Se o ditado popular diz que o pão é o alimento mais básico do mundo, o duo Sofi Tukker decidiu levar essa afirmação a outro nível. Nesta sexta-feira (23), com o lançamento de seu novo álbum, “BREAD“, Sophie Hawley-Weld e Tucker Halpern estão prontos para alimentar as pistas de dança ao redor do planeta com faixas energéticas que prometem ser tão essenciais quanto aquele pão quentinho de todas as manhãs. E se o pão une as pessoas, a música da dupla busca fazer o mesmo — criando uma conexão única que atravessa fronteiras e culturas.
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Em recente entrevista ao Tracklist, o duo revelou que o título do álbum, um acrônimo para “Be Really Energetic and Dance” — seja muito enérgico e dance, em tradução livre —, surgiu de uma combinação entre o amor por pão e a ideia de criar uma música que energize e una as pessoas. O duo, que já realizou shows em diversas partes do mundo, falou ainda que, apesar das influências globais, é o Brasil que permanece como uma das maiores fontes de inspiração para suas composições. Confira!
Em entrevista, Sofi Tukker fala sobre “BREAD” e relação com o Brasil
Tracklist:Olá, pessoal! É um prazer estar nessa conversa com vocês! Sofi, sabemos que você é fluente em português. Como você gostaria que fizéssemos a entrevista: toda em português ou mesclando? Vou deixar a seu critério.
Sofi: Então vamos! [risos]
Sobre o novo álbum, que vai ao ar em agosto, ‘BREAD’ é um acrônimo para Be Really Energetic and Dance’. Como surgiu essa ideia?
Sofi: A gente ama pão, na verdade. A gente fez uma música que se chama “Bread” e amou. Então, quando a gente tava falando sobre o título do álbum, não sei, a gente sempre sorri quando você ouve esse título. Desculpa, eu tô pensando em inglês [risos]. Também porque o pão, ele te dá energia pura. E também todo mundo sempre junta com o pão nas culturas do mundo. E a gente quer que a música nossa faça a mesma coisa.
Vocês gravaram o álbum em várias partes do mundo, especialmente no Brasil, que vocês consideram um membro da banda. Como essa conexão com o país começou?
Sofi: Começou com a música, porque eu ouvi muita coisa nova e eu amei a maneira que o João Gilberto cantou. Tão suave, com essa sutileza. E depois aprendi a língua na faculdade. Eu fiz um intercâmbio na PUC-Rio e morei no Rio por um tempo e depois disso eu, na verdade, eu estava com muita saudade. Então, eu escrevi letras em português. Para minha saudade, eu comecei a trabalhar com um poeta que se chama Chacal. Então, quando encontrei o Tukker, a gente começou a trabalhar, mas eu trouxe essa influência brasileira comigo.
Além do João Gilberto, tem algum outro artista brasileiro que vocês dois admirem?
Sofi: Muitos! Na verdade, a gente encontrou a Anitta esse ano e ela foi tão carinhosa e tão fofa com a gente. A gente também viu o show dela. Realmente impressionante. Em que ela dança, em que ela faz tudo no palco por horas. Tem uma energia que… não sei, eu tô… ainda… é impressionante mesmo.
Saindo do Brasil, poderiam nos contar por onde mais o CD passou e como cada país influenciou no som e na produção de “BREAD”?
Sofi: Na verdade, eu acho que o Brasil é o país maior para a gente, mas viajamos para a Europa, para o mundo… É difícil dizer que um país realmente influenciou alguma coisa porque é uma mistura total e todo mundo que a gente conhece também. Algumas pessoas, eles vêm de, não sei, Grécia? Grécia. Por exemplo, nasceu na Alemanha e agora mora em Londres, não sei. Então, é difícil dizer qual país tem essa influência porque o mundo agora é uma mistura total.
A capa do álbum foi fotografada no Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro. O que motivou essa escolha?
Sofi: Então, foi muito importante para a gente que o álbum que… Não sei como dizer, mas que representasse o Brasil, porque a música tem o som do Brasil, então foi muito importante que a gente fizesse a capa do álbum também no Brasil. E, na verdade, no início a ideia foi para gravar no Parque Lage, porque esse lugar sempre me impressionou muito. Mas quando fizemos pesquisa, o Palácio das Laranjeiras foi perfeito. Sim, a gente também queria muito que as dançarinas fossem brasileiras, que o movimento também tivesse essa brasilidade no vídeo. E a coreografia também foi uma menina que se chama Bruxa Cósmica. Ela é incrível e me ensinou como jogar a bunda. Dançar o funk.
No disco temos presente ‘Hey Homie, uma canção que apesar de não ter sido escrita para representar a amizade de vocês – até porque fala sobre amores em geral – vocês gravaram o videoclipe como uma homenagem para essa parceria que vocês têm. Como foi o processo criativo para essa produção? O que mais vocês gostariam de compartilhar com os fãs sobre o conceito e produção do videoclipe?
Sofi: Então, o conceito é que amor pode ser muito profundo sem ser romântico. E essa foi a ideia da música e também a ideia do vídeo, porque no início a música não foi sobre a gente mesmo, mas quando a gente pensou muito sobre a música e o vídeo, pensamos, ah, então funciona muito bem com o nosso relacionamento.
Vocês são uma dupla. E, de certo, cada um tem suas próprias influências musicais. Como vocês equilibram essas diferentes influências e tomam decisões em caso de divergências criativas?
Tukker: Acho que é um dos nossos maiores trunfos, porque acabamos sendo as maiores influências um do outro. As influências da Sofi são muito diferentes das minhas. As dela vêm, sabe, de raízes clássicas da Bossa Nova brasileira, muitas vezes. As minhas vêm de house, techno, drum and bass, esse tipo de coisa. E quando nos encontramos no meio, é como se todas essas influências encontrassem um lugar. E acho que, se houvesse apenas um cérebro, você não conseguiria colocar tantas influências assim em uma música ou ideia. Então, acho que, para nós, tentamos tratar isso como um trunfo. E para as coisas que eu não gosto que ela faz ou as coisas que ela não gosta que eu faço, sabe, nem todas funcionam necessariamente. Não conseguimos fazer com que todas funcionem pessoalmente ou perfeitamente. Mas, sabe, quando conseguimos, é muito bom e é algo único e diferente.
Olhando para o passado, como vocês avaliam o crescimento da dupla desde o lançamento de ‘Soft Animals‘ até aqui?
Tukker: Definitivamente evoluímos. Acho que nós, como pessoas, nossa relação, estávamos apenas tentando descobrir como fazer música. Quando fizemos Soft Animals, estávamos literalmente aprendendo como fazer, como usar e, tipo, como escrever músicas. E a Sophie literalmente tinha acabado de pegar uma guitarra elétrica. Ela só tinha tocado violão antes desse álbum ou desse EP, e foi realmente uma experimentação. E agora sinto que, ao longo de nove, sabe, nove anos ou algo assim, aprendemos muito sobre o que queremos dizer, o que queremos lançar no mundo, sabe, como queremos contribuir para a vida das pessoas e que tipo de arte queremos apoiar e nos orgulhar. E acho que todas essas coisas, no início, não pensávamos em tudo isso. Estávamos apenas tentando criar algo, sabe? E agora todas essas coisas entram em jogo um pouco mais. E, sabe, às vezes a simplicidade de não pensar em nada é uma coisa ótima, então nunca se sabe. Sim, sempre olhamos para Soft Animals e conversamos sobre isso e amamos, e na verdade estamos fazendo música agora no estúdio que se sente muito como aquela era para nós, e estamos apenas criando sem pressão, sem prazos ou expectativas. E é realmente divertido. Sabe, todos os diferentes momentos de evolução para nós têm sido uma parte legal da jornada.
Vocês entram em turnê agora, neste sábado, 27 de julho, e esta será a maior da carreira de vocês até o momento. O que os fãs podem esperar dos shows?
Sofi: Bem, fizemos uma pausa dos shows ao vivo por, tipo, dois anos, quase, então será muito legal voltar aos shows ao vivo. E, sabe, temos projetado uma nova produção e visuais e, claro, novas músicas que estamos muito animados para tocar porque amamos essas músicas. E, sim, quero dizer, ainda é a nossa energia, nossa vibe, sabe, acho que as pessoas já têm uma ideia do que esperar de um show da Sofi Tukker ou de um set de DJ em um clube neste ponto, que é basicamente: boas vibrações, pessoas legais, se vestir coloridamente e ter a melhor noite de suas vidas.
Após a turnê, quais são as metas de longo prazo para Sofi Tukker, tanto como artistas quanto como indivíduos?
Tukker: Acho que o principal, bem, são algumas coisas. Uma, queremos continuar crescendo e evoluindo desde que começamos, e isso realmente mantém tudo fresco e novo, e sempre temos novos objetivos. E, sabe, acho que somos muito motivados e queremos continuar crescendo. Mas o principal, acho que sempre queremos manter a empolgação e o amor pelo que fazemos vivos e conosco o tempo todo e nunca ficar meio que cínicos e ingratos por um trabalho e uma vida tão legais que temos a sorte de ter.