Na estrada desde 1999, o Rise Against é uma das maiores bandas atuais de punk rock/hardcore dos Estados Unidos. O grupo está no Brasil para se apresentar no Lollapalooza nesta sexta-feira, 24 de março, no Palco Adidas, logo após se apresentarem em show solo no Cine Joia na última quarta-feira (22). Em entrevista ao Tracklist, o guitarrista do Rise Against, Zach Blair, conta como é estar de volta à América do Sul, compartilha algumas de suas memórias do Brasil e promete um grande show no festival em breve. Leia a entrevista com Rise Against na íntegra a seguir!
Entrevista com Rise Against
Tracklist: Olá, é um prazer te conhecer!
Zach Blair (Rise Against): Um prazer te conhecer também!
Nós queremos saber sobre as expectativas da banda de estar de volta ao Brasil depois de alguns anos.
Bem, é estranho. A gente percebeu, é claro, que teve a pandemia e tudo aquilo, mas nós percebemos o quanto demoramos para voltar para a América do Sul. Digo, acho que a primeira vez que estivemos aqui foi em 2012, depois em 2017 e agora [em 2023]. Hoje, nós já passamos pelo Chile e Argentina e os fãs de lá nos falavam o quanto demoramos para vir até aqui.
Então, eu acho que a coisa mais importante a se fazer é começar a vir com mais frequência, porque os shows, os fãs, a plateia por aqui são simplesmente inacreditáveis, muito presentes. Sem ofensa aos Estados Unidos, nós amamos nossos fãs de lá, mas o público por aqui poderia ensinar ao mundo inteiro uma coisa ou outra. É louco! Eles cantam a música inteira. Tipo, você só está tocando a música e eles estão lá, cantarolando, é uma loucura e isso é ótimo. Claro, estaremos fazendo o nosso show no Lollapalooza Brasil, então tem sido ótimo fazer nosso próprio show solo e depois para o público do Lollapalooza.
Legal. E vocês estão vindo com o álbum mais recente, “Nowhere Generation” (2021), certo? O que os fãs podem esperar desse show no Lollapalooza?
Sabe, é engraçado porque em sets dos shows em festivais você acaba tendo que, tipo, tocar os hits, as músicas que todo mundo conhece porque não é muito bem uma plateia só sua. Digo, a gente vai estar competindo com a Billie Eilish nos shows. Então, ter algum espectador a nossa frente, especialmente de uma banda que já existe há cerca de 23 anos, é muito.
Ou seja, a gente quer tocar as músicas que a gente sabe que eles querem ouvir, então você meio que não tem como fazer seu próprio show. Isso é mais para o nosso show solo [22/03], onde a gente consegue bagunçar mais, meio que fazer mais coisas e testar músicas novas e algumas mais antigas. Canções que a gente nunca toca.
Como foi para a banda receber esse convite para participar do Lollapalooza?
Bom, a gente ficou honrado porque é [um público] bem mais novo, muito do pop, tem o Lil Nas X, Drake, Billie Eilish… e então, ao nos convidar, ficamos bem lisonjeados e honrados em ainda sermos, em alguns aspectos, relevantes o suficiente para uma multidão como essa para onde eles gostariam que fôssemos.
Não há muitas bandas de rock [no line-up], tem o Modest Mouse, acredito que Jane’s Addiction, Tame Impala tem suas guitarras… entende o que eu quero dizer? Na verdade, Tame Impala é a minha banda favorita do festival, mas não há tantas bandas com guitarras barulhentas que fazem como nós fazemos. Então, o fato de receber a oferta para vir até aqui e nos apresentar foi uma grande honra, estamos muito agradecidos.
Espero que aproveite os shows por aqui!
Sim, sim. A última vez que estivemos aqui foi com o Prophets Of Rage, com os caras do Rage Against The Machine, Chuck D e B-Real do Cypress Hill, e foi um ótimo show.
E se fosse para você fazer seu próprio festival, que bandas chamaria para compor seu line-up?
Ah não, é uma questão bem difícil! Para mim, isso muda todos os dias porque eu tenho um gosto musical muito louco e esquisito. Tipo, eu estava ouvindo ao Sun Ra, um antigo compositor de jazz. Então, acho que eu mudaria minha opinião todos os dias.
