A fuga do POP – presente na contemporaneidade, o Rock n Roll que antes estava perdido em conceitos de música brasileira, o sexo, o amor, referências que infelizmente foram perdidas no tempo e a ascensão da estrela decadente: Rock N roll Sugar Darling, novo disco de Thiago Pethit, extrai de nós a rebeldia, a vontade de sair correndo sem destino, o tesão pelos solos de guitarra, a mensagem e a mais pura vontade de curtir um bom e ATUAL rock’ n’roll com batom nos lábios – daqueles bem vermelhos que marcam no cigarro, sabe?!
Apesar de receber títulos como ”candy rock”, ”sugar rock” e ”rock de batom”, Rock N Roll Sugar Darling traz uma rebeldia muito além das que nossos ouvidos nos proporcionam, algo explicito entre uma faixa e outra que executam crueldade, confissões sujas, rock acessível e bastante atitude. São 10 áudios-vídeos produzidos pelos produtores Adriano Cintra (ex- CSS) e Alexandre Kassin, e alguns convidados tais como Hélio Flanders (Vanguart) e o ator Joe Dallesandro – estrela de Andy Warhol.
A linguagem bilíngue, o convite quase que emergencial ”vem chupar meu rock n roll”, a segurança e a liberdade são pontos que caracterizam o disco e a nova posição de Pethit no cenário musical, que ainda nos traz como bônus e faz questão de afirmar que mira bastante nos 3 pilares artísticos de Bowie – som, imagem e comportamento – que está bastante presente nesse novo trabalho.
”Acredito que é hora de vestir a jaqueta de couro e botar o pé na porta. Eu ando precisando disso, de um pouco de rock’ n’roll. E creio que o mundo também.” – afirma em entrevista cedida pra nós, onde além de falar tudo o que o mundo precisa ouvir em termos de música e outras coisas, nos conta sobre as influências do disco, críticos, fãs, planos futuros e mais. Confiram:
1 – Thiago, seu disco é cheio de influências, tais como Iggy Pop, Radiohead, Strokes, Stooges, entre outros que nem sempre são conhecidos por seus fãs. Como você se sente em transmitir, de alguma forma, todas essas influências para os jovens que te ouvem?Acredito que a melhor coisa que um jovem que não conhece esses sons possa fazer, é descobri-los já. Acho muito importante que as novas gerações saibam de onde vem as ideias, as historias e sons que vieram antes dos seus artistas contemporâneos preferidos e que hoje podem transmitir as mensagens que eles mesmos se identificam. É importante construir conteúdo interno, ter referência, e saber que, por exemplo, a Lana Del Rey, gostando dela ou não, não inventou a cidade de Los Angeles e nem os vídeos em desertos e que o cinema noir foi um gênero dos anos 40 e ela apenas se utilizou dele. Afinal, antes disso houveram milhares filmes, bandas e artistas que exploraram os mesmos temas que eu e outras bandas hoje podemos explorar. O passado está ai pra gente aprender algo com ele. Não tenho nenhuma intenção de educar meu público sobre música, mas se é verdade que dizem que é impossível criar algo novo hoje em dia, nós temos é que descobrir então qual é a melhor referencia do passado. Afinal, é verdade também que tudo o que é bom, é eterno.2 – Sabemos que o Rock’n’Roll em toda sua essência (incluindo as vertentes) sempre estiveram presentes tanto em sua vida pessoal como na sua vida artística. Quando você percebeu e decidiu que gostaria e que era a hora de nos trazer um disco como este, que traz um rock diferente de tantos outros vistos atualmente, que buscam mostrar essa identidade mas que só alcançam o velho cliché de sempre?
Acho que o Rock’n’Roll em sua essência é de fato bem mais instigante do que o que tem sido feito ultimamente. Rock não é só barulheira e guitarras. Rock é uma mensagem, e que parece ter ficado esquecida lá atrás… E o que eu estou fazendo nem é tão novo pois é essa mensagem antiga que estou buscando para me atualizar agora. O mundo tem ficado tão careta e moralista. O Brasil pós-eleições, o povo na rua pedindo a volta da ditadura e essa banca retrograda de deputados como Feliciano e Bolsonaro são prova disso. Acredito que é hora de vestir a jaqueta de couro e botar o pé na porta. Eu ando precisando disso, de um pouco de rock’ n’roll. E creio que o mundo também.
