Com colaboração de Lidiane Nóbrega – Se você é uma pessoa cronicamente online, você provavelmente já deve ter esbarrado em alguma notícia ou conteúdo sobre Diddy, também conhecido como Puff Daddy, P. Diddy ou Sean Combs. O rapper e produtor musical foi preso em Nova York no dia 16 de setembro após ser acusado de agressão sexual, violência física, tráfico sexual, transporte para fins de prostituição e incêndios criminosos.
Diddy foi acusado de dar festas, chamadas de “freak-offs”, onde supostamente atraía mulheres oferecendo dinheiro, drogas e oportunidades profissionais, gravando posteriormente as vítimas e usando os conteúdos a seu favor.
O Tracklist faz uma breve linha do tempo sobre os principais detalhes do caso que tem dominado a internet nas últimas semanas.
Quem é Diddy?
Sean John Combs nasceu em Harlem, em Nova York, em 1969. Lá começou sua carreira como estagiário da gravadora Uptown Records, onde posteriormente se tornou diretor. Com tato para música, o rapper foi se consolidando no segmento, ganhando diversos prêmios, incluindo Grammys. Entre seus maiores hits estão as faixas “Last Night”, “Bump Bump Bump” e “I’ll Be Missing You”.
O rapper também chegou a trabalhar com grandes nomes da música, como The Notorious B.I.G, Mariah Carey, Mary J. Blige, Usher, Lil’ Kim e TLC e Boyz II Men, entre vários outros. Com poder e uma fortuna que lhe deu o título de um dos rappers americanos mais ricos do mundo, segundo relatório levantado pelo ex-editor da Forbes, Zack O’Malley Greenburg, Diddy adquiriu um status fora do comum no gênero.
Caso Diddy: como tudo começou?
Embora muita coisa tenha sido noticiada recentemente, existem dois casos que fizeram o assunto ganhar proporções maiores. Se você viveu a era de ouro das R&B girls nos anos 2000, você provavelmente conheceu a cantora Cassie, hoje Cassie Ventura, ex-namorada de Diddy. Ela é a vítima central nas acusações contra o rapper, sendo umas das primeiras em termos de popularidade a expor as atrocidades envolvendo o americano.
Cassie entrou com um processo judicial em 2023, após 10 anos de relacionamento com o artista, acusando Diddy de estupro, agressões físicas e tráfico humano. Inclusive, há vídeos onde o artista aparece apenas de toalha e espanca a cantora em um corredor de hotel. Outro episódio comentado pela cantora foi uma ameaça do ex-companheiro de explodir o carro do rapper Kid Cudi, com quem Cassie teve um breve romance. O carro de Kid explodiu dias depois.
Em fevereiro deste ano, Rodney “Lil Rod” Jones, antigo produtor e cinegrafista de Combs, entrou com uma ação judicial contra o rapper. Segundo Jones, Diddy o assediou sexualmente, drogou e ameaçou.
Outro nome que impulsionou a discussão foi a rapper Nicki Minaj, que após supostamente ser desconsiderada em uma negociação da plataforma Tidal, cobrou Jay-Z por não se pronunciar sobre o caso de Diddy, de quem é amigo de longa data. Ainda segundo a rapper, o contrato de venda da plataforma incluia uma cláusula que a proibia de comentar o caso.
Quem são os famosos citados nas notícias e discussões sobre o escândalo?
Com o caso ganhando uma proporção cada vez maior, imagens e vídeos de artistas que tiveram vínculos ao longo dos últimos anos com Diddy começaram a surgir, sendo relembradas pela imprensa internacional e por internautas.
Foram resgatadas fotos de diversas celebridades em uma das várias festas promovidas pelo rapper, as chamadas “white party”, como Leonardo Dicaprio, Ashton Kutcher e Paris Hilton – e não param de pipocar outras relações do rapper na indústria, assim como possíveis desdobramentos e teorias.
