Ela vai matar Odete Roitman! Nesta segunda-feira (14), Manuela Dias, autora responsável pelo aguardado remake de “Vale Tudo” (1988), que estreia no primeiro semestre do próximo ano, revelou à Folha de São Paulo que sua versão do folhetim trará mudanças significativas na trama original. Confira os principais destaques!
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“Vale Tudo”: o que esperar o remake, segundo Manuela Dias
O clássico Vale Tudo (1988), um marco da teledramaturgia brasileira, está prestes a ganhar uma nova versão, com estreia prevista para 2025. A autora Manuela Dias, conhecida por seus trabalhos em “Justiça” (2015) e “Amor de Mãe” (2019), foi a escolhida para reescrever o clássico que imergiu o país no famoso mistério “Quem matou Odete Roitman?’
Ao longo da entrevista, Manuela revelou que a nova roupagem ganhará 174 capítulos, 32 a menos do que a novela original, e explicou: “Muita coisa mudou. Temos a sensação de que a agenda social não avança, mas avançou muito. Alcoolismo não era considerado doença, então Heleninha Roitman era vista como uma pinguça que bebia porque tinha vontade. O machismo era ainda pior, então todos os personagens homens batiam ou ameaçavam bater nas mulheres. O original tinha dois personagens interpretados por negros —um ladrão e uma funcionária doméstica. E não tinha internet. Hoje, qualquer problema é mais rápido de resolver, e isso impacta o tamanho da narrativa”.
Questionada se manteria Odete Roitman com suas falas politicamente incorretas, a autora pontuou: “Odete seguirá sendo uma vilã, mas sua vilania está muito ligada ao momento. ‘Vale Tudo’ foi a novela da volta da democracia, e naquele momento falar mal do Brasil, ou poder falar mal, era resistência, era revolucionário, era novo. Hoje não é mais. A gente está saturado disso. O novo é encontrar maneiras de transformação. Odete não aponta caminhos, mas será diferente”.
Sobre outros personagens que apresentarão mudanças na trama, ela revelou: “Poderia ficar o dia inteiro contando, mas destacaria que, vivendo um colapso climático que a gente não vivia naquela época, entendemos de maneira diferente os voos particulares, tão presentes na história, então Afonso vai ser uma pessoa ligada à governança ambiental. Ele tem uma opinião contrária a esses voos. Outra mudança é que a geração da Fátima não lida bem com a desigualdade. Os excluídos se organizaram e querem ser felizes. A geração dela começa a trabalhar num momento em que o capitalismo está em xeque”.
Quanto às expectativas dos telespectadores – muitos os quais acreditam que a trama é impossível de ser refeita – Manuela defende: “É uma história brilhante, e histórias brilhantes merecem ser recontadas. É legal essa mobilização em torno da novela, mas quem quer ver Beatriz Segall como Odete pode ver no Globoplay. Não faria sentido mimetizar o original, porque ele pode ser revisto. Esse debate dá medo, mas é a prova de que as novelas não estão acabando”.