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Entrevista: Duquesa fala sobre seu novo álbum, “Taurus, Vol. 2”

O álbum inclui faixas como “Primeiro de Maio (Gostosas Inteligentes)”, “Tá Eu e a Nicole” e “ELA (Intro)”

duquesa taurus, vol. 2
Foto: Divulgação / Cred. @ibcardoso

Nesta sexta-feira (10), Duquesa lançou seu segundo álbum de estúdio, intitulado “Taurus, Vol. 2”! O novo trabalho traz mais grandiosidade ao universo apresentado em seu disco de estreia, lançado em junho de 2023.

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O projeto inclui faixas como “Primeiro de Maio (Gostosas Inteligentes)”; “Tá Eu e a Nicole”; “Banco do Carona”, em parceria com Baco Exu do Blues; “Disk P@#$%&!”, com Tasha e Tracie; e a poderosa intro “ELA”.

Em recente entrevista ao Tracklist, a artista falou mais sobre o novo álbum, os desafios da produção, próximas apresentações e mais. Confira abaixo!

Entrevista: Duquesa fala sobre o álbum “Taurus, Vol. 2”, parcerias, desafios e mais

Primeiro, vamos falar do seu novo álbum, “Taurus, Vol. 2”. Queria saber um pouco sobre o conceito do projeto, e como foi o processo de produção do disco.

“Eu queria que o conceito do álbum fosse um pouco mais extenso, não só um complemento do primeiro. E o processo de produção foi muito orgânico. Eu passei um período estudando coisas que eu gostaria de arriscar, mas eu também fiquei pensando que, talvez, eu não devesse me distanciar muito do que eu já fiz. Então acho que foi a soma disso: coisas que eu já fiz, um pouco mais amadurecidas; e coisas que eu gostaria de fazer. E aí juntou tudo e deu o Vol. 2”.

O projeto traz uma mistura de sonoridades muito interessante. Como você encarou o desafio de fazer essa mistura de gêneros?

“Então, eu tive o cuidado de fazer com excelência, sabe? São coisas que eu queria fazer, e que eu fiz pela primeira vez, mas que eu queria fazer com excelência, com cuidado. Tiveram faixas que foram mexidas uma, duas, três vezes… adicionamos elementos orgânicos, enfim. Coisas que dessem consistência para a faixa. Se fosse para fazer a primeira vez, que fosse bonito, que fosse realmente bom de ouvir”.

“E eu tive uma assistência musical do Go Dassisti; a gente teve muitos momentos juntos, porque eu gravei praticamente o álbum inteiro com ele. Então ele foi fazendo a direção junto comigo, opinando, fazendo todo o processo. Foi tudo muito bem feito, muito bem amarrado, para que não houvesse o risco de que as pessoas ouvissem e falassem: ‘Poxa, ela tentou e deu ruim’, sabe? Eu acho que eu ficaria envergonhada se falassem, tipo: ‘, tentou fazer drill e deu ruim, tentou fazer house e deu errado’. Não, [eu pensei]: ‘Vai fazer? Então vai fazer bem feito’. E rolou”.

É legal que, mesmo colocando elementos novos, você conseguiu trazer sua identidade para o trabalho. E, para esse projeto, o que você poderia citar de inspiração?

“Eu consumi muito YG, Tyga, Tyler, The Creator, alguns álbuns antigos do Snoop Dogg, e alguns rappers bem OG, como Ice Cube. Nessa questão da sonoridade, foram coisas meio OG, e aí eu fui partindo para outras sonoridades, tipo house, enfim. Eu fui entrando e saindo de várias playlists aleatórias, para realmente consumir coisas novas. Não quis me apegar a artistas, e sim sonoridades. Acho que foi isso. Hoje eu não conseguiria citar um artista de house, por exemplo”.

O álbum está recheado de parcerias – como Baco Exu do Blues, Tasha & Tracie, Urias, Jovem ex e mais. Como foi trabalhar com esses artistas?

Foi muito orgânico, leve. Tasha & Tracie são duas pessoas que eu queria muito trabalhar, eu admiro muito o trabalho delas e a representatividade que elas trazem para o cenário, principalmente para nós, minas no rap. E, por conhecer e admirá-las tanto tempo, eu sempre quis fazer um trabalho com elas. Já o Baco foi o mais inusitado, eu fui meio cara de pau. Falei: ‘Ah, vamo?’ e ele topou! Acabou acontecendo o feat“.

“O Jovem Dex é meu conterrâneo, nós somos de Feira de Santana. A gente sabe a carga e a representatividade que isso tem – sair de onde a gente saiu e estar onde a gente está. E essa música é muito engraçada, porque as pessoas esperam muitas coisas, que a gente fale muitas coisas; e, sei lá… a gente é meio Milionário José Rico! E a gente fala isso na música, e é isso. Eu me identifico muito com o Dex, ele é um cara muito criativo. E ele é um cara jovem, também, nós temos quase a mesma idade. Saímos quase do mesmo bairro, da mesma cidade, de uma realidade muito próxima, e é muito importante a gente chegar nesses lugares. Para representar uma geração inteira de vários outros artistas que ainda estão na nossa cidade, tentando, e que merecem ser vistos”.

“E tem o Yunk Vino, que já é de casa, mas é muito bom trabalhar com ele. Ele e é muito criativo, opina muito, é muito bom trabalhar com ele. Ele opina na produção, opina nas letras, e acaba que a construção da música fica mais divertida. A gente já tem uma música juntos, que é ‘GEMINI’, mas eu faria mais uma, duas, três, quatro, cinco músicas com o Vino. Ele é muito talentoso”.