Mas, neste momento, provavelmente Tame Impala. E eu tentaria trazer o Slayer de volta, uma banda que se desfez muito cedo. Eu gosto muito de [música] metal, então teria muito metal. O que quer que tivesse em um Hellfest, na França, provavelmente seria o que eu gostaria para o meu próprio festival.
Com o Rise Against como headliner, é claro!
E o Rise Against, com certeza, com certeza!
Quais shows está animado para ver no Lollapalooza este ano?
Bem, o problema é que estaremos em diferentes dias, é esquisito. Então, como eu disse, quero ver Tame Impala, mas eles estão em um dia diferente do nosso. Nós queremos ir e ficar ao lado do palco de Billie Eilish porque conhecemos muito do pessoal da equipe dela. Tem vários colegas que são da Warped Tour que acontecia nos EUA, e era fantástico. Sabe, é realmente sobre ficar, continuar procurando, ouvindo novas músicas e tentar permanecer o mais relevante possível. Digo, nós somos uns caras já perto dos 40 anos, então…
O que você diria que é a chave para o sucesso, depois de tantos anos de carreira, principalmente sendo uma banda de rock no cenário atual?
Eu acho que, para nós, é só continuar a fazer o que a gente já faz, que é lançar álbuns que a gente acredita, sair e fazer isso [entrevistas]. Isso é tudo o que a gente sabe fazer, é assim que sempre fizemos.
Eu não sei se a maioria das bandas fazem assim hoje em dia, lançam álbum, entra em turnê em algum veículo, avião ou o que quer que seja para se apresentar no máximo de países possível. Eu não sei é assim que se faz ainda, mas é como fazemos. É assim como sempre fizemos.
Acho que, para a gente, vai ter um período em que estaremos maiores ou não, quem sabe? Mas somos muito agradecidos de ter a carreira que temos, e acho que para fazer a manutenção dela, nós temos que continuar a fazer álbuns que gostamos, que vão nos servir bem para entrar em algum tipo de veículo e sair para fazer bastante shows.
Do álbum mais recente, qual música você diria que mais traduz essa vibe da banda?
Ah, é uma pergunta difícil. Digo, isso muda também. Nós estivemos tocando bastante das músicas novas. A gente tem marcado três shows para se apresentar no 40º aniversário do Metro Chicago, um lendário local de shows por lá. E, como o Rise Against nasceu em Chicago, nós estamos tocando um monte de músicas mais antigas e canções que a gente não tem tocado, então nós ainda não tivemos a chance de tocar muitas músicas ainda. Reexaminando elas desde que as gravamos tem sido interessante. Então, é uma pergunta bem difícil. Realmente, não consigo respondê-la.
Sem problemas. Você tem alguma favorita do “Nowhere Generation”?
Eu amo a música “Sudden Urge” dele. Eu gosto muito dela, sim.
E sobre a última vez que vocês estiveram no Brasil, tem alguma memória legal que gostaria de compartilhar?
Ah, sim! Nós fomos até aquele shopping de metal aqui em São Paulo, que tem um monte andares e roupas do rock e metal, estampas e camisas, e eu amei. Não sei como se chama.
Galeria do Rock!
Isso! Nós queremos ir de novo, acho que vamos amanhã. Eu amei tanto aquele lugar, eu comprei tanta coisa lá. E eu as achei! Sabe, quando você turista, chega em casa e só joga suas coisas? Aí eu as descobri no dia seguinte [e fiquei]: “Meu Deus!”. Eu preciso fazer algum colete com isso ou algo assim. Mas, enfim, eu amei muito aquele lugar! Vocês são muito sortudos de terem [a Galeria].
É um lugar grandioso mesmo!
É tão legal, muito legal!
E vocês planejam fazer algo diferente desta vez, tipo visitar outros lugares?
Sim, nós vamos fazer isso. Vocês têm ótimos museus de arte aqui também. Nós estamos hospedados na área do Brooklin, então estamos meio que caminhando por aí e coisas do tipo. É uma cidade imensa! A gente nunca vai conseguir fazer de tudo, mas todas as vezes que estivemos aqui, a gente deu um jeito de fazer alguma coisa nova.
Incrível. Muito obrigada pelo seu tempo, espero que aproveitem a estadia de vocês no Brasil!
Obrigado você por me receber!