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Entrevista: Cine fala da última música e shows de despedida

Banda é uma das atrações principais do Replay Festival e lançou a faixa “Último Clichê”

Foto: Dantaz

Formada em 2007, a banda Cine acumula uma série de sucessos que perduram na memória do público. Em 2023, o grupo anunciou sua volta aos palcos para seus shows de despedida, como uma das principais atrações do Replay Festival (que acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo), e aproveitaram o retorno para lançar seu último single, “Último Clichê”. 

Em entrevista ao Tracklist, DH e Pedro Dash contam mais sobre a música inédita, a reação dos fãs com a notícia do esperado retorno do Cine, como foi reencontrar com Giovanna Lancellotti, de “Garota Radical”, para o novo clipe da banda e mais!

Entrevista: Cine

Tracklist: A gente gostaria de saber mais sobre essa nova música, “Último Clichê”! Ela foi pensada agora nesse momento de retorno ou já era um projeto antigo?
Pedro Dash: Tudo começou com um amigo nosso, que é um dos sócios do Replay Festival. Ele falou com todo mundo pessoalmente primeiro, porque estamos em momentos muito diferentes da vida de cada um, e ele convenceu geral de que a gente precisava fazer isso nesse festival.

A gente já sabia que precisávamos fazer uns últimos shows e tal, isso já era uma coisa que a gente falava sempre, porque o nosso contato continua, até trabalhamos juntos. Mas, sobre o Cine, era uma coisa que estava latente. Então, esse amigo convenceu a gente de que agora era o momento. 

E, como a gente não consegue fazer as coisas simples, de “ah, vamos fazer um show…”. Não. A gente tem que fazer música, tem que fazer vídeo, tem que fazer merchandising, tem que inventar história… O Cine sempre foi isso, de entregar para quem acompanha a banda uma parada que seja uma experiência mais completa do que apenas a música. E é isso que está acontecendo!

DH: Confirmando tudo o que o Pedro falou, essa música nasceu nesse meio-tempo em que o festival foi anunciado, que é mais ou menos quando a gente fica sabendo também que podemos tocar nesse evento. E aí vieram essas ideias faltando dois meses para o evento, praticamente. Dois meses e meio faltavam quando a gente entrou no estúdio para começar a fazer essa música.

Então, foi totalmente nova, veio dessa nova fase de todos, independente de cada um, como o Pedro falou, em uma ação ou um momento diferente da vida. Vem desse novo Diego, desse novo Pedro, desse novo Danilo, desse novo Bruno e desse novo Dave. Mas, ainda assim, é muito Cine. A gente teve essa preocupação de manter tudo o que o Cine é nessa música. 

O cuidado maior que nós tivemos foi de: “Cara, nós temos que fazer uma música que a gente goste e que a gente não pareça uns velhos emulando a gente novo” (risos). E então, como a gente faz isso? Aí veio da genialidade do Pedro, do Dan e do Bruno, que são mestres no que fazem já com a Head Media, e com o Cine desde tantos anos, e eu só chego ali canetando. Foi a vibe igualzinha como era na banda: peguei a música pronta, sentei com eles e fui falando aqui e ali. Foi muito legal.

Houve alguma dificuldade no processo de adaptar a sonoridade de vocês para algo mais atual?
Pedro:
Não… A música saiu um dia, eu estava no estúdio, encontrei o Bruno por outro motivo, a gente não ia fazer a música do Cine. Estávamos marcando de encontrar com a banda no estúdio, mas aí o Bruno estava aqui, fizemos uma parada de outro projeto que estamos trabalhando, e ele falou: “Eu tive uma ideia para um som do Cine”. A ideia dele era meio que usar uma harmonia parecida com algumas músicas que a gente já fez.

Se você for ver a “Último Clichê”, ela tem quase a mesma harmonia de “Se Você Quiser”. Ele queria muito usar isso. Aí ele me mostrou, era um baixo e um sintetizador só, bem curtinho. Eu olhei para ele e falei que a gente precisava trabalhar nisso. E eu precisava ir para casa já, no dia seguinte minha esposa ficou brava… eu tinha que ter voltado às oito, voltei às duas horas. Mas, a gente começou nesse instrumental. A ideia foi: como seria um som do nosso primeiro disco, só que fazendo hoje? E acho que a gente cumpriu o que buscamos.

Com certeza. Queria saber mais também da reação da galera, dos fãs, com esse comeback de vocês!
DH:
Isso eu tenho acompanhado um pouco mais de perto, vendo o que a galera tem postando e tudo o mais. Está sendo uma coisa bem bacana de ver, o amor que a galera tem. Inclusive, ontem saiu um reel, que é basicamente um áudio que vazou de uma fã, e ela super chorando, em crise. É emocionante, tipo ela [contando] como está revendo os fã clubes, sobre a última música, últimos shows! É muito emocionante, se você ver… eu aqui estou quase chorando só de lembrar!

E aí a gente revisita também esse passado e tudo o mais, então está sendo muita nostalgia. Eles estão respeitando muito essa decisão de a gente de fato encerrar, compreendem também que hoje é diferente. Tipo, 36 não é 26. A gente ia colocar isso na letra, na primeira versão tinha algo assim. É basicamente isso, hoje existe uma responsabilidade muito grande para o Pedro individualmente, para o Diego, Danilo, Bruno. 

Esse processo junto aos fãs tem sido bacana, eles têm dado força para a gente. Óbvio que estão pedindo mais shows e tudo o mais, mas estão compreendendo isso. Para a gente é muito importante essa compreensão, porque a vida é isso, a gente tem começos, meios e fins, e quando acaba uma banda ela nunca acaba, né? O repertório está ali, a história está ali, eles podem usufruir disso. Tem sido muito legal, a resposta está incrível, todo mundo está curtindo muito.

