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Interpol traz catarse em show intimista em São Paulo

Banda retornou ao país para apresentar seus dois primeiros álbuns, “Turn on the Bright Lights” e “Antics”

Foto: Stephan Solon/Move Concerts Brasil/Divulgação

O Interpol retornou ao Brasil na última semana para realizar três shows: um no Rio de Janeiro, na última quarta (5), e dois em São Paulo, na sexta (7) e no sábado (8). Na apresentação de sexta, realizada na Audio, em São Paulo, a casa lotada recebeu um público afoito para ouvir os dois primeiros álbuns do grupo: “Turn on the Bright Lights” (2002) e “Antics” (2004). 

Para falar da noite em si, é necessário lembrar a importância de ambos os discos na carreira da banda, nascidos em meio à efervescência do rock alternativo sobretudo na cena nova-iorquina do começo da década de 2000. Além do Interpol, bandas como The Strokes e Yeah Yeah Yeahs contribuíram para o renascimento da cena musical da cidade, com ênfase na criatividade e na experimentação que culminou em uma tremenda marca na história do rock contemporâneo. 

O próprio Interpol soube costurar essa vertente a seu favor, valendo-se não só da efervescência que borbulhava na época, mas revivendo elementos do pós-punk que explodiu na década de 1980, como vocais intensos e um som profundo com um quê de obscuro. Essa dualidade incorporou a marca registrada da banda que se estendeu não só à música, mas também a sua identidade. 

No palco, a cena se repete. A iluminação sombria e esfumaçada em tons de azul, vermelho e preto e branco, impactada por feixes de luz em batidas potentes, definiu o clima ora abundante, ora misterioso do espetáculo. O vocalista Paul Banks manteve seu estilo característico: discreto e introspectivo, acompanhado de seus óculos escuros, contrastando – de forma majestosa – com o brilho que emanou ao longo da performance. Junto a ele, em mais um contraste da noite, o guitarrista Daniel Kessler se expressou por diversas vezes com mais facilidade.

O vocalista Paul Banks no primeiro show do Interpol em São Paulo. Foto: Stephan Solon/Move Concerts Brasil/Divulgação

Como foi o primeiro show do Interpol em São Paulo 

Dividido em dois atos, o show seguiu a ordem cronológica dos lançamentos, mas não de suas respectivas tracklists. Para iniciar a noite, o Interpol começou com a B-Side “Specialist”, seguida de “Say Hello to the Angels”, que mostrou a força do grupo ao vivo. A sequência arrebatadora de “Obstacle 1”, “NYC” e “Roland” alinhou as expectativas do público, que se entregou à performance da mesma forma em faixas como “Hands Away” e “PDA”.

A participação ativa da plateia se manteve no segundo ato, voltado ao álbum “Antics”. Entretanto, se a primeira metade do show foi marcada por grande efusão, aqui foi possível perceber um olhar mais contemplativo à apresentação – mas não menos interessante. Canções mais famosas do disco, como “Evil”, “Narc” e ‘Slow Hands”, foram bem entoadas, mas o grande destaque foi a energia pulsante e obscura entregue em faixas como “Public Pervert” e “C’mere”, que receberam completa absorção do público – e talvez por isso esses tenham sido os pontos altos do show. 

O encerramento foi marcado por “Untitled”, a primeira canção de “Turn On the Bright Lights” – escolha que não parece ser sido tão aleatória assim. Fechando o ciclo dos seus primeiros álbuns, o Interpol se despediu do público de forma afetuosa, com Paul Banks apresentando a banda e agradecendo pela noite.  

Vale destacar, também, o espaço da Audio para a apresentação, revelando-se como ideal para a noite intimista que casa com a sonoridade da banda. O Interpol veio ao Brasil em festivais como Lollapalooza (2019) e Primavera Sound (2022) e encontrou um público mais disperso à proposta do grupo, que manteve a mesma disposição sombria do palco e de iluminação. 

Por outro lado, quem conhece e se familiariza com o som do Interpol, sobretudo com seus dois primeiros álbuns, encontrou nos shows solo uma forma diferente de se aproximar do grupo por meio de um som intenso. Apesar de não terem tocado canções como “Obstacle 2” e “New”, do “Turn On the Bright Lights”, quem assistiu à apresentação ao vivo garante que a experiência foi catártica – como a própria banda sugere.

Público do primeiro show do Interpol em São Paulo. Foto: Stephan Solon/Move Concerts Brasil/Divulgação

Setlist:

Turn On the Bright Lights:
Specialist
Say Hello to the Angels
Obstacle 1
NYC
Roland
Hands Away
Stella Was a Diver and She Was Always Down
Leif Erikson
PDA

Antics:
Next Exit
Evil
Narc
Take You on a Cruise
Slow Hands
Not Even Jail
Public Pervert
C’mere
Length of Love
A Time to Be So Small

Encore:
Untitled