internet. Então, quando a gente surgiu, ainda tinha essa categoria: ‘Música da Internet’, ‘eles que surgiram na internet’. Hoje em dia isso é uma coisa que nem se é falada mais”.

“Então, eu tenho só a agradecer, assim. Eu acho que a história que a Banda Uó construiu é super linda. Hoje em dia, de certa forma, eu não sou mais a mesma pessoa. Porque eu não sou mais aquele menino de 22 anos que cantava na Banda Uó. Os anos se passaram, veio uma pandemia, então hoje eu tenho outros planos, outros anseios, outras vontades, assim como todo mundo na vida. Mas são momentos que eu vou lembrar para o resto da vida, com muito carinho, porque essa banda me ensinou demais”.

Por último, você é um artista muito engajado socialmente. Você busca passar esses debates, também, para a sua música? Se sim, como?

“Olha, minha arte é muito livre. Só que, mais do que nunca, hoje ela é sobre mim. Eu sempre narrei muitas situações, muitas histórias, minhas músicas também falavam muito sobre festas. Então agora, que eu decidi ser um pouco mais profundo nessa relação com a minha composição, eu tive que trazer a representatividade, porque é o que eu vivo. Não teria como eu falar de amor se não fosse dessa forma, porque essa é a forma que eu vivo o amor. Então acho que a representatividade chega de uma forma muito natural, e que eu acho que é a maneira que deve ser feita. Porque nós amamos como qualquer pessoa, nós pagamos as nossas contas como qualquer pessoa, então acho que minhas músicas são muito balanceadas nesse sentido. Acho que elas vêm de uma maneira muito natural que, quem é como eu, vai escutar e vai se sentir representado”.

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