3 – “Rock n’ Roll Sugar Darling” traz uma pegada provocativa e sexy em vários sentidos, certo? Pensando na misoginia, machismo, “no rock que não é feito pro homem heterossexual, da cerveja. (…) No rock afetado, safado, cretino” e tantos outros assuntos que são cargos super polêmicos em vários assuntos extremos atualmente, como você acha que seus fãs e críticos recebem essas “atitudes” presentes nesse novo disco, e que não foram vistas em seus discos anteriores?Não sei. Não me importo muito em como vão receber. Me importa mais é que recebam. O importante é não criar conforto, nem pra mim e nem para meu público ou críticos. Rock’n’Roll é a linguagem estética menos confortável do mundo. E essa é a idéia e o importante é causar reações no público que me conhece e no que ainda vai me conhecer. Seja tesão, seja repulsa, seja ódio ou amor.4 – Ainda sobre influências: seu disco foi comparado ao Bowie pelo motivo de mudar bastante sua roupagem, ser como um camaleão. Era sua intenção, de alguma forma, trazer isso pra nós e de forma que ficasse explicito numa primeira ouvida?Eu gosto muito do Bowie. Ele é um dos meus maiores ídolos. Não tinha essa intenção em nenhum momento, mas acho legal que isso apareça numa primeira escuta. No fundo, guardadas as devidas proporções acho que eu aprendi muito com o Bowie em outros sentidos: além de camaleão, ele sempre foi um construtor genial de 3 pilares artísticos que constituem a persona dele: som, imagem e comportamento. E eu miro bastante nisso. Acho isso mais forte na minha semelhança com o que há de Bowiesco do que o camaleonismo em si.
5 – Tendo em vista os passos que você trilhou e vem trilhando, as mudanças que você nos mostrou entre um disco e outro, e todas essas e outras características que pudemos e temos notado, você acha que pode ser considerado a “a nova voz da rebeldia” no quesito música?
Olha, seria uma honra ter esse ‘apelido’. Mas acho que existem muitos rebeldes por ai, basta olhar com atenção.6 – Você disse ao Catraca Livre que “esse disco é a ascensão da estrela decadente. Não posso mais ficar me lamentando como um fracassado”. Você sente que a estrela decadente se (re)ergueu com sucesso? E mais ainda, você acha que junto a ela “levantou” um rock n roll que estava considerado morto?
O Estrela Decadente era um disco que olhava pra mim mesmo no mercado artístico e celebrava o meu fracasso, a liberdade que eu tinha conquistado pelo não sucesso comercial. Esse disco olha para a mesma coisa, mas dessa vez celebra o sucesso de me manter podendo fazer um terceiro disco, as minhas custas, com os melhores produtores do mercado, com a arte mais bonita, com capricho e dedicação. Tudo sozinho. É a esse sucesso que eu me refiro. O rock veio bem a calhar com esta nova fase e com esse olhar.7 – Em “Romeo” você foge e nos mostra que amar está muito além do casal apaixonado que quer casar e ter filhos, e é possível notar que atualmente a maioria das pessoas pensam assim também. Você acha que o amor real trata-se de um amor bandido?Não sei se o ‘amor bandido’ é real. Mas acredito que amar não é uma coisa simples. Não é fácil e está bem longe de um conto de fadas. Assumir que se relacionar é uma dor também, é mais saudável do que viver de mentiras e hipocrisia.
8 – Como crítico de sua própria obra, como você avalia esse disco? Você acha que faltou algo ou que você atingiu sua máxima em cada composição e aspectos?Ele está como eu gostaria que estivesse. Ou pelo menos, o mais próximo das minhas expectativas. Eu tenho expectativas muito altas e sou muito perfeccionista, então fica difícil eu afirmar que ele é perfeito. Mas eu sou todo feito de imperfeições também e elas estão orgulhosamente expostas no disco.9 – Thiago, quais são seus planos pra esse disco? Podemos esperar por mais clipes e uma turnê pelo Brasil todo?Podem esperar uma turnê longa e extensa pelo Brasil, a partir de janeiro. E sim, muitos videoclipes ainda!10- Pra terminar, como você se definiria em sua fase atual?
A Down To Earth Rock’n’Roll Superstar.