Pedro: Muita gente e muitos fãs estão vendo esse retorno das bandas e das turnês. O NX Zero fazendo turnê, o Restart e tal. Só que, cada um é cada um. A gente ficou muito tempo cozinhando até existir essa oportunidade. A nossa intenção realmente não é fazer uma turnê ou algo assim, e tem muita gente que não entende. 

Só que, a gente casou a nossa intenção com várias outras oportunidades e estamos tentando entregar o máximo de quem vai usufruir disso, mas tentando explicar para a galera que cada um é cada um, não dá para comparar. Estamos fazendo o que a gente pode para fazer essa conclusão do melhor jeito possível.

Sim. Inclusive, para o visualizer do novo single, vocês chamaram a Giovanna Lancellotti, mesma atriz de 14 anos atrás, do clipe de “Garota Radical”. Como foi esse reencontro?
DH: Eu posso falar do começo e o Pedro pode falar de agora. A Gi, quando vamos gravar os vídeos e fotos da “Garota Radical”, é uma menina que está começando o sonho dela de ser atriz, ser modelo. Ela tem 15 anos e é exatamente o perfil que estamos descrevendo ali na música, uma menina daquela época. A gente sentiu que ela tinha muito a vibe da música e que ela podia ser a “garota radical”. 

Nós a convidamos e, até então, ela não tinha feito ainda novelas e enfins. É uma tacada que ela conta para a gente que, quando ela faz entrevistas, [falando] do começo da carreira, ela mostra esse clipe e a galera gosta muito disso. Ela até hoje é grata, já comentou algumas vezes comigo que esse clipe a ajudou muito no começo. É uma pessoa que hoje é gigante no que faz e, por coincidência, começou com a gente.

Pedro: É muito louco, porque nesse clipe que foi o da “Garota Radical”, o primeiro dessa fase do Cine daquela época, a gente foi para São João da Boa Vista/SP e tinham várias pessoas para fazer a figuração do clipe, e a gente mesmo virou lá e perguntamos: “Gente, quem será que pode ser a ‘Garota Radical’?”. 

E aí o Leo, que foi o diretor, foi trocando uma ideia com as meninas, de quem se sentia mais confortável em ser a principal, e a Gi foi essa pessoa. Isso foi muito louco, até porque quem lambeu o rosto dela no clipe está aqui.

Marcelo Ferraz [engenheiro de áudio do Cine]: Fazer um adicional aqui. Eu que fiquei conversando com ela, a gente estava só dando rolê e ela falou que era atriz. Aí, no dia do clipe, quando a galera estava gravando, eu falei: “Aquela menina é atriz, vai com ela!”.

Pedro: Olha, eu não sabia dessa! Enfim, ainda bem que o Marcelo está aqui (risos).

DH: Então, é que ela estava despontando disso, ela estava começando, querendo fazer. E quando vai eu e o Leo junto, acho que o Marcelinho também, ela se treme toda, estava com medo. Ela falou que não queria fazer de medo.

Pedro: É, estava com vergonha.

DH: Aí ela só falou que: “É isso o que eu quero fazer, por que que estou falando ‘não’?”. Eu lembro disso! E foi (risos).

Pedro: Aí a gente manteve uma relação, não somos tão próximos e tal, ela mora no Rio hoje, mas mantivemos uma relação de carinho. Assim que a gente decidiu fazer o vídeo dessa música, eu liguei para ela e falei: “Gi, na moral, você participou do primeiro hit do Cine, e eu gostaria muito de, trazendo isso pela banda e por todo mundo, que você participasse da última música”. Ela aceitou na hora.

Óbvio, a gente teve que adequar agenda, ela está gravando um longa agora… Aproveitamos uma semana que ela ia estar em São Paulo e ela topou na hora, colou de boa, super sangue bom, e o carinho continua.

Que incrível. Para fechar, gostaria de saber como estão os preparativos para o Replay Festival e se tem planos de gravar o show?
Pedro: Olha, a gente está se preparando da melhor forma possível, com certeza vão ser os maiores shows, com maior produção da história do Cine. Por mais que a gente tenha participado de festivais e tal, com certeza vão ser os maiores shows do Cine. Não temos previsão de gravar o show nem nada disso, então a parada vai ficar lá.

Porém, nós estamos captando tudo o que estamos fazendo e, com certeza, isso vai virar meio que um vídeo de backstage, uma coisa assim, alguma coisa vai ter. Agora, o show em si, para ser lançado depois, não vai rolar.

Então é uma oportunidade única mesmo apenas para quem for, né?
DH: Exatamente. Nesse resgate do Cine, que a gente faz esse encerramento, planejamos fazer os shows e filmar o backstage porque a banda tem meio que esse lance de fazer vlogs desde aquela época. A gente tem um canal que sempre fazíamos os bastidores. Então, estamos preparando uma coisa assim, mais uma surpresa para a galera que gira nesse entorno, mas não é do show, realmente.

Ah, que legal. Ao menos vai ter algum registro para ficar para a posteridade.
DH:
Vai, vai sim. A galera vai poder curtir e entender o que rolou por trás de todos esses momentos.


O Replay Festival acontece neste sábado, 28 de outubro, no Riocentro, Rio de Janeiro. Depois, será realizado no Centro Esportivo Tietê, em São Paulo. Além da banda Cine, o evento conta com Sean Kingston, CPM 22, Wanessa Camargo, Br’oz, KLB e mais atrações. Ingressos em Sympla.

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