Citado anteriormente, a amizade de Diddy com Jay-Z tem sido constantemente colocada no centro das discussões por internautas, que teve até o nome de Rihanna envolvido na história. Sua ascensão assim que conheceu Jay-Z e a maneira que a barbadiana assinou seu primeiro contrato solo, após uma viagem desacompanhada da sua terra natal para os Estados Unidos, vem sendo apontado como um episódio de exploração disfarçada.
Quem também tem sido constantemente citado nas notícias e discussões sobre o caso é Justin Bieber. Bieber conheceu Diddy por meio de Usher em 2009, onde foi introduzido ao mundo do hip-hop com apenas 15 anos, chegando inclusive a frequentar festas na casa do rapper. A prisão do cantor reacendeu teorias de que Bieber pode ter sido vítima de abusos durante sua juventude.
Jennifer Lopez também é outro nome ligado ao escândalo envolvendo o rapper. Os dois mantiveram um relacionamento conturbado no final dos anos 1990, que culminou em um tiroteio durante uma festa em Nova York, em dezembro de 1999. No incidente, duas pessoas ficaram feridas e a polícia encontrou uma arma no carro de Diddy, que posteriormente foi acusado de subornar testemunhas.
Um dos destaques da última edição do Rock in Rio 2024, Mariah Carey também é mencionada por quem acompanha o escândalo. Carey foi casada, entre 1993 e 1998, com magnata da música americana e grande amigo do rapper, Tommy Motola. Após o divórcio, o que se fala é que Mariah sofreu um boicote por parte de gravadora por saber os podres do ex-marido com o colega.
E aqui até Michael Jackson entrou na história. Amigo de Mariah na época e que pertencia à gravadora de Motola, o rei do pop chamou o empresário de “demônio” durante um show. Na ocasião, ele ainda alegou que o empresário perseguia Carey.
As especulações ainda envolvem a intrigante música “She knows” (Ela sabe), do rapper J. Cole, lançada há 11 anos. A canção afirma que uma única mulher sabe todos os “podres” dos empresários. Na internet, usuários afirmam que essa mulher seria Mariah Carey ou Beyoncé, esposa de Jay-Z, pelo fato da palavra “knows” ter um som bem parecido com Knowles, o sobrenome da artista.
Sem embasamento factual, a letra ainda traria indícios de que os produtores teriam envolvimento nas mortes de Michael Jackson (2009), da rapper Left-Eye (2002) e da cantora Aaliyah (2001). Uma coincidência levantada é que os três artistas citados na música “She Knows” tiveram vínculos com Diddy e morreram no dia 25, apenas em meses e anos diferentes.
Escândalo vai virar documentário da Netflix
Após a explosão do caso, a Netflix anunciou na última quarta-feira (25), que irá produzir uma série documental sobre o assunto. O rapper 50 Cent está envolvido na produção da série, que será dirigida por Alexandria Stapleton. O material ainda não possui uma data prevista para estreia.
“Reafirmamos nosso compromisso de dar voz aos que não têm e de apresentar perspectivas autênticas e nuançadas. Embora as alegações sejam perturbadoras, pedimos que todos lembrem que a história de Sean Combs não representa a única narrativa do hip-hop e sua cultura. Nosso objetivo é assegurar que ações individuais não ofusquem as contribuições mais amplas dessa cultura”, afirmou a dupla em uma entrevista exclusiva à revista Variety.
Atualmente Diddy segue preso e aguardando julgando no Metropolitan Detention Center, no Brooklyn, em Nova York, mesmo lugar que está R.Kelly, também amigo do rapper, que cumpre uma pena 30 anos por extorsão e tráfico sexual infantil.
A defesa de Diddy solicitou o pagamento de uma fiança, mas o pedido foi prontamente negado. Segundo a imprensa internacional, caso seja julgado culpado por todas as acusações, o artista pode pegar prisão perpétua.