Nesta quinta-feira (31), Majur apresentou seu novo single, intitulado “Tudo Maré”! Além da faixa, a artista compartilhou um videoclipe inédito, gravado no Vidigal, na cidade do Rio de Janeiro.
Assinado por Marina Zabenzi, o registro audiovisual fortalece a mensagem do novo trabalho – que fala sobre a dualidade entre o amor e dor; a necessidade de renovação e a certeza de que tudo é passageiro. Confira:
Em entrevista recente ao Tracklist, a artista destrinchou sua nova faixa e falou sobre seu atual momento na carreira e vida pessoal. Confira os destaques abaixo!
Entrevista: Majur fala sobre seu novo single, “Tudo Maré”
O novo single de Majur chega após um momento de grandes mudanças em sua vida pessoal, incluindo o fim de um casamento. A cantora e compositora disse, portanto, que o lançamento serviu como uma forma de expressar esta fase.
“Eu entendo o quanto era importante para mim fazer esse lançamento, mas o quanto era importante falar disso, também”, afirmou. “Porque eu estava tentando negar uma parte de mim mesma para os meus fãs – por uma questão de escolha, mesmo. Eu queria ser discreta no final do meu relacionamento, não queria dizer como eu estava me sentindo de fato. Eu só queria que passasse. Só que isso não acontece. A minha forma de expressão é a minha arte; a música é minha forma de expressão, do meu corpo, das minhas ideias, de como eu vejo o mundo. E isso se transcreve para as letras e para as músicas que eu lanço. Não tem como pular uma fase”.
Ela revelou, também, que passou por um processo até conseguir se expressar publicamente sobre o assunto. “[Meus fãs] me perguntavam como eu estava no período, mas eu não respondia, ou respondia de alguma forma diferente; escapulia do assunto. Mas, na verdade, eu vivia o momento como todas as pessoas – o luto de um relacionamento”.
Segundo a artista, este período de luto ocorre pelo fim das expectativas que gerou durante todo o relacionamento. “De repente, você se enxerga não vivendo mais o que você estava esperando, e aí tudo desanda e termina. E acho que eu nunca tinha vivido isso. Foi a primeira vez, meu primeiro relacionamento – de namorado, de casamento, de tudo […] Mas, gente, o final é terrível. A gente acha que é o fim. Porque você criou tanta coisa, durante tanto tempo e aí, de repente, você se vê sem nada daquilo que criou. É absurdamente um terror. E eu acho que para os dois lados, assim. Não tiro o lado dele, também, que deve ter sentido bastante”.
A mensagem por trás da faixa
Dado o contexto que envolve a canção, Majur revelou o significado da letra: “A música fala sobre como a gente deve passar por esses momentos. Não especificamente o momento de um término, mas a dor que faz parte das pessoas, e de diversas formas. A dor vem em perdas, não só de namoro, mas de familiares, de amigos; tem a dor de muitas outras coisas, de expectativas, de desejos, de objetivos não realizados… Sempre tem muita gente sentindo dor, e talvez não saibam como lidar com isso. E eu quero ensinar uma forma de lidar com ela”.
De acordo com ela, a terapia foi essencial para traçar este caminho. “Quando eu cheguei nisso, eu comecei a observar por fora tudo o que estava acontecendo. Então eu senti e percebi que o amor e a dor são amigos. É como se fossem complementares. Na ausência do amor, há dor. Na ausência da dor, o amor. Eles sempre estão ali – ou um, ou o outro. E a gente vive os dois, são momentos. Podem ser horas, podem ser minutos, podem ser dias, meses, anos. Eles têm um tempo, também, que fazem parte de como a gente escolhe viver”, compartilhou.
Ela prosseguiu: “Eu, Majur, sigo amando a mim mesma e amando amar. Eu amo amar o outro. Eu amo trocar afeto. Então, para mim, não está destruído de forma nenhuma. Para mim, foi um aprendizado. Porque tudo passa, inclusive a dor. Quando a gente passa pela dor, é o momento de se observar o que é o aprendizado. E agora eu me sinto completamente madura. [Sei] o que eu mereço, o que eu quero, e eu vou falar isso para os meus fãs: que eles não se sintam sozinhos de forma nenhuma, porque vai passar. É ‘Tudo Maré’”!
Produção da música e videoclipe
Para cumprir a mensagem, Majur teve algumas escolhas artísticas. A sonoridade da canção, por exemplo, não veio por acaso: “Por que escolhi a bossa nova, por que escolhi uma orquestra? Porque estou falando sobre um sentimento que atravessa, é uma dor. E eu preciso fazer as pessoas sentirem essa dor, também”, disse.