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Foto: Divulgação / Cred. @ibcardoso

Qual música do projeto você destacaria como a mais desafiadora para produzir?

“Acho que foi ‘ELA’, a intro do álbum. Porque acho que é uma parada muito íntima. ‘ELA’ fala sobre a minha crise de ansiedade. Eu descrevi como ela me atinge; é como se eu pudesse personificar como ela seria, como ela me trataria. Então foi muito difícil dar um nome, um rosto, uma cor para ela. Foi muito difícil esse ponto. Porque, ao mesmo tempo que eu não queria ser tão agressiva, eu não conseguiria ser tão mansa”.

“E, ao mesmo tempo que eu não queria falar sobre coisas que pudessem dar gatilho nas pessoas, eu não conseguiria falar disso de uma forma diferente, sabe? E eu me preocupo muito com isso, em falar coisas importantes e assuntos tão delicados, mas eu me preocupo em não dar gatilho nas pessoas. Foi desafiador para mim, porque eu estava falando de uma coisa muito pessoal. E, enquanto eu estava compondo, estava dando gatilho em mim mesma! Enfim, foi um desabafo, mas eu trato a música e o meu trabalho como um processo de cura. Expor isso e pôr para fora me trata. Para mim, foi algo necessário também”.

Você disse que esse disco traz algo mais grandioso para o universo de “Taurus”, e que vai trazer mais sensações para o público no ao vivo. O que você pode adiantar sobre suas próximas apresentações?

“A gente pretende trazer um visual mais bonito para ‘Taurus’. Eu quero melhorar tudo: iluminação, balé, figurino, repertório. Eu quero realmente que as pessoas tenham uma experiência, tipo, ‘eu fui para o show de Taurus da Duquesa’. Quero que tenha esse complemento, que as pessoas saibam que vão ouvir desde um R&B a um house, e ainda ser um show de rap; ainda é uma rapper fazendo isso. Que [elas saibam que] vão ouvir de tudo; e vai ser um show em que elas vão poder chorar, dançar, pular, enfim, ter várias sensações e sentimentos. E vai ser uma história – vai ser ‘Taurus’”.

“Espero muito conseguir fazer isso em algum momento. Eu acho que esse segundo álbum existe justamente para isso, para que as pessoas tivessem mais tempo comigo. Sentir o valor do Vol. 1 e do Vol. 2. E também apra retribuir, porque o público me abraçou muito no Vol. 1. E eu acho que é isso. As pessoas que pagam o ingresso e estão saindo de casa merecem ter a melhor noite da vida delas. E é isso que eu quero, também: que as pessoas assistam ao melhor show da vida delas”.

Se pudesse escolher 3 músicas para representar o álbum para aqueles que ainda vão te conhecer, qual seriam?

“Nossa, muito difícil essa. ‘Big D!!!!! Pt. 2’, ‘Só um Flerte’, e… ‘Voo 1360’.

Quais são suas expectativas para esse lançamento?

“Espero um Grammy! [Risos] Não, mas eu espero que o álbum chegue em mais pessoas do que no Vol. 1. Eu sou muito chata com esse negócio de expectativas, porque eu tenho medo de me frustrar. Mas eu espero que chegue em muitas pessoas, que a gente consiga fazer muitos shows no Brasil inteiro, na Europa, no mundo inteiro. Que mais pessoas me conheçam e conheçam o meu trabalho. Quero que as pessoas gostem do álbum, se reconheçam nele, se identifiquem. Que seja um álbum que as pessoas gostem tanto que apresentem para outras pessoas. E que faça parte do dia delas – aquele álbum que a pessoa acorda, ouve; vai para o trabalho, escola, faculdade e ouve; chega em casa, ouve; e é isso. Acho que essa é a expectativa para esse álbum, que as pessoas abracem”.

Foto: Divulgação / Cred. @ibcardoso

O que mais você tem preparado para esse ano?

“Acho que, nesse ano, eu quero participar mais dos projetos dos meus amigos. Quando eu estou fazendo um álbum, eu me isolo muito. Tanto que, por exemplo, nem meu namorado escuta músicas sem fone na minha casa; porque eu fico estudando música, e qualquer outra que não seja a minha já me atrapalha. E eu não pulo na música de ninguém, eu fico 100% concentrada no meu álbum, nas minhas músicas. Então, agora que já vou lançar, eu quero fazer feats com outras pessoas. Já tem feat com o Borges para sair, feats com outros artistas…Agora dá, gente! Agora eu tenho tempo, agora tenho cabeça para fazer. Acho que esse ano eu vou abusar um pouquinho disso de fazer feats com outras pessoas”.

Você falou que, criando um álbum, costuma ficar mais isolada. Esse é seu processo de produção, então? Você fica mais no seu canto para criar?

“Muito! Eu não saio. Realmente, assim. Eu passo um mês estudando e um mês produzindo. Gosto de assistir a documentários, gosto de assistir performances, coisas que agreguem no meu processo. Gosto de escutar músicas novas, enfim. Antes, quando eu treinava mais firme, eu escutava um álbum por treino. Então eu escutava um álbum por dia. Mas acho que eu gosto desse processo, quero voltar para isso, também! Acho que vou pegar um período sabático, só para estudar [risos]”.

Espero que consiga, então! Para vir uma obra de arte aí.

É isso [risos]!

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