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Entrevista: Mayra dá detalhes de seu primeiro álbum solo, “A Cura”

A cantora também divulgou o clipe da faixa “Te Odeio”; saiba mais sobre o projeto

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Foto: Jimmy Carreiro

A cantora, compositora e atriz Mayra lançou, nesta sexta-feira (31), seu álbum de estreia como artista solo – denominado “A Cura”. Com fortes influências do pop rock, a artista apresenta um processo de cura interna como a principal temática do trabalho.

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Para acompanhar o disco, ela divulgou o clipe de “Te Odeio”, uma parceria com Nanno. A canção é o mais novo single do projeto, e sucede “Prova” (também em colaboração com Nanno), “Modo Avião”, “A Cura” e “Grito”. Confira o vídeo:

Antes de lançar seu álbum, Mayra deu uma entrevista ao Tracklist para falar mais sobre o conceito do trabalho, processo de criação e mais. Confira a conversa abaixo!

Entrevista: Mayra fala sobre seu primeiro álbum como artista solo, “A Cura”

Para começar, poderia falar um pouco sobre seu novo álbum, “A Cura”? Como surgiu a ideia de trabalhar essa temática?

“Não foi uma coisa que eu pensei logo do começo, isso surgiu depois que o processo estava pronto. Eu só sabia que queria fazer um álbum em português, e que fosse pop rock; mas de 2020 e 2021 pra cá, que foi quando eu comecei a escrever esse álbum, eu percebi que nesse processo todo eu fui curando coisas dentro de mim – de tanto aceitar fazer [o disco] em um gênero independente de resultado, porque o pop rock é um gênero difícil, não é uma coisa que tenha muita força hoje em dia; e ter que escrever em português com as minhas limitações com a língua, e de poder aceitar várias coisas no processo de letra, de composição. Acabou virando um processo de cura. Então, quando eu fui decidir tanto o nome do álbum quanto o conceito dele em geral, eu vi que meio que já estava lá, e decidi que o nome do álbum seria ‘A Cura’. Não só por causa da faixa, mas porque eu acho que curou muitas coisas em mim, esse processo todo. Foi muito natural”.

E como foi feita a escolha do single “Te Odeio”? Por que você escolheu essa música em específico para ser a vitrine do projeto?

“Bom, a gente começou com ‘Prova’ no lançamento dos singles, e essa é uma música que fala de um amor um pouco mais vingativo. E aí a gente passeou por várias emoções. E eu pensei: ‘Cara, eu não quero que a música de trabalho que lance o álbum seja uma música triste, ou uma música muito densa’. Eu queria que fosse uma música para que a galera possa se divertir, e gritar, e mandar a galera à m****. E com ‘Te Odeio’, eu acho que a sensação da música é bem essa. É uma música para você pular, para você gritar. E ela fala sobre essa frustração afetiva, que é muito real na geração de hoje, a Geração Z. Que é quando você começa a gostar de alguém, e a pessoa não supre as suas expectativas, e dá uma raiva, ? Então eu quis trazer ‘Te Odeio’. E quis trazer também por causa do Nanno, que é uma presença muito forte nessa música. E eu acho que o carisma dele, a força, a presença dele é muito forte. É uma música muito divertida, uma música que a galera pode ouvir em festas, na balada, pode colocar para tocar no carro. Então, acho que foi uma escolha interessante. E ‘Te Odeio’ está aí”.

E como surgiu essa colaboração com o Nanno?

“Eu o conheço há muitos anos. O Bruno [Martini] produzia muitas coisas com o Nanno também, então nós já somos amigos há uns cinco anos. E, quando eu comecei o meu processo de compor em português, eu já sabia que ele era um grande compositor, e eu pedi ajuda para ele. A primeira faixa que eu escrevi em português foi ‘Prova’, com o Nanno, por ser um feat. E ele acabou escrevendo mais algumas faixas do álbum, que aí não entram como feat. Então, quando a gente escreveu ‘Te Odeio’, a gente até pensou em colocar outra pessoa para cantar, mas chegamos à conclusão de que teria que ser ele. Ele faz parte desse processo todo, ele me ajudou muito. E o Nanno é uma presença muito forte, é difícil bater ele, viu? É difícil colocar outra pessoa para cantar no lugar dele, porque ele é muito carismático e talentoso. Então eu falei: ‘Vamos com o nosso time, vamos com a nossa família’, e ele faz parte dela. E a gente tem essas parcerias aí juntos. Tem outra faixa no álbum, que é ‘Cinza’, que ele também me ajudou a escrever. E eu não poderia deixar ele de fora disso”.

