in

Entrevista: Nochica comenta lançamento de “O Que Não Te Contaram Sobre as Ruas”

Rapper adintou que seu próximo projeto já está pronto

Entrevista Nochica
Foto: Divulgação/Créd.:ELIAS MAST

No início deste mês, o rapper Nochica lançou seu álbum de estreia, “O Que Não Te Contaram Sobre As Ruas“, um trabalho que reflete a realidade das periferias cariocas por meio de rimas autênticas e instrumentais envolventes. Após três anos de intenso trabalho, o disco oferece um verdadeiro “manual de sobrevivência urbana” que conecta o público às vivências e desafios de quem cresceu em ambientes marcados pelo crime e pela violência.

Em entrevista ao Tracklist, o rapper destacou o impacto transformador do processo criativo em sua visão de mundo e arte. “O Rio de Janeiro me moldou desde o primeiro momento que botei o pé nas ruas”, afirmou. A obra transita entre conselhos, narrativas e reflexões, marcando um momento crucial em sua carreira. Confira!

Em entrevista, rapper Nochica fala sobre lançamento de primeiro álbum

“O Que Não Te Contaram Sobre As Ruas” parece transmitir uma visão muito específica das periferias cariocas. O que o inspirou a construir esse “manual de sobrevivência urbana”? Você acredita que atualmente faltam representações autênticas dessa realidade na música?

De fato o álbum é uma visão sobre as periferias, as ruas e tudo que acontece ali. O que me inspirou e segue me inspirando é a minha vida e tudo que acontece nela, as coisas que vivo, as coisas que vejo; busco sempre ser 100% real e transparente na minha arte. Não acho que faltem representantes sobre esse assunto, mas acabo passando as ideias de um jeito diferente devido ao meu estilo, jeito que rimo e autenticidade.

Você mencionou que trabalhou três anos neste álbum. Quais foram os maiores desafios e aprendizados ao longo desse tempo?

Foram 3 anos trabalhando nesse álbum e o maior desafio para mim foi chegar em uma conclusão, terminar o álbum de um jeito que me agrade por completo. Nunca vou fazer um projeto de qualquer jeito, meu álbum teve toda dedicação necessária. Sou muito perfeccionista, então, chegar a uma conclusão e finalizar o álbum foi complicado, porque eu sempre achava que poderia fazer melhor.

Quais são as histórias mais impactantes ou as mais difíceis de contar que você gostaria de compartilhar, mas talvez tenha ficado de fora do álbum? Como o Rio de Janeiro te moldou não apenas musicalmente, mas como pessoa?

Literalmente teve muita coisa que ficou de fora do álbum, afinal quando se trata sobre “O que Não te Contaram Sobre as Ruas” existe muita coisa que a gente não sabe, infinitas possibilidades ruins e boas. Uma dessas histórias é de amigos que já perdi para o crime, para as drogas. Posso dizer que o Rio de Janeiro me moldou desde o primeiro momento em que botei meus pés nas ruas, a realidade não é a mesma que você vê na televisão, é bem pior… esse choque de realidade vai moldando nosso caráter.

No encerramento do álbum, você reflete sobre como essa obra te moldou. Como o processo de criação desse disco impactou sua visão sobre sua própria trajetória e a mensagem que deseja passar?

Para mim, há um tempo, foi mais difícil falar sobre algumas coisas que eu disse no álbum, coisas e pessoas… nas músicas venho narrando os contextos e histórias, várias delas são minhas, mas eu preferi apresentar elas como uma narrativa, eu narrando. Vejo e entendo que o tipo de música que faço hoje em dia (underground) é literalmente por conta da vida que tenho, as coisas que faço, vivo, vejo e ouço… sou o reflexo da minha arte e tudo que envolve ela.

Você começou sua trajetória no hip-hop pelo Breaking. Como essa base influenciou sua construção como rapper e seu estilo de rimar e se expressar?

Conheci o rap através do break dance, eu era novinho, mas me amarrava em ouvir e dançar nas músicas do Wu-Tang Clan, Mobb Deep, Notorious… ou seja, som underground! Como eu disse, tudo que a gente faz e vive influencia no que a gente é. Hoje sou um rapper underground muito por causa do que eu ouvia e vivia. Amo o break até hoje! Acompanho todos os eventos sempre que possível, uma paixão que carregarei comigo para sempre.

Agora que o seu primeiro álbum está lançado, quais são os próximos passos na sua carreira? Você já tem planos para novos projetos ou colaborações para o futuro próximo?

Quero trabalhar bastante a divulgação e imagem do meu álbum, quero fazer com que a minha arte e as minhas ideias chegue em outras pessoas, sei que elas vão se identificar… tenho alguns projetos prontos já, mas quero dar tempo ao tempo e deixar o álbum fluir ao máximo, logo em seguida álbum de Boombap.

Leia também: Entrevista: Lvcas, do ‘Inutilismo’, fala sobre álbum autoral e mais