“Então é [preciso] rebuscar sons que levem as pessoas que estão ouvindo a sentir aquilo. Ou, por exemplo, a orquestra sobe e tem um piano, que toca crescendo – para que você consiga ressurgir daquela dor que outrora estava falando. E, quando chega o final, o refrão já vem com uma alegria de crescer de fato. Porque você vai viver tudo de novo”.
Toda essa ideia é arrematada por um poderoso videoclipe que, segundo a artista, é o produto de uma nova paixão – o cinema. Majur participou, recentemente, das gravações da série “5X Comédia”, na Amazon Prime Video. Na produção, ela interpreta a personagem Imperatriz; e contracena com nomes como Fabiana Karla.
Ela disse: “Foi uma experiência incrível para mim. Eu tinha estudado teatro, mas nunca fui me aprofundei. E, de repente, me foi proposta uma personagem; e eu comecei a estudar, fazer a preparação, etc. Até que estive pronta. E eu amei, achei extremamente visceral, além de ser complexo, porque você está vivendo uma personagem, mas você também acessa as emoções”.
O aprendizado é, assim, colocado na sua nova produção audiovisual. “No clipe, eu precisava passar para as pessoas o que estava sentindo de fato. E ele vai falar sobre como é isso, só que de forma mais sentimental. Vou fazer as pessoas viajarem desde a dor até o amor. Eu vou fazer elas lembrarem do que é a dor e o porquê delas estarem a sentindo; mas também vou fazer, na mesma canção, elas entenderem que aquilo vai passar, e que você precisa dar tempo ao tempo. No final da música, você perceber que está tudo certo, e que a vida é assim mesmo. Vai dar tudo certo de novo”.
Majur comenta o que vem depois de “Tudo Maré”
Além das novidades musicais, Majur vem passando por um grande momento nos palcos, incluindo apresentações no Rock in Rio 2024. Sobre a experiência, ela comentou: “Eu não imaginava que isso aconteceria agora. Eu de fato imaginava que seria, talvez, depois de muitos álbuns, enfim. Palco Mundo, gente! Mas, desde que eu comecei a propor a minha arte para o mundo, a ser disruptiva, eu percebi que isso foi se tornando algo mundial”.
Como exemplo, ela citou seus ensaios para capas de revistas. “Eu nunca tinha visto uma pessoa trans na capa de uma revista Vogue. Aí, eu começo a trabalhar com marcas internacionais; e é quando começa a relação de música com política, que é o meu corpo – e eu não estou falando sobre política, mas o meu corpo é político. E as marcas querem acessar essa política, falar sobre isso na sociedade; e eu me alio. E eu percebo que essa arte se transforma, de fato, em algo internacional”.
Ela continuou: “É engraçado que meses antes [do Rock in Rio] eu estava na Dinamarca, com primeiro show no Festival Roskilde. Eu pensava: ‘Que loucura que está acontecendo’. Foi assim: ‘Gata, é o seu momento. Agora você vai!’ E de fato tem sido o meu momento desde então. Eu pude ser eu em cima do palco”.
Segundo Majur, sua apresentação no Rock in Rio funcionou como uma prévia de seus próximos shows – e de seu próximo álbum. “Tudo Maré” é, portanto, o primeiro gostinho de um projeto completo.
“Tem algumas coisas que também vão acontecer antes, para esquentar as pessoas para o álbum. Eu não posso contar! Mas o que eu tenho a dizer é que o álbum de axé está, de fato, vindo. Eu só precisava de um momento para que eu pudesse me despedir das coisas que aconteceram, para me sentir completamente eu mesma, sabe? Dentro do meu espaço de tempo. Para, então, entregar para os meus fãs o álbum de axé, que é o álbum mais aguardado desde o último álbum – o ‘ARRISCA’”.
Ela antecipou, ainda, um pouco do que os fãs podem esperar nesta nova era “Eu sempre fui muito lúdica, empregando visuais e coisas no palco; e eu que, talvez, eu esteja mais minimalista em algumas coisas. Porém, eu ainda vou permanecer com o afropop, que é algo que vai seguir comigo”.
“Eu sinto que, dentro da nova geração, eu posso defender esse estilo musical como o que me representa, sabe? Desde Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Margareth Menezes – e agora Majur. De fato, é algo que eu quero levar. Então eu estou falando de algo mais minimalista, de ancestralidade, estou falando de aprofundamento… é isso. Não posso falar mais” [risos].
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