O álbum também tem produção de Bruno Martini e Lucas Silveiro, da Fresno. Como foi esse processo criativo entre vocês?

“Olha, o Bruno trabalha comigo há tantos anos… nós somos parceiros de vida. A gente teve o College 11, que era a banda que a gente tinha na Disney, e que fez parte da infância de uma galera. E a gente nunca parou de trabalhar, mesmo depois que encerramos nosso processo com a Disney. A gente continuou escrevendo músicas juntos, ele continuou produzindo as minhas coisas, então não teve dificuldade nenhuma. Eu acho que nós tivemos uma conversa prévia sobre o gênero, porque é um gênero difícil, como eu estava dizendo. Só que ele entrou de cabeça comigo”.

“E eu lembro que eu sempre dizia para as pessoas que tinha o sonho de trabalhar com o Lucas [Silveira] da Fresno. Depois que eu ouvi o EP ‘Eu Sou a Maré Viva’, foi uma coisa que me impactou muito, e eu sempre dizia que um dia eu iria trabalhar com ele. E surgiu a oportunidade de ir lá no estúdio dele e escrever músicas com ele, e a gente acabou fazendo ‘Sono Paradoxal’ e ‘A Cura’. E, nossa, foi um sonho realizado. Mesmo. O cara é f***! E o Bruno também é. E é muito doido ver os processos criativos dos dois, que são muito diferentes. Mas o Bruno consegue traduzir uma coisa que eu amo, e o Lucas também, e foi um grande prazer e uma grande aula trabalhar com o Lucas Silveira – o frontman da Fresno, a maior banda de rock do país! É uma grande honra poder ter trabalhado com ele”.

Você tem como influências bandas como Paramore, Panic! At The Disco, My Chemical Romance e mais. Essas referências são incorporadas na sua música além do gênero musical – como letras, visual, etc.?

“Ah, 100%! Eu sou emo! Sempre fui, não tem como não ser [risos]. Lembro que quando eu estava no colegial, ninguém queria dizer que era emo, porque naquela época era meio vergonhoso. Mas eu não podia mentir, eu sempre fui muito emo. E eu expresso isso na forma como eu me visto, na minha maquiagem, não tem como esconder! Eu tenho uma tatuagem na cara, não tem coisa mais emo que isso. Então, eu tenho letras no meu álbum que são extremamente assim, eu tenho algumas músicas que são um pouco mais de protesto, como ‘Grito’. E não dá para fingir que o rock ‘n roll não é uma música de protesto, porque é 100% música antissistêmica. Se você faz rock ‘n roll e não é antissistema, você está fazendo errado, entendeu? E com certeza eu trago muito dessas referências nas minhas letras, na forma como eu escrevo elas. Melodicamente, eu gosto de trazer um pouco mais do pop, porque é uma grande influência minha. Mas os berros, os gritos, isso também vem muito forte das minhas referências”.

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Foto: Jimmy Carreiro

Como foi a construção da identidade visual da era?

“Então, no clipe de ‘Te Odeio’, a gente tem, como uma das grandes referências, o filme ‘Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo’. Por isso que nele a gente passeia por vários espaços e tem todo aquele efeito visual. E eu queria mostrar que eu sou uma pessoa casual, também. Eu visto roupas casuais também. Não preciso ficar montada toda vez. E, quando eu saio de casa, eu tendo a me vestir mais casual. Sempre tenho minha botinha ali, que eu gosto de usar – eu só ando de bota, não consigo usar outra coisa no pé. Mas eu queria trazer, também, o casual dentro do rock ‘n roll. Então, a gente trouxe várias roupas. A roupa de festa, que é o vestido; meu biquíni é preto, porque eu sou roqueira [risos]; e as roupas mais normaizinhas também, que é para mostrar que eu posso ser uma pessoa casual”.

“A Cura” é um álbum em português, e por muito tempo você escreveu suas músicas em inglês. Por que você considerou agora o melhor momento para fazer essa transição?

“Eu nem posso dizer que foi uma coisa de ‘acho que agora é o momento’. Acho que chegou a hora de eu começar a tentar. Eu sempre tive uma limitação muito forte com o português; sempre li e escrevi muito em português, mas nunca música. Eu sempre tive muito medo de escrever músicas em português e soar feio, então eu nunca nem tentei. E aí, uma grande amiga minha que também é compositora – e que compôs três faixas do álbum comigo, que é a Bibi -, me deu o empurrãozinho que eu precisava. Ela falou: ‘Você tem total capacidade de escrever músicas em português, para de ficar insegura e tenta’. E eu não tentei sozinha, eu tive ajuda das pessoas, o que foi uma coisa muito legal. O Nanno me ajudou muito, tive amigos compositores que me ajudaram – o Lucas Nage, também, que escreveu ‘Modo Avião’ comigo. O Bruno, o Lucas da Fresno. Eu não posso dizer que foi um aprendizado sozinha, porque seria muita arrogância da minha parte dizer que eu aprendi sozinha. Não, eu tive muita ajuda. E eu acho que essa ajuda foi o motivo desse álbum ter sido construído dessa forma, e traduziu tão bem o que eu queria passar nele”.

Você diria que é uma experiência mais pessoal compor na sua língua materna?

“Com certeza. Eu acho que, quando você está escrevendo músicas na sua língua materna, você está tentando encontrar palavras para traduzir o que você quer falar. E nem sempre você sabe quais são essas palavras. Sabe quando você sente uma sensação, e fala: ‘Estou sentindo alguma coisa, mas não sei o que é’? Então, poder ter feito isso com tantas pessoas, foi um processo também de me entender e entender o que eu estava sentindo. Entender em que momento da minha vida eu estava. Por isso que eu chamei o álbum de ‘A Cura’ – porque eu pude curar muitas coisas dentro de mim. E, em cada letra, mesmo as que não são tão intensas e profundas, eu consegui me curar só de ter a sensação de escrever uma música divertida em português. Eu não preciso ser 100% poética, sabe? Porque existe, também, uma coisa chamada elitismo musical. Só que as pessoas só querem ouvir música e se divertir. E, cara, eu estou muito feliz de ter chegado nesse lugar. E nenhuma cura é 100%, mas eu acho que estou no caminho, e curei muita coisa em mim nesse processo”.

Você falou sobre o elitismo musical, e realmente existe essa noção de que “música boa” vem apenas de um lugar de sofrimento. Só que, às vezes, o que faz sentido para o artista pode ser justamente uma música mais descontraída.

“Sim! ‘Te Odeio’ é um sinal disso. Como é que a gente pode dizer que a frustração não é uma coisa real, uma coisa pessoal? Todo mundo se frustra. Afetivamente, no trabalho, sabe? Então, é esvaziar e não deixar a pessoa sentir algo para dizer: ‘Ah, mas essa música não é densa, ela não tem profundidade’. Isso é uma mentira. A galera só quer ser cult e isso não é legal, não gosto. Eu prefiro que as pessoas se divirtam com as minhas músicas, do que tentar ficar procurando significados. Só se divirta. Então eu estou bem feliz”.

Por último, como está a agenda de divulgação? Você já tem apresentações programadas?

“A gente está ensaiando meu show, que é um show de uma hora. O Caco [Grandino], do NX Zero, é o meu baixista, e ele está me ajudando bastante. Só que agora ele vai começar com a agenda do NX, então vamos ver como é que vai ser isso daí. Mas, por enquanto, a gente está deixando o show o mais redondo possível; porque surgiram músicas novas nesse processo de escolher as faixas que foram entrando no nosso setlist. E quando a gente tiver um show redondo, a gente vai começar. Mas a gente pretende começar ali para junho, julho. E eu quero muito fazer shows – seja para cinco pessoas, para dez, para mil, não importa. Eu só quero fazer shows e cantar essas músicas ao vivo. Está muito legal, é bem energético”.

Por último, quais são suas expectativas para o lançamento do álbum?

“Eu estou muito ansiosa, não vou mentir. Depois de muitos anos lançando coisas, eu criei uma coisa na minha cabeça que é: não vou criar expectativas. Porque às vezes a expectativa é muito maior do que o que a gente quer que ela seja, e aí acaba não conseguindo suprir. Mas eu acho que eu estou mais feliz de ter feito tudo isso até aqui, de poder chegar no dia de falar: ‘Cara, eu lancei o meu álbum’, do que o depois. O que eu mais quero é que as pessoas escutem o álbum e possam passear por sensações dentro dele. Não estou preocupada por streaming, não estou preocupada com #1, viral, nada disso. Eu estou preocupada com a identificação. Você gostou, pôde sentir alguma coisa com isso? É isso que mais importa. E poder falar que eu fiz isso – eu lancei um álbum e é isso. É o primeiro álbum solo da minha carreira, então é a menina dos meus olhos, o meu bebê. Eu estou muito satisfeita”.

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Foto: Jimmy Carreiro

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