Weslley Costa, mais conhecido como WC no Beat, é produtor capixaba, beatmaker e pioneiro do gênero trap funk. Além de produzir faixas no hip hop e no funk individualmente, descobriu em 2017 para 2018, que uma mistura de dois gêneros seria um sucesso, quando lançou seu primeiro disco, “18K”.
O músico já produziu diversos artistas e, recentemente, lançou o single “Vivências de Artista”, uma parceria com MC MENOR HR e DJ ESCOBAR. Em entrevista ao Tracklist, WC no Beat explica como a música é seu retorno ao funk, comenta um pouco sobre seu processo criativo, novos projetos e mais.
Entrevista: WC no Beat
Tracklist: O que você pode falar sobre seu single mais recente, “Vivências de Artista”? Como foi a produção da música e suas colaborações?
WC no Beat: Esse single específico é a minha volta para o funk. Eu nasci no funk e, com o tempo, aprendizado e carreira, fui para o lado do rap, criei meus primeiros discos de trap funk e tal, mas eu nasci no funk. Meu primeiro contato mesmo de produção musical foi com o gênero. Só que, com o passar do tempo, fui arriscando para outros lados, até chegar no momento de, hoje, eu olhar e falar que tenho que voltar para as minhas raízes. Por mais que o funk hoje esteja muito diferente, eu tenho que voltar para onde o WC nasceu.
Esse single é meio que isso, a volta do WC no Beat para o funk de fato. A galera de Belo Horizonte está vindo com tudo, e me convidaram para trabalhar junto. Gosto de fazer minha conexão com os artistas que admiro presencialmente. Não sou aquele cara que fica mandando beats e produções pela internet ou e-mail. A galera estava no Rio, MC MENOR HR e DJ ESCOBAR me ligaram e me convidaram para uma sessão de estúdio. Aceitei na hora.
Essa música foi feita por todos no estúdio, e criamos em pouco tempo. A gente já tinha esquematizado algumas coisas antes, ficamos ouvindo coisas que poderíamos usar… essa tendência de agora do funk estar remetendo a coisas antigas, voltando muito às batidas antigas. Decidimos colocar isso também dentro da nossa produção, que é o sample [do filme] “Kill Bill”, que já foi muito usado no funk.
E foi questão de pouco tempo para lançar a música também. Funk tem muito disso: muito se faz, muito se lança. Eu estou nessa onda total agora, gravando a galera só do funk, lançando coisas só de funk. Espero voltar neste semestre agora com esse lado funk, porque eu prometi para mim mesmo que este seria o meu ano de criatividade, de sair da minha zona de conforto que eu mesmo criei – que é o trap funk.
Eu comecei a me arriscar mais, não só no funk. Eu tenho feito outras coisas, totalmente diferentes do que eu estive fazendo nesses anos anteriores, desde 2018. Essa música é o princípio disso tudo, desse lado criativo do WC no Beat. Vocês vão ver muitas músicas, com muito feat legal.
Acredita que, estando nesse novo momento, serão somente singles ou irá lançar um novo álbum?
Eu vou lançar um novo álbum totalmente voltado ao drill funk. Meu trabalho de produtor musical lançando pelo WC no Beat vai continuar, mas paralelo a isso estarei com todos os meus projetos que eu já vou lançar, as músicas e clipes que tenho em mente. Do WC no Beat sempre vai ter novidades, mas não só isso. O WC vai estar inserido em todos os outros âmbitos de vários outros artistas.
Eu falo em terceira pessoa porque o WC no Beat é um produtor musical que não se limita, é criativo, foge da caixa. Hoje em dia, se você ouvir um pouco da música urbana, fora do funk, está um pouco mais saturado, sabe? E eu tenho ideias, sou bom nas minhas ideias, acredito que eu somando em outros estilos também vai vir muita coisa boa.
Vai ter WC no Beat no funk, no rap, no drill, samba, sertanejo, estou até me envolvendo no pagode. Quero provar para mim mesmo, não para ninguém, que eu vim do funk e do rap, mas eu sou universal, eu sou um produtor musical que pode fazer qualquer coisa.
Nesse sentido, qual você acredita que é o maior desafio em misturar tantos gêneros musicais?
É ver todo mundo na sala balançar a cabeça quando a música estiver tocando, esse é o maior desafio. Você fazer um som, uma música misturando todos os elementos que você vem adquirindo com o tempo, e fazer com que as pessoas balancem a cabeça e entendam desde a primeira palavra dita até a última.
Fazer música normal eu já sei fazer. Hoje, você pega uma música ali no YouTube e já consegue replicar, mas não é só isso. Cadê sua criatividade? Não é só pegar um monte de material sonoro e misturar, sabe? É colocar sua criatividade naquilo e ficar bom. É algo que eu tenho martelado na minha mente o tempo inteiro.
Eu escuto muita coisa, diversos estilos e músicas diferentes, tenho um estudo diário de música. Tento replicar isso para dentro das minhas produções com a minha criatividade, e fazer isso já é difícil. Então, fazer isso e conseguir com que todas as pessoas da sala balancem a cabeça junto curtindo a música, é aí onde eu quero chegar.
Interessante. Você teria uma dica para quem está começando nesse ramo musical?
Estudem antes que o YouTube morra. Eu sou filho do YouTube, tudo o que eu sei hoje em dia vem de lá. Tudo o que eu aprendi foi vendo vídeo e replicando, até chegar o momento de eu chegar e encontrar minha própria linguagem. Acredito que tem que estudar muito. Ainda mais na área da música, se você tem o conhecimento, você se destaca muito, em pouco tempo. Então estudem.
Você comentou sobre estar indo para outro estilo. De que forma isso molda suas apresentações? Muda alguma coisa?
O lado produtor musical do WC no Beat é um pouco diferente do lado DJ que se apresenta. O lado produtor lança músicas, já o lado DJ toca as músicas que estão na boca do povo. Mas, tudo o que eu faço como produtor musical é totalmente diferente do meu lado DJ que a galera vê se apresentando nos shows. O DJ é uma coisa que você precisa fazer as pessoas curtirem. Você tem que estar atento ao que está acontecendo na pista, qual é o evento, quais as músicas…
O produtor não. O produtor tem a liberdade de produzir o que você quiser e o público só vai ver quando você lançar, e só vai estourar quando o público ouvir. Eu gosto de diferenciar porque você não fica se preocupando muito no momento de levar as músicas para as apresentações. Lógico, você faz músicas pensando nisso, mas não são todas.
Então a apresentação se baseia também na questão da repercussão depois do lançamento de um single?
Eu nem penso mais nisso. Parei de colocar expectativa em música. Porque, no final das contas, a gente nunca sabe quando vai fazer barulho, sabe? O público que decide. A gente